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Tráfico no Rio

Assassinato de jornalista deflagrou caça ao traficante

da Folha Online

Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, acusado de assassinar o jornalista Tim Lopes, da TV GLobo, era um dos criminosos mais procurados do Rio. Integrante do Comando Vermelho (CV), ele controla o tráfico de drogas em diversos morros, entre eles, no Complexo do Alemão.

O traficante era gerente de Flávio Negão, de Vigário Geral. Com a morte deste, em 1995, assumiu a liderança na favela. Tornou-se homem de confiança de Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, do Complexo do Alemão. Com a prisão de VP, passou a gerenciar o tráfico.
Ele comanda também quadrilhas de outras favelas, como Jacarezinho (zona norte) e Pavão-Pavãozinho-Cantagalo (zona sul). Segundo a polícia, além de controlar o tráfico de drogas, Elias Maluco estendeu sua atuação para a distribuição de armas _acumula mandados de prisão e processos por tráfico, homicídio e seqüestro.

Já esteve preso sob acusação de seqüestro, mas foi solto porque, depois de quatro anos, não havia sentença no processo. Ele foi preso em 1996 pela DAS (Divisão Anti-Sequestro). Em julho de 2000, conseguiu o habeas corpus que garantiu sua liberdade. Estava foragido desde então.

A corregedoria da polícia do Rio investiga se o traficante subornou policiais para não ser detido e se recebeu cobertura para que não fosse localizado. Após o assassinato do jornalista, ele teria ficado escondido em um morro de São Gonçalo.

Desde a morte de Tim Lopes, diversas operações policiais foram realizadas, sem sucesso, na tentativa de localizar Elias Maluco. O governo do Rio oferecia R$ 50.000 por informações concretas que levassem ao traficante.

A polícia chegou a divulgar a possibilidade de ele usar um disfarce, como cabelos compridos, implantados com mega-hair. Foi preso na manhã de quarta-feira, após operação da Polícia Civil que durou três dias. Está em cela isolada no Batalhão de Choque da Polícia Militar, no centro do Rio, onde encontra-se também Fernandinho Beira-Mar.

Jornalista

Tim Lopes foi assassinado em 2 de junho enquanto fazia uma reportagem para a TV Globo sobre baile funk e aliciamento de menores no Complexo do Alemão.

Segundo a polícia, o jornalista foi levado até a favela da Grota, onde foi torturado, assassinado e depois esquartejado e queimado por Elias Maluco e outros traficantes.

Dos nove acusados de envolvimento no assassinato do jornalista, seis estão presos e dois estão mortos. Elias Maluco era o único foragido.

Outros envolvidos

Reinaldo do Amaral de Jesus, 25, o Cadê, e Fernando Sátiro da Silva, 25, o Frei, foram detidos, negaram participação no crime, mas relataram à polícia, com detalhes, como o jornalista foi morto.

Ângelo Ferreira da Silva, 19, confessou estar no Palio branco, em que Tim Lopes foi levado da Vila Cruzeiro para a favela da Grota.

Eliseu Felício de Souza, 22, o Zeu, é apontado pela polícia como "segurança" de Elias Maluco. Ele admitiu ter presenciado o crime.

Claudino dos Santos Coelho, o Xuxa, foi preso pela Polícia Federal, teria presenciado o assassinato e chutado o jornalista.

Renato de Souza Paula, o Ratinho, negou-se a falar sobre o caso. Afirmou que só daria declarações em juízo. Informalmente, disse que participou da sessão de tortura. Segundo a polícia, assim como Elias Maluco, ele teve participação direta no assassinato.

Maurício de Lima Matias, 29, o Boizinho, apontado como principal assessor de Elias Maluco, teria presenciado o crime, e André Barbosa, o André Capeta, também faria parte da quadrilha.

O primeiro foi morto numa ação da Polícia Civil na favela de Vigário Geral (zona norte), enquanto o outro teria se matado, de acordo com investigações da polícia.


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