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Tráfico no Rio

Marcinho VP começou no surf e acabou no tráfico

da Folha Online

De surfista frequentador da praia do Leme (zona sul) na adolescência, Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP, foi assassinado unidade 3 do complexo penitenciário de Bangu em julho de 2003.

Apontado pela polícia como integrante do Comando Vermelho (CV), Marcinho VP foi gerente do tráfico de drogas no morro Dona Marta, em Botafogo (zona sul), e assumiu o controle do comércio de entorpecentes na favela.

O traficante ficou famoso em 1996, quando a equipe do cineasta norte-americano Spike Lee teve de pedir autorização sua para gravar um clipe de Michael Jackson no morro. Empolgado com a fama, Marcinho VP afirmou que não bebia nem fumava, mas era viciado em matar.

Um ano ano antes, fizera fama pela amizadade cineasta João Moreira Salles, que gravava o documentário "Notícias de uma Guerra Particular". Salles afirma que pagou R$ 1.200 ao traficante por quatro meses em troca do trabalho de escrever um livro no qual contaria a sua história.

O então governador do Rio, Marcello Alencar, irritado com a ousadia do traficante, exigiu sua prisão. Mas, oito meses depois, fugiu.

No ano seguinte, o traficante foi condenado a 25 anos de prisão por homicídio doloso (com intenção) e tráfico de drogas.

"Vapor" e palavrões

Na crônica policial do Rio, VP é uma sigla para "vapor", o pequeno vendedor de drogas, mas a ficha policial de Marcinho informa que V e P são as iniciais de dois palavrões pelos quais ele era chamado por sua sorte no jogo.

Além de Márcio Amaro de Oliveira, outro traficante assina o apelido Marcinho VP. Trata-se de Márcio Nepomuceno dos Santos, ex-comandante do tráfico no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, era considerado muito mais perigoso e está preso na penitenciária Bangu 1.

No presídio de segurança máxima, Nepomuceno, condenado a 36 anos, também criou polêmica ao reinvidicar o direito de estudar e trabalhar. Pediu transferência para outra prisão, pois em Bangu 1 não havia escola nem trabalho.

Em 2000, foi apontado pela polícia do Rio como um dos mentores da construção de um túnel subterrâneo de 80 metros de extensão que daria fuga em massa aos presos dos complexos penitenciários de Bangu 1 e Bangu 3 (zona oeste).

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