22/05/2003
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15h15
Sem chance
O "Le Monde" não gostou nada de "Carandiru". Em crítica publicada ontem, o jornal diz que "Babenco faz seu filme como um menino mimado". A explicação:
"Não se pode, de um lado, denunciar o universo carcerário e, de outro, colocar o espectador a seu favor, mostrando apenas heróis positivos: o primeiro presidiário está na cadeia fraudulentamente, assumindo a culpa da mulher; o segundo, pelo assassinato de dois marginais que violentaram sua namorada [na verdade, o personagem de Caio Blat é irmão, e não namorado, da jovem violentada]; o terceiro, por ter abatido sua mulher, que queria eliminá-lo, e assim por diante. Hector Babenco evita a todo custo a identificação do público com o verdadeiro criminoso, suprema hipocrisia de um cineasta que quer filmar o inferno, mas com a condição de assegurar o bem-estar de seu espectador. Não sabemos nunca que ponto de vista 'Carandiru' quer abraçar. O do médico humanista da prisão? Ou o dos prisioneiros? Babenco quer uma mise-en-scène estilizada? Naturalista? Surrealista? Na verdade, tudo ao mesmo tempo. Mas, para um filme, tudo é, quase sempre, nada". (por Silvana Arantes)
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