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20/09/2003
Fundação de São Paulo está envolta em dados imprecisos
da Folha Online
PINGUE-PONGUE
São Paulo já tem 450 anos
da Folha de S.Paulo
Pelos cálculos do jornalista e escritor Eduardo Bueno, o Peninha, o verdadeiro nascimento de São Paulo foi em 29 de agosto de 1553.
Bueno é o coordenador de um projeto da Nossa Caixa para comemorar os 450 anos da cidade. Serão placas em pontos históricos, seminário com historiadores e arquitetos e exposição de fotos. Leia a entrevista.
Folha - O que há de curioso sobre a fundação de São Paulo?
Eduardo Bueno - Acho que é justamente o aniversário da cidade. Ele é comemorado no dia 25 de janeiro, data em que o padre Manoel da Nóbrega fundou, em 1554, o colégio jesuíta onde atualmente funciona o Museu Anchieta. Foi em torno deste colégio que a cidade começou a surgir. Mas o nascimento da cidade aconteceu mesmo em 29 de agosto de 1553, quando Manoel da Nóbrega conseguiu autorização dos caciques Tibiriçá e Caiubi para erguer um colégio jesuíta e fazer a lavagem cerebral, catequizar os índios. Este foi o verdadeiro nascimento.
Folha - Que lugares são historicamente importantes?
Bueno - A nascente do rio Anhangabaú, que era sagrado para os índios e hoje está canalizado embaixo da avenida 23 de Maio. A Consolação, que tem papel fundamental na nossa história. Dali saíam cinco trilhas muito usadas pelos índios, sendo que uma delas ia direto para o Peru.
Folha - Qual era o caminho?
Bueno - Eles subiam a Consolação, cruzavam a Paulista -que na época era um morro de granito coberto por uma densa floresta - e começavam a descer o que hoje é a avenida Rebouças. Passavam por um lugar cheio de perdizes (daí o nome do bairro atual), depois por uma floresta de araucárias, cruzavam o rio Pinheiros e iam direto até Cuzco, no Peru, em busca de prata.
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O início de São Paulo, como inúmeras cidades colonizadas há mais de quatro séculos, é envolto por dados imprecisos. Ignorando os índios que já habitavam a região, convencionou-se que a fundação aconteceu em 25 de janeiro de 1554.
A data seria a construção de um colégio jesuíta, ao redor do qual formou-se o povoado de São Paulo de Piratininga. O responsável pela obra teria sido o padre José de Anchieta, porém a ordem teria partido do padre Manoel da Nóbrega.
Este, por sua vez, era subordinado a Martim Afonso de Sousa, militar enviado por dom João 3º (então rei de Portugal) para governar a região e expulsar os franceses.
Alguns historiadores defendem a tese de que Afonso de Sousa, "dono" das terras, foi o primeiro a estabelecer um acampamento no local, antes da construção do colégio, durante uma de suas expedições para colonizar e catequizar os índios.
Outros, no entanto, contestam a data. Para o jornalista e escritor Eduardo Bueno, por exemplo, o marco foi 29 de agosto de 1553, quando Nóbrega conseguiu autorização dos caciques Tibiriçá e Caiubi para erguer o colégio. Neste caso, a cidade já teria completado 450 anos.
O local representa hoje o bairro do Bom Retiro, entre os rios Anhangabaú (hoje canalizado) e o Tamanduateí (também boa parte sob concreto).
Em 1560, o povoado foi transformado em vila. Cerca de 120 anos depois, São Paulo se tornou a principal vila da capitania e veio a ser designada cidade em 1711.
Na segunda metade do século 18, o colégio foi confiscado dos jesuítas e transformado na sede do governo. São Paulo foi oficializado a capital da província com a proclamação da independência, em 1822.
A cidade só se tornou o centro econômico, social e cultural do país e da América do Sul a partir do começo do século 20, principalmente com a Semana de Arte Moderna e o processo de industrialização.
Um dos problemas mais gritantes de hoje em São Paulo, a violência começou junto com a cidade. Além dos extermínio de índios, o primeiro registro de assassinato aconteceu em 1583, com o frei Diogo sendo morto por um soldado espanhol.
Atualmente, os números da violência impressionam. Com 10.434.252 habitantes (segundo o senso do IBGE de 2000), a cidade registrou oficialmente no ano passado 5.534 homicídios culposos ou dolosos --mais de 15 por dia--, 1.303 estupros --3,5 por dia-- e 96.269 carros roubados ou furtados --mais de 263 por dia (de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo).
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