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Saúde da mulher
27/04/2003

E para quem não quer

Pesquisa do Ministério da Saúde mostrou que metade das brasileiras não desejava filhos quando engravidou: apesar de conhecerem métodos anticoncepcionais, quase 70% admitiram não usá-los ou terem relaxado na prevenção. Não são índices exclusivos do Brasil. Pelo menos um terço das européias diz não ter planejado a gravidez e admite fazer uso impróprio de métodos contraceptivos, segundo a Organização Mundial da Saúde.

Menos sofrimento

Os profissionais ligados ao planejamento familiar dizem que a área está vivendo um de seus melhores momentos. Nunca as mulheres dispuseram de tantas opções para evitar filhos -e, melhor, com menos sofrimento. Pílulas anticoncepcionais com baixa concentração hormonal, dispositivos intra-uterinos com hormônio, hormônios injetáveis ou em adesivos e anéis intravaginais são algumas das novidades surgidas nos últimos anos que aumentaram o arsenal feminino e ajudaram a diminuir desconfortos estomacais, inchaços, dores de cabeça e tensão pré-menstrual, efeitos colaterais vivenciados durante décadas.

O preço alto é quase sempre a maior desvantagem desses novos contraceptivos. "A Yasmin, por exemplo, bastante indicada para adolescentes, custa entre R$ 38 e R$ 45, o que é pesado no orçamento mensal dessas clientes, ainda mais se elas tomam sem a anuência da mãe", avalia a ginecologista e obstetra Lúcia Fátima Hime, da USP.

Outra desvantagem apontada pelos especialistas é o pouco tempo nas prateleiras. "Alguns métodos estão há menos de um ano no mercado e não nos deram o tempo necessário para colher as queixas que o uso contínuo de um contraceptivo sempre costuma gerar", alerta o ginecologista Ricardo Alfredo Brandão. (CC)



Confira as novidades mais recentes

Evra ADESIVO ANTICONCEPCIONAL (Jonhson & Jonhson)
Funciona de forma muito parecida à das pílulas, com a vantagem de não provocar reações do sistema digestivo e ser trocado só uma vez por semana. É geralmente colado nas costas, perto do pescoço ou das nádegas
Desvantagens: é visível e custa entre R$ 45 a R$ 62 (caixa com três)
Diagnóstico: é tão eficaz quanto à pílula e menos sujeito a esquecimentos
Indicação: para o mesmo público que usa a pílula, além de ser bem aceito por mulheres com pressão alta e diabetes

Implanon IMPLANTE HORMONAL (Organon)
Microbastão de hormônio sintético similar à progesterona, que é implantado no antebraço (com anestesia local) e inibe a ovulação. Dura três anos
Desvantagens: o implante é discreto, mas visível e palpável; o custo é alto (R$ 500, mais a taxa de
aplicação do médico)
Diagnóstico: pode causar irregularidade menstrual e até interromper o ciclo de algumas mulheres no primeiro ano de uso
Indicação: para quem quer evitar métodos diários e não se importa em ficar sem menstruar

Mirena DIU (Schering)
Dispositivo intra-uterino plástico que libera baixas doses de hormônio no útero e também reduz ou interrompe o ciclo menstrual. Dura até cinco anos
Desvantagens: pode provocar sangramentos irregulares, dores de cabeça, dores abdominais e sensibilidade das mamas; impede o uso de absorventes internos; tem preço alto (entre R$ 800 e R$ 1.000 mais a taxa de colocação)
Diagnóstico: muito eficaz, comparado por alguns especialistas à laqueadura
Indicação: para mulheres que menstruam demais, não gostam de tomar hormônios, já tiveram o primeiro filho e têm atividade sexual constante

Nuvaring Anel vaginal (Organon)
Com uma combinação dos hormônios estrógeno e progesterona, a argola de plástico flexível deve ser colocada dentro da vagina, onde fica por três semanas. Ao ser retirado, a mulher menstrua normalmente
Desvantagens: o preço, entre R$ 38 e R$ 45; algumas mulheres reclamam de incômodo na colocação, que é semelhante à do diafragma
Diagnóstico: não incomoda a mulher nem o parceiro, é fácil de aplicar e tem menos efeitos indesejáveis, pois não passa pela via digestiva
Indicação: para quem tem desconfortos estomacais com o anticoncepcional e não se adapta a métodos diários

YasmiN PÍLULA ANTICONCEPCIONAL (Schering)
Pílula com hormônio sintético, similar à progesterona. Com baixa dosagem hormonal, promete reduzir a retenção de líquido e alguns sintomas da tensão pré-menstrual, como inchaços, aumento de peso e aparecimento de espinhas
Desvantagens: preço alto para uma pílula (R$ 38 a R$ 45 a cartela)
Diagnóstico: com baixa concentração hormonal, pode ser menos eficaz do que as pílulas antigas, em caso de esquecimento
Indicação: adolescentes, mulheres que ainda não tiveram filhos e têm atividade sexual constante

Fonte: Ceci Mendes Carvalho Lopes, ginecologista e obstetra da Universidade de São Paulo; Lúcia Fátima Hime, ginecologista e obstetra; Cristina Guazzelli, ginecologista da Unifesp.



Índice de falha dos métodos contraceptivos

Injetáveis - 0,1%
Implante subdérmico - 0,2%
Vasectomia - 0,2%
Ligadura - 0,4%
Pílula - 0,1% a 0,5%
Anel vaginal - 0,1% a 0,7%
DIU - 0,5% a 0,7%
Camisinha masculina - 3% a 5%
Camisinha feminina - 5%
Diafragma - 12%
Tabelinha - 16%

Fontes: Unifesp (Planejamento Familiar) e Ministério da Saúde



Cinco perguntas mais frequentes

1. Existe um método anticoncepcional melhor do que os outros?
Não. O anticoncepcional deve ser escolhido de acordo com as preferências, estilo de vida e capacidade de adaptação do organismo.

2. Contraceptivo protege contra doenças sexualmente transmissíveis?
Não. Apenas os métodos chamados de barreira (camisinha masculina ou feminina) dão essa proteção.

3. Existe algum anticoncepcional 100% seguro?
Não. Nem mesmo os métodos definitivos (laqueadura e vasectomia) oferecem esse grau de proteção e certeza.

4. A pílula do dia seguinte pode ser adotada como método contraceptivo?
Não. Como esse tipo de pílula tem uma concentração hormonal maior do que as outras, costuma provocar efeitos colaterais como náuseas, vômitos, sangramento, inchaço, além de desregular o ciclo menstrual. Seu grau de proteção também não é vantagem: se usada até 24 h após a relação, ele é de 80%; entre 25 h e 48 h depois, 42%; entre 49 h e 72 h, 15%. Uma porcentagem de proteção muito baixa se comparada com outros métodos mais adequados para o uso cotidiano.

5. Suspender a menstruação faz mal à saúde?
Muitos métodos contraceptivos mais recentes diminuem ou suspendem as regras, mas não há consenso sobre o assunto. Para muitos médicos, o sangramento é um termômetro do bom funcionamento do organismo e marca a ovulação correta da mulher. Os partidários da suspensão dizem que a prática previne inflamações do útero, endometriose e até tensão pré-menstrual. O mais adequado é consultar o médico de sua confiança.

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