29/11/2004
Confira o risco dos fundos DI e renda fixa
JULIANA ALMEIDA
Free lance para a
Folha
Desde o início da marcação a mercado, em maio de 2002, quando os fundos DI sofreram oscilações nas cotas, os investidores ficaram um pouco mais alertas quanto aos riscos deste tipo de fundo que, embora seja o mais conservador de todos, não está isento de sofrer com as crises.
Mas foram pegos de surpresa com a intervenção no Banco Santos, em novembro, que provocou perdas em fundos que tinham papéis emitidos por aquela instituição. Fundos DI chegaram a registrar redução de 3% no valor de suas cotas e os de renda fixa, 10%.
A maior parte das perdas ocorreu em fundos institucionais, especialmente na categoria renda fixa crédito, que concentra mais papéis de crédito privados, tanto de bancos, quanto de empresas. "O episódio serviu para lembrar ao investidor da existência do risco de crédito", afirma Eduardo Castro, superintendente de renda fixa do ABN Amro Real.
Segundo Castro, a preocupação em saber qual a composição da carteira e os riscos envolvidos deveria ser constante, mas o cliente só se dá conta das possibilidades de perda quando elas acontecem. "Na verdade, todo fundo tem risco, até mesmo os fundos DI de curtíssimo prazo", completa.
Isso não significa, no entanto, que o investidor mais conservador deva ter receio de fazer investimentos em fundos. Basta saber a que riscos você está exposto, concordar com a estratégia adotada pelo gestor e, principalmente, confiar nas avaliações da instituição escolhida. Bancos como Bradesco, ABN Amro Real e Itaú, por exemplo, não registraram perdas em suas carteiras nessa crise.
É importante prestar atenção nas diferenças que existem mesmo dentro dessa categoria. Os fundos de curto prazo, que terão menor benefício fiscal a partir de 2005, costumam ser os mais seguros. Já os de longo prazo tendem a sofrer maior oscilação nas cotas. Em contrapartida, oferecem possibilidades maiores de ganho e o Imposto de Renda pode ser reduzido a 15% se o dinheiro ficar investido por mais de dois anos.
Alternativa
Como alternativa aos fundos DI, Renato Raglione, sócio diretor da MS Consult, aconselha a aquisição de CDBs com rendimento atrelado ao CDI. "O cliente mantém a vantagem da liquidez diária, porém com rentabilidade geralmente maior", diz. Para saber se vale a pena aplicar num fundo DI ou em CDB-CDI, o cliente vai ter de fazer algumas contas.
Primeiro, precisa levantar qual foi o rendimento nos últimos 12 ou 24 meses do fundo em que gostaria de aplicar (13%, como hipótese) e comparar com o percentual de CDI pago por aquele banco na compra do CDB (92%, o que equivaleria a uma rentabilidade de 14,76% no período).
No exemplo, seria mais vantajosa a segunda opção. "Os CDBs podem ter taxas melhores dependendo do valor aplicado, mas os fundos são mais fáceis de acompanhar e têm risco diversificado", defende Moacyr Castanho, superintendente de fundos de investimento do banco Itaú.
Quanto aos papéis prefixados, alguns gestores acreditam ser mais adequado se resguardar enquanto não há sinais de queda na taxa de juros básica da economia, a Selic, o que só deverá acontecer a partir do segundo trimestre de 2005. Luiz Carlos Mendonça de Barros, estrategista da Quest, discorda: "Em algum momento ao longo do primeiro trimestre as taxas vão cair, então é bom já ir firmando posições".
Qualquer que seja sua opção de investimentos, não esqueça de traçar objetivos. Se a intenção é usar o que restou de seu 13º para reformar a casa dentro de seis meses, o ideal é optar por um fundo de curto prazo. Porém, se o dinheiro ficará guardado para emergências ou para a aposentadoria, então os de longo prazo oferecem melhores condições.