03/10/2004
Defesa do ambiente cresce paralela à produção
Free-lance para a Folha
O custo socioambiental da expansão do agronegócio ainda precisa ser mensurado. A preocupação com o uso excessivo de agrotóxicos e com a má utilização da água, por exemplo, fortalecem um campo paralelo de atuação, o da pesquisa e defesa do meio. Interessados podem atuar na conservação do ambiente, no tratamento de dejetos e também na área de responsabilidade social das corporações e ONGs do ramo.
Com área para aumentar a produção de grãos em, no mínimo, 200%, a agricultura brasileira tende a abocanhar territórios ocupados hoje por pastagens, expandindo a fronteira agrícola.
Com isso, o respeito à legislação ambiental exigirá profissionais com base sólida em ciências ambientais e conhecimento profundo de impactos no ambiente. Especialistas na legislação do setor também serão requisitados.
A produção e o extrativismo crescentes aumentam esse mercado. "Por uma série de coincidências, o Brasil talvez seja o único país no mundo que ainda pode expandir sua produção", confirma o diretor técnico da FNP Consultoria, José Vicente Ferraz.
Entre as coincidências, 388 milhões de hectares de terras férteis e de alta produtividade, dos quais 90 milhões ainda não explorados, clima privilegiado, quase 13% de toda a água doce disponível no planeta e mão-de-obra qualificada e relativamente barata.
"O custo disso foi não termos feito a reforma agrária", diz Ferraz. "Isso fez com que o país desenvolvesse a agricultura empresarial, fundamental para atingirmos o patamar atual. Uma estrutura fundiária reduzida impediria a produção em grande escala."
As empresas já investem no conceito de "produção limpa". A PHB Industrial, controlada por dois grupos de usinas de açúcar, está desenvolvendo um projeto para produzir plástico biodegradável (que leva em torno de seis meses para se decompor, em vez de no mínimo 50 anos, como é hoje) a partir do processo fermentativo do açúcar, em um ciclo "limpo" de produção, em que todos os elementos utilizados na fabricação são reaproveitados.
"Em dez anos, 1% de todo o polímero [de origem não-renovável] usado no planeta será substituído por biopolímeros, que preservam o ambiente", prevê Sylvio Ortega, responsável pelo projeto.
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