28/01/2005
Como serão as eleições
da Folha Online
Eleitores iraquianos vão escolher 275 membros que irão constituir uma Assembléia Nacional, que terá como principal objetivo criar uma nova Constituição. Os iraquianos também poderão escolher os membros de 18 Assembléias Provinciais a o Parlamento curdo, que é autônomo, ao norte do país.
A Assembléia Nacional vai escolher um novo governo para suceder a administração interina, designada em junho pelo governo americano. Essa assembléia será dissolvida e um novo Parlamento deve ser eleito no final deste ano.
O postos de votação abrem às 7h e fecham às 17h (das 2h às 12h, no horário de Brasília).
Quem pode votar
Todos os iraquianos maiores de 18 anos poderão votar --o que totaliza cerca de 14 milhões de pessoas, em uma população de 27 milhões.
No dia da votação, os eleitores devem apresentar dois tipos de identificação com foto. Depois de votar, o nome do eleitor será retirado do registro geral. Todos os que participarem da votação receberão uma marca, com tinta indelével, em um dos polegares. A medida visa prevenir fraudes, mas assusta parte dos eleitores, que teme ser identificada por rebeldes contrários às eleições.
Cada iraquiano recebe duas cédulas: uma nacional e outra regional. No norte, os curdos recebem uma terceira, referente ao Parlamento curdo. O eleitor escolhe o partido pelo nome, símbolo ou número.
Haverá cerca de 40 mil cabines de votação, espalhadas em mais de 6.000 postos eleitorais, incluindo as usadas nos 14 países [Alemanha, Austrália, Canadá, Dinamarca, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, França, Holanda, Irã, Jordânia, Síria, Suécia, Turquia e Reino Unido] que participaram de um programa, realizado pela Organização Internacional de Migração. Os iraquianos fora do país votam entre os dias 28 e 30 de janeiro. Para os iraquianos que moram fora do país, é preciso comprovar nacionalidade e ter nascido antes de 1986. Estima-se que 1 milhão vote, mas ameaças de retaliação podem prejudicar a participação
Os lugares da Assembléia Nacional eleita serão distribuídos proporcionalmente. Caso um partido ou coalizão partidária receba 20% dos votos, terá direito a 55 cadeiras, que serão distribuídas aos 55 políticos que receberam mais votos.
Quem concorre
São 111 partidos. Cada um deles apresentou listas com nomes [entre 12 e 275 candidatos, no máximo --as mulheres representam um terço dos inscritos].
Foram proibidos de participar da eleição ex-membros do partido Baath, de Saddam Hussein, militares e membros de guerrilhas.
Os candidatos estão divididos, prioritariamente, em facções religiosas (xiitas e sunitas) e na etnia curda.
Os xiitas são os que não concordaram com a sucessão estabelecida após a morte de Muhammad [o profeta que fundou o islamismo] e acreditam que Ali devia ter sido o primeiro califa [sucessor] muçulmano.
Muçulmanos xiitas constituem 60% da população iraquiana e são maioria na lista dos candidatos. Oprimidos durante o governo do ditador Saddam, esperam, com essas eleições, chegar ao poder no Iraque.
Já os sunitas são os que aceitaram a sucessão estabelecida após a morte de Muhammad e seguem a "sunnat annabi" [tradição do profeta].
Eles representam apenas 20% da população, mas dominaram o poder na época de Saddam, que era sunita. Muitos partidos pregaram o boicote das eleições, por causa da participação xiita. Apesar disso, há sunitas concorrendo nas eleições.
Os curdos constituem um grupo étnico que representa hoje de 10% a 15% dos iraquianos, e são representados por dois grandes partidos curdos: o Partido Democrático do Curdistão (KDP) e a União Patriótica do Curdistão (PUK). Estão concentrados ao norte do país.
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