20/02/2005
Mestrados e doutorados: Conheça a avaliação dos melhores cursos
RENATO ESSENFELDER
Editor-assistente de
Suplementos
Há pelo menos um setor no Brasil que tem se mostrado imune a taxas de juros, variação cambial e especulações políticas: o da educação superior. No quesito formação de cérebros, o país cresce a galope e já definiu uma meta ambiciosa: até 2010, dobrar para 16 mil o número de doutores formados a cada ano.
Para chegar lá, a taxa de pesquisadores com esse grau cresce em média 15% anuais desde 1987. No mestrado, o incremento é de 13%.
Se a demanda por educação superior é crescente, a oferta de cursos de alto nível, avaliados pela Fundação Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, órgão ligado ao Ministério da Educação e voltado à pós stricto sensu) com notas iguais ou superiores a 5 (numa escala de 1 a 7), segue defasada.
Em todo o país, há 644 programas nesse pelotão de elite, contra 1.175 com conceitos que vão de "bom" a "fraco".
Neste guia, a
Folha reuniu todos os 275 melhores programas do Estado, segundo a Capes, de nove áreas do conhecimento.
Doutor desemprego
Enquanto o governo traça parâmetros para acelerar a titulação, parte da comunidade científica reclama. "Somos cobrados para formar muitos doutores, mas, em física, isso cria profissionais sem perspectiva de emprego na área", afirma Adriano Natale, representante da área de física e astronomia da avaliação da Capes.
Caçar o diploma para se dar bem no mercado nem sempre é uma boa, alerta o gerente de recursos humanos da consultoria Mercer, Willian Bull. "O stricto sensu é direcionado para a pesquisa. Hoje, se um profissional bate à porta de uma empresa fora da área científica, sofrerá preconceito, será visto como alguém que não vai pôr a mão na massa."
Já o presidente da Capes, Jorge Guimarães, diz que essa avaliação é "exagerada". Segundo ele, bons doutores acham emprego "imediatamente".