20/02/2005
Novos nichos de farmácia não têm programas de pós
Colaboração para a
Folha
Ele terminou o mestrado, cursa o doutorado e pretende ser professor. Ela trabalha numa grande indústria e não fez pós-graduação. Alberto Malvezzi, 29, e sua mulher, Ana Paula, 25, têm a mesma profissão, mas representam dois lados completamente diferentes da área de farmácia.
"A maioria [dos profissionais] atua em drogarias. O restante vai para a indústria, análises clínicas e toxicológias e saúde pública", diz Thaís Adriana do Carmo, diretora do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo.
Segundo ela, casos como o de Alberto, que pretende, mesmo sabendo da exigüidade de vagas, ser docente no curso de farmácia da USP, são minoria. "Nas universidades particulares é mais fácil. Já até recebi convite", admite ele.
Quem não quer seguir os passos de Alberto acaba fazendo uma especialização lato sensu. "Nossa área não tem mestrado profissionalizante. Para quem não quer ser acadêmico, o melhor é fazer lato sensu", aconselha Carmo.
Embora a diversidade de cursos lato sensu seja imensa, por causa da evolução do mercado, Ana Paula, gerente de pesquisa clínica do laboratório Schering-Plough, diz que não se especializou por causa da falta de um programa adequado à sua área de atuação.
Evolução
Nos primórdios das ciências da saúde, o médico, o farmacêutico e o psicólogo estavam embutidos no sacerdote. Hoje, a farmácia é um campo não só independente mas em ascensão. Novas áreas --e cursos--estão surgindo, como a farmácia clínica, a farmacoeconomia, a farmacoepidemiologia, a farmacoepidemiologia (estudo da metabolização, entre outros fatores, do medicamento no organismo), a farmácia hospitalar e a cosmetologia, entre muitas outras.
"Fui atrás do leque de nichos, que é grande, e escolhi cosmetologia", conta Alessandra Gallo Petraroli, 20, que atualmente cursa a graduação e pretende se especializar em maquiagem.
Os programas de pós stricto sensu, por enquanto, não estão acompanhando essa diversidade.
São 18 programas no país, seis de excelência (com conceito maior do que 5). Desses, quatro ficam em São Paulo (USP, USP Ribeirão e Unesp Araraquara), um no Rio Grande do Sul e um na Paraíba. A maioria, em áreas tradicionais.
"Ainda existem nichos muito carentes. A Capes vai começar a investir nos mestrados profissionalizantes. Cursos de farmacoepidemiologia, por exemplo, são importantes na questão dos genéricos", diz Isac de Medeiros, professor de farmácia da Universidade Federal da Paraíba e representante-adjunto da área na Capes.
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