moda / prêt-à-porter

A vingança da moda

texto Erika Palomino, enviada especial a NY, Milão e Paris
fotos France Press / AP / Reuters / Christopher Moore Limited

Sem alarde, sereníssima, a moda provoca uma revolução em seus lançamentos de inverno 2005/2006. Liderada mais uma vez por Miuccia Prada, de Milão, detonada por um vestido preto de alcinhas (o da página ao lado), trata-se de uma cruzada de contornos políticos e fervor quase religioso. Retornam elementos da alta moda do final dos anos 50/início dos 60, acionando uma elegância sóbria, fechada, austera. Não há espaço para excessos, apenas para o essencial, num curioso revival do minimalismo, em que menos é mais. A famosa máxima de Mies van der Rohe alude tanto à arquitetura, que volta à cena na moda com as pipocantes revisões de Balenciaga (a história mais importante da estação), quanto ao caráter moderno de muitas coleções. Não por acaso, o preto se vinga de outros verões, em que foi considerado não-cool, e arrasa agora em todos os tipos de tecidos. Claro, preto é chique. E estamos falando sério aqui.

As palavras que completam o vocabulário desta temporada são rigor, alfaiataria, militarismo e volume -este último pode ser usado também como vírgula. Já em inglês, o adjetivo oficial é "womanly", algo como "próprio de uma mulher". Os fashionistas devem entender o fundamento como evolução do "ladylike" (feminino) das últimas estações.

Toda essa conversa sugere uma boa dose de conservadorismo. Verdade. Nesta temporada, as extravagâncias vêm nos materiais (no mercado de luxo, quanto mais caro, melhor). Nesse novo credo, discrição agora é sagrada.

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