18/04/2005
Rivera Carrera é liberal em questões sociais mas conservador na doutrina
da
Folha Online
AP |
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Norberto Rivera Carrera: arcebispo do México |
Considerado liberal em questões sociais, mas conservador em matéria de doutrina da igreja, o mexicano Norberto Rivera Carrera, 62, condena o uso do preservativo, o aborto, a homossexualidade e a eutanásia.
Figura ativa na sociedade mexicana, defende a participação dos religiosos na política e incentiva protestos contra o aumento de impostos, contra a violência e a corrupção.
Nascido no dia 6 de junho de 1942, no pequeno povoado de La Puríssima, em Tepehuanes --ao norte do Estado de Durango, no México--, proveniente de uma família humilde e o mais velho de quatro irmãos, pensou em ser médico ou astrônomo antes de seguir sua vocação religiosa.
Em 1955, após concluir o ensino primário em sua cidade natal, entrou para o Seminário de Durango, onde iniciou os estudos clássicos, aprendeu filosofia e teologia. Foi transferido em 1962 para o Colégio Pio Latino Ameriano de Roma e ingressou posteriormente na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, onde fez doutorado em teologia. Além do espanhol, se comunica bem em inglês, italiano e francês.
Ordenação
No dia 3 de julho de 1966, aos 24 anos, foi ordenado padre pelo papa Paulo 6º na Basílica de São Pedro, em Roma.
Seu primeiro trabalho como padre foi realizado na paróquia de Rio Grande, em Zacatecas (norte do México), em 1967. Lecionou por 18 anos no seminário de Durango e foi professor da Pontifícia Universidade Católica do México.
Em 1985 foi nomeado bispo de Tehuacán (ao sul do país) pelo papa João Paulo 2º e, em 1995, elevado a arcebispo Primaz da Cidade do México. Em janeiro de 1998 o papa João Paulo 2º o proclamou cardeal.
Sua rápida ascensão na igreja mexicana está relacionada a um grande processo comandado pelo núncio Girolamo Prigione, que durante cerca de 30 anos trabalhou contra a chamada "teologia da libertação" --corrente da Igreja Católica que equiparava a necessidade de desenvolvimento espiritual com a de desenvolvimento social, aceitando teses marxistas. A elevação de Rivera Carrera ao cargo de arcebispo foi vista como um triunfo dos setores conservadores.
Movimentos sociais
Rivera Carrera é um dos grandes defensores dos imigrantes latino-americanos nos Estados Unidos, dos direitos humanos e das questões sociais. Se pronunciou a favor de reformas estruturais no México que propiciem o crescimento do país, melhore a distribuição de renda e gere oportunidades de trabalho.
Cobrou do governo maior esforço no combate ao narcotráfico e afirmou que é dentro da família que se começa o combate ao uso das drogas.
Fez parte do movimento juvenil dos anos 60, marcado pelo rock, por protestos dos estudantes nas ruas, cabelos longos e a minissaia.
Conservadorismo
Como um seguidor ferrenho da doutrina católica, se manifestou contra o aborto, a eutanásia, o homossexualismo e o uso de preservativos. Rivera Carrera ameaçou excomungar quem fez ou colaborou com um aborto e comparou o uso da pílula do dia seguinte a um assassinato.
Foi colaborador da obra apostólica e social do papa João Paulo 2º e o acompanhou em várias viagens pela América Latina.
As preocupações do mexicano com os temas de família chamaram a atenção do papa João Paulo 2º e fizeram com que ele ganhasse a estima do pontífice.
Polêmicas
Chegou a reconhecer em entrevista à imprensa que a igreja errou ao manter em segredo as denúncias de pedofilia contra padres. Afirmou ainda que o abuso sexual contra menores é um crime contra a sociedade e que a denúncia é um direito das famílias afetadas.
Recentemente, segundo publicações na imprensa, teve sua imagem arranhada por alguns escândalos. Entre eles, a denúncia de ter firmado um contrato de exclusividade com uma empresa norte-americana para produzir e vender produtos com a imagem da Virgem de Guadalupe --padroeira do México e protetora dos imigrantes.