14/04/2005
D. Geraldo ajudou a fundar Pastoral da Criança e defende diálogo com outras religiões
FABIANA FUTEMA
da
Folha Online
Plinio Lepri/AP |
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Geraldo Majella Agnello; cardeal de Salvador |
Nascido numa família numerosa --foi o terceiro de oito filhos--, o cardeal dom Geraldo Majella Agnelo, 71, sempre foi considerado um dos nomes mais fortes na disputa pela sucessão do papa João Paulo 2º.
Dom Geraldo defende a ação conjunta de todas as religiões para combater as desigualdades sociais: “A pobreza não é vontade de Deus. O ecumenismo é a estrada a ser percorrida obrigatoriamente por todos que amam o Senhor. Deus não tem medo do encontro entre os povos”, disse logo após ser nomeado arcebispo de Salvador, em 1999.”
Em Salvador, dom Geraldo já celebrou atos religiosos na presença de uma mãe-de-santo. “Trabalhar pelo ecumenismo é um dever de todo cristão porque Cristo Nosso Senhor quer a união e não a divisão.”
Ele também tem a seu favor um perfil que concilia o conservadorismo e o progressismo ao reunir a proximidade e fidelidade ao Vaticano com o engajamento social.
Em 1991, foi nomeado pelo papa João Paulo 2º secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, órgão do Vaticano que cuida da liturgia da igreja. Em 1983, em companhia de Zilda Arns, criou a Pastoral da Criança.
O arcebispo de Salvador costuma dizer que todo bispo é ao mesmo tempo e necessariamente conservador e progressista. Conservadores por defenderem valores tradicionais da igreja, opondo-se, por exemplo, à prática do aborto e ao divórcio. Progressistas por se preocuparem com problemas sociais.
Histórico
Mineiro de Juiz de Fora, dom Geraldo fez o então curso primário no Instituto Santos Anjos das Irmãs Carmelitas da Divina Providência. Em 1945, ele iniciou o curso ginasial no seminário Menor Diocesano Santo Antônio.
A partir de 1948, ele continuou os estudos no seminário Menor Arquidiocesano de São Paulo, em Pirapora do Bom Jesus, dirigido pelos Padres Premonstratenses. Nessa época sua família mudou-se de Juiz de Fora para São Paulo.
Em 1951, ele iniciou o curso de Filosofia no seminário central da Imaculada Conceição do Ipiranga, em São Paulo. A licenciatura em Filosofia foi obtida na Universidade de Mogi das Cruzes (SP). Em 1954, se inscreveu na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção de São Paulo, obtendo em 1957 a licença em Teologia.
Dom Geraldo foi ordenado sacerdote aos 23 anos, em junho de 1957, na Catedral de São Paulo por Dom Antônio Maria Alves de Siqueira, arcebispo auxiliar de São Paulo.
Em 1969, obteve o doutorado em teologia, em Roma.
Em 1978, ele foi ordenado bispo de Toledo pelo papa Paulo 6º. Ele permaneceu à frente da Diocese de Toledo por cerca de quatro anos, sendo nomeado por João Paulo 2º arcebispo de Londrina (PR) (1982-1989).
Dom Geraldo também presidiu a Comissão Litúrgica da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) de 1983 a 1987. Ao mesmo tempo, foi membro do Departamento de Liturgia do Celam (Conselho Episcopal Latino-Americano). Em 1983, iniciou a Pastoral da Criança em Florestópolis (PR) que se difundiu em todas as dioceses do Brasil e em alguns países latino-americanos.
Mais tarde, dom Geraldo foi convocado para trabalhar diretamente com João Paulo 2º no Vaticano. Ele foi secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos (1991-1999).
Ele assumiu a arquidiocese de Salvador em 13 de janeiro de 1999, substituindo o cardeal dom Lucas Moreira Neves.
Dom Geraldo é arcebispo-primaz do Brasil porque a Arquidiocese de Salvador é a mais antiga e a primeira a ter um bispo em território brasileiro.
Em maio de 1999 foi eleito vice-presidente do Celam (Conselho Episcopal Latino-americano).
Em 21 de outubro de 2000, o papa João Paulo 2º o nomeou Membro do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes.
Foi nomeado cardeal em 21 de janeiro de 2001, junto com outros 46 novos cardeais. Em 2003, foi eleito presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). Seu mandado acaba em 2007.