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18/04/2005

Cardeal colombiano enfrentou polícia e traficantes

da Folha Online

AP
Darío Castrillón Hoyos: cardeal colombiano, prefeito da Congregação para o Clero, do Vaticano
Darío Castrillón Hoyos: cardeal colombiano, prefeito da Congregação para o Clero, do Vaticano
O cardeal colombiano Darío Castrillón Hoyos, 75, já enfrentou traficantes e políticos em seu país. Foi acusado inclusive de receber dinheiro de traficantes. Hoyos nunca poupou poderosos do governo e do crime organizado em seus sermões, sempre muito polêmicos.

Sobre Hoyos, o escritor colombiano e ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel García Marquez, chegou a afirmar que o cardeal era "homem que tinha a severidade de um clérigo em guerra" e "um cruzado pela justiça social", "como um poeta guiado pelo dom místico da inspiração".

Hoyos chegou a se encontrar com o chefe do cartel de drogas de Medellín, Pablo Escobar, disfarçado de entregador de leite, para pedir que se entregasse e interrompesse os assassinatos e seqüestros de membros do governo colombiano.

O traficante chegou a enviar, por intermédio de Hoyos, uma proposta ao governo --que a recusou. Segundo o vaticanista americano John Allen, quando Escobar perguntou a Hoyos quem ele representava, o cardeal disse que representava "aquele que um dia irá julgá-lo". Escobar foi morto pela polícia colombiana em 1993, em Medellín.

Segundo o monsenhor Francisco Arias, o hoje cardeal Darío Castrillón Hoyos costumava, quando era padre, andar à noite pelas ruas de Pereira (156km de Medellín, sua cidade-natal), distribuindo alimentos para moradores de rua e doentes mentais. "Ele podia ser encontrado nos piores lugares de Pereira. Ele não tinha medo de ninguém, de nada."

Arias disse ainda que, ao se tornar bispo, Hoyos passou a vigiar a polícia de Pereira, região cafeeira do país, acusando-a de matar prostitutas, crianças de rua e mendigos durante seus sermões.

"Depois de denunciá-los [os policiais] em seus sermões, os assassinatos pararam e o diretor da polícia de Pereira deixou o cargo."

Em 1982, quando era bispo de Pereira, ele se manifestou contra o então candidato à presidência da Colômbia Álvaro Gomez por defender o direito ao divórcio. Em 1994, ele pediu aos eleitores católicos que não votassem no candidato presidencial Ernesto Samper, que, segundo Hoyos, apoiava a legalização da maconha e era muito próximo a religiões não cristãs.

Samper acabou por vencer a eleição. Em 1996, o Congresso colombiano julgou e absolveu Samper da acusação de ter recebido US$ 6 milhões dos narcotraficantes do cartel de Cali para financiar sua campanha eleitoral. Samper disse não ter conhecimento de ter recebido dinheiro do tráfico.

A absolvição, no entanto, não bastou para pôr fim às acusações de Hoyos. "Uma pessoa não pode obter poder com dinheiro do crime e, se o obtiver dessa forma, mesmo sem saber, não pode continuar a exercê-lo. Isso iria manchar a honra da república e ferir a democracia hoje e no futuro", disse Hoyos á época.

O cardeal colombiano foi ainda acusado por políticos aliados a Samper de ter recebido doações do traficante Carlos Lehder enquanto esteve em Pereira, no começo dos anos 80. Hoyos classificou as acusações de difamatórias.

Hoyos também teve um papel-chave ao acertar o encontro, em 1999, entre o principal porta-voz das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Raúl Reyes, e o representante do governo colombiano, Víctor Ricardo.

Biografia

Hoyos foi ordenado padre no dia 26 de outubro de 1952, na cidade de Santa Rosa de Osos e, em 1º de julho de 1976 foi apontado bispo de Pereira. Em 21 de fevereiro de 1998 foi consagrado cardeal pelo papa João Paulo 2º.

Ele estudou no Seminário de Santa Rosa de Osos, na Província de Antioquia (noroeste da Colômbia). Sua formação universitária começou na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (onde obteve seu doutorado em direito canônico e especialização em sociologia religiosa, economia politica e ética em economia) e seguiu na Faculdade de Sociologia, na Universidade de Louvain (Bélgica). Hoyos fala, além do espanhol, o inglês, o francês e o italiano.

Prefeito

Hoyos ocupa o cargo de prefeito da congregação (nome dado ao dirigente da instituição) desde 2000, nomeado pelo papa João Paulo 2º.

Congregação para o clero é o nome com o qual foi rebatizada, pelo papa Paulo 6º (1963-1978), a ‘Santa Congregação para o Concílio‘. O papa Sixto 5º (1585-1590) confiou à congregação a revisão das atas dos concílios provinciais e, em geral, a tarefa de promover a realização das reformas fixadas pelo Concílio de Trento (1542-1562).

Essa função foi passando aos poucos a outras instituições dentro da igreja, mas o nome foi preservado até 1967 e suas atribuições foram fixadas por Paulo 6º. A congregação tem hoje, entre suas tarefas, a supervisão dos clérigos e dos conselhos a que pertencem, da formação religiosa dos fiéis e conservação e administração dos bens eclesiásticos que pertencem a pessoas jurídicas públicas.

Abusos

A resposta que Hoyos deu aos casos de abuso sexual de menores nos EUA, no entanto, deixou a desejar em termos de coragem. Hoyos disse, em março de 2002, que "as leis da igreja são severas e concebidas dentro da tradição de tratar assuntos da igreja internamente".

Ele disse que a igreja não iria se furtar a cooperar com "qualquer ordenamento civil" nos países em que tenham ocorrido tais casos, mas lembrou que ficam excluídos dessa ajuda os casos que envolvem sigilo sacramental ou segredo vinculado ao exercício do ministério episcopal.

Em janeiro deste ano, a Justiça americana anunciou acordo pelo qual a Igreja Católica Romana da Califórnia pagará a quantia recorde de US$ 100 milhões em indenizações a vítimas de abusos sexuais.

Os escândalos de abuso sexual de menores vieram à tona em Boston (costa leste do país) em 2002 e atingiram a Igreja Católica nos EUA e em todo o mundo.

A instituição está negociando com advogados de vítimas em todo o país, em processos cujo custo poderá passar de US$ 1 bilhão. Muitas dioceses foram forçadas a declarar falência porque não têm como indenizar a todos aqueles que foram vítimas de abusos.

Paixão de Cristo

Como responsável pela supervisão da formação dos fiéis em todo o mundo, Hoyos afirmou que o filme "A Paixão de Cristo" não distorce os ensinamentos católicos e que é na verdade um "triunfo da arte e da fé". Ele disse ainda que o filme não contem nenhum incentivo ao anti-semitismo --o filme foi repudiado por comunidades judaicas do mundo todo por veicular o anti-semitismo.

"É um filme que leva o espectador à oração e à reflexão, a contrita contemplação", disse Hoyos, em entrevista ao site da revista especializada em catolicismo EWTNews. "O filme é uma obra de arte, as atuações, as técnicas, os sons, iluminação e o ritmo, tudo é tão poderoso quanto a mensagem que contém."

Para ele, o filme "será uma ferramenta para explicar a pessoa e a mensagem de Cristo". "Tenho confiança de que ele irá mudar para melhor todo aquele que assisti-lo cristãos ou não. Ele trará as pessoas para mais perto de Deus e para mais perto umas das outras."

     

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