Folha de S.Paulo Moda
* número 17 * ano 4 * sexta-feira, 7 de abril de 2006
Folha Online
 
Texto anterior | Índice | Próximo texto

moda / primeiros socorros

Loucas por beleza

Moças sofrem de síndrome de abstinência quando estão longe de seus produtos de maquiagem e têm ataques de ansiedade ao perceber que a unha descascou



A promoter Fernanda Barbosa



A cantora Cláudia Lima

"Se eu percebo que a minha unha está um pouco descascada e estou no meio de uma reunião, dou um jeito de acabar o trabalho rápido, correr para casa e passar uma acetona." A frase, dita com naturalidade pela promoter Fernanda Barbosa, pode assustar uma mulher mais "largada", daquelas que saem de casa de cara lavada e cabelo molhado e não estão nem aí. Mas parece bem razoável para um outro tipo de garota: as escravas da beleza, aquelas que assumem que coisas como unha descascada, rosto sem make e depilação fora do prazo são capazes de deixá-las com sintomas parecidos com os de um dependente químico: ansiedade, insegurança e auto-estima baixa.

"Preciso fazer depilação. A minha alma fica mais leve. Se deixo passar o prazo de depilar, me sinto pesada", diz Fernanda. A jornalista e cantora Claudia Lima também sofre por causa da vaidade. "Quando olho para a minha mão e vejo que a unha não está feita me sinto mal, parece que estou desleixada demais com a minha vida", diz a moça.

A beauty stylist Silvana Gurgel tem a receita para que as moças dependentes de unhas feitas não passem mal mesmo quando não tiveram tempo de ir até a manicure. "Hoje existem lenços de acetona que você pode levar na bolsa", recomenda. "E você pode passar um hidratante de unha. Ele é ótimo porque tira aquele aspecto seco que a acetona produz", ensina.

Silvana tem também conselhos de mestre para as moças que simplesmente não conseguem sair de casa sem maquiagem. Claudia Lima assume ser assim. Para ela, sair pela porta de seu apartamento, só com rímel e blush. "Não acho legal sair sem maquiagem porque gosto de estar sempre com aparência arrumada e saudável", diz.

Fernanda entende o que Claudia está falando. E como. A promoter assume nutrir uma dependência crônica por blushes. "Não posso ficar sem. Por isso, tenho vários e de todos os tipos. Tenho blush dentro de todas as bolsas que uso mais, na gaveta do escritório e alguns espalhados pela casa. Tudo para não ser pega desprevenida." Fernanda aplica seu produto favorito em qualquer lugar. "Pode ser em um almoço, numa reunião de negócios, não interessa. Passo na frente de todo mundo."

De acordo com Silvana, "não há nada de errado em retocar o blush em público, mas você pode escolher um pincel pequeno e macio." Outra recomendação é andar sempre com spray de água, como o da Evian ou da Aqua Madre, dentro da bolsa. "Quem usa muita maquiagem pode, durante o dia, dar algumas borrifadas com água no rosto, para que ele não pareça ressecado e também para que a pele não sofra muitos danos."

Cuidados extras devem ser tomados pelas moças que, além de adorar blushes e pó, nutrem apego por rímel e curvex (aquele aparelho que deixa os cílios alongados e lembra um instrumento de tortura). É esse o caso da consultora de moda Mariana Rocha. Seu kit básico de sobrevivência é extenso. "Nunca saio de casa sem baton, corretivo, base, blush e curvex. Sempre tenho curvex na bolsa, não consigo deixar de usar."

Quem usa esse aparelho, de acordo com Silvana, deve tomar muito cuidado. "Aquela borrachinha que fica na ponta do curvex deve ser trocada de oito em oito meses, senão você corre o risco de ter todos os seus cílios arrancados." Fora isso, ela sugere que, quem usa muito rímel, tenha sempre na necessaire um demaquilante específico para a área dos olhos. "Senão é perigoso. Essa é uma região muito sensível", lembra. Esse tipo de demaquilante é mais útil ainda se você seguir uma das outras dicas da beauty stylist, que é preferir maquiagem à prova d´agua. "É mais difícil de retirar, porém é mais eficiente, pois você não corre o risco de ficar com o rosto borrado durante o trabalho, se passar a mão nos olhos ou der uma choradinha básica."

Dica bacana para quem é viciado em batom: "Algumas vezes por dia, passe um gloss por cima do batom para que a sua boca não fique com aparência de ressecada."

Sem cair do salto

Nem só de cuidados com cosmética vivem as mulheres supervaidosas. O salto alto é outro índice de sobrevivência básico na vida delas. "Estou falando no telefone agora, dentro de casa, e estou usando salto alto", diz Mariana enquanto dá entrevista para a Folha. "Nunca saio sem salto. A única hora em que faço isso é quando vou para a academia. Mas posso confessar uma coisa? Me sinto superesquisita quando coloco tênis para ir até lá. Não me sinto bem." Não, a moça nunca cometeu o desvario de ir para a academia de salto.

Algumas delas, com o tempo, conseguem diminuir o vício. "Hoje até consigo trabalhar de tênis. Mas é raro e tem que ser um básico, preto", comemora Claudia Lima. Fernanda não pode dizer o mesmo. "No dia-a-dia, estou de salto. Não adianta. Sou assim. Quando é para fazer coisas mais simples, como pegar meu filho na escola, uso uma plataforma." E cair do salto? No caso de vaidosas tão experientes, nunca.

por Nina Lemos
fotos Karime Xavier/Folha Imagem

Texto anterior | Índice | Próximo texto
 

Copyright Folha de S. Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress (pesquisa@folhapress.com.br).