Folha de S.Paulo Moda
* número 18 * ano 5 * sexta-feira, 11 de agosto de 2006
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Caçadores de tendências



Mário Daloia

“A moda está perdendo consumidores para a tecnologia”, sentencia Rony Rodrigues, 27. “Saímos da era da informação e entramos na da seleção”, vaticina João Paulo Cavalcanti, 23. Eles são muito jovens, certo, mas é bom escutar o que dizem. Os dois comandam a Box 1824, a agência do momento em pesquisas de consumo.

Criada em 2004, em Porto Alegre, a agência teve uma ascensão fulgurante. Em menos de dois anos de existência, já prestava serviços para a Nokia mundial, a Unilever (em 20 países), a Grandene, a Claro, a Pepsico, a Itaú, a Fiat e mais uma penca de grandes empresas. E conseguiu isso tudo sem ter uma sede, sem utilizar cartões de visita nem criar um site de apresentação. “Optamos por um conceito de não-marketing. Os próprios clientes avalizam o nosso trabalho”, diz João, que é também poeta e está escrevendo o roteiro de um longa-metragem. O trabalho mais barato da empresa custa R$ 150 mil. O mais caro sai por R$ 3 milhões.

Trabalho bastante heterodoxo, que rompe com uma série de regras e métodos dos institutos de pesquisas, adotando todo um conjunto de novas práticas, como “invasão de cenários”, “fotoetnografia” e “object capture”, inspiradas na obra de soció­logos como Edgar Morin e Michel Mafesolli. “Não utilizamos pesquisas quantitativas, mas apenas qualitativas, feitas no ambiente onde as pessoas consomem, pelos próprios atores sociais treinados como observadores”, conta Rony, que prepara um livro de sua autoria com histórias infantis.

E que Rony e João têm a dizer sobre a moda contemporânea? “Para os jovens, hoje o estilo está mais ligado ao gadged eletrônico do que à roupa. Enquanto a moda leva seis meses ou um ano para criar algo novo, a tecnologia muda tudo em dois meses”, afirma Rony.

João, por sua vez, prognostica o surgimento de um novo luxo. “Já estamos passando da customização à tendência que chamamos de ‘ego’. Agora, o novo luxo são os produtos feitos exclusivamente para você”, diz. (Alcino Leite Neto e Camila Yahn)
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