Folha de S.Paulo Moda
* número 21 * ano 6 * sexta-feira, 23 de março de 2007
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Um setor de vento em popa

Indústria infantil se reformula para atender mais de 39 milhões de crianças



Fachada da loja Green, nos Jardins

Com uma grande reformulação iniciada há quase uma década, o setor de moda infantil vem se posicionando como um dos mais ativos do mercado de moda no Brasil. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), esse segmento representa 15% da produção total de vestuário no país. Para suprir a demanda de mais de 39 milhões de crianças entre 0 e 14 anos, são fabricadas em média 1 bilhão de peças por ano, das quais as confecções de artigos femininos representam 70% do total das vendas. Com um crescimento que se mantém a 6% ao ano, só em 2005 o setor faturou US$ 2,4 bilhões (cerca de R$ 5 bilhões).

Segundo a entidade, é impossível mensurar quais são as maiores empresas do nicho devido à falta de fornecimento de dados por parte delas. Entretanto, a Abit destaca o grupo Marisol, que detém diversas etiquetas, entre elas a Lilica Ripilica e a Tigor T. Tigre; a Hering, com a PUC; a tradicional Noruega e o grupo Tinkerbell, detentor das marcas Green by Missako e You by Mo.

Uma das mudanças mais significativas no setor, nos últimos anos, foi a modernização das empresas. "Com as reformulações que fizemos na distribuição e no maquinário, desde os anos 80, produzimos 35 mil peças por mês e voltamos há quatro anos a trabalhar com multimarcas. Além disso, já temos dez lojas próprias e até o final de 2009 pretendemos sedimentar os projetos de franquias", diz Boris Feldman, diretor comercial da Petistil.

Outra forte mudança está relacionada à criação e ao estilo das peças. "Antes a moda infantil tinha a mesma cara, era uma reedição de várias coleções. Hoje, a criança procura estímulos e quer ser seduzida pelo novo", afirma Solange Meneghel, dona da Bicho Comeu.

Até os anos 80 os pais tinham o completo poder de decisão. Hoje, segundo dados da Abit, 80% das crianças brasileiras influenciam os pais no momento da compra. "Nos anos 90, com a maioria dos pais trabalhando, eles passaram a dar aos filhos poder de escolha como uma forma de aliviar a ausência. Atualmente, já detectamos que os pais escutam a opinião da criança, mas analisam e chegam juntos a um acordo", explica Márcia Missako Oura, diretora de marketing e criação do grupo que compõe a Green by Missako e a You by Mo.

O mercado nacional ainda é o foco de quase todas as empresas, contudo algumas já estão de olho na internacionalização. A You exporta em média 6% da produção total de 120 mil peças confeccionadas por ano para os EUA, Europa, Japão e Arábia Saudita. A Green, com duas lojas próprias em Portugal e mais duas na Arábia Saudita, exporta de 8% da produção total de 280 mil itens ao ano para a Europa, os EUA e o Japão.

Um dos cases de maior sucesso é o da Marisol, com as marcas Tigor T. Tigre, para meninos, e Lilica Ripilica, para meninas –única a desfilar em um grande evento de moda, o Fashion Rio. As duas marcas produzem cinco milhões de peças por ano, exportando 6% desse total. Já têm lojas conjuntas na Guatemala, Peru, Colômbia, México e no Oriente Médio. "Na Europa, optamos por abrir lojas apenas da Lilica", diz Robson Amorim, diretor comercial do grupo Marisol. Em 2006, a Lilica Ripilica ganhou uma loja em Milão e, neste mês, abrirá outra em Nápoles (Itália).

Grifes brasileiras para adultos também já detectaram o potencial desse mercado, a exemplo de algumas badaladas etiquetas internacionais, como Dior (Dior Baby) e Marc Jacobs (Little Marc). Algumas marcas do país já vendem linhas infantis, como Vide Bula, Ronaldo Fraga e a estilista Adriana Barra, com a Boo Boo. "A linha nasceu por causa dos pedidos das minhas clientes, que queriam que suas filhas vestissem peças como as delas", conta Adriana.

por Henriete Mirrione
foto Filipe Redondo

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