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Cobrança renova ensino público


 


Cobrança renova
ensino público


Lideranças e relação próxima com pais
garantem bom desempenho

Ed Viggiani/Folha Imagem
Professor e aluna da escola estadual Ascendino Reis, em aula de computação

DA REPORTAGEM LOCAL

Participação dos pais, presença de uma liderança atuante, interesse dos professores por cursos de capacitação e transparência na decisão sobre o destino das verbas recebidas. Esses são, na avaliação da Secretaria de Estado da Educação, os itens que fazem uma escola pública se destacar das demais.

Diferentemente do que acontece nos colégios particulares, o critério para matrícula nas escolas públicas leva em conta a proximidade da escola com a residência do aluno ou com o local de trabalho dos pais. Como não há vestibulinhos na rede pública para as escolas mais disputadas, nem sempre é possível matricular a criança nos estabelecimentos considerados os melhores.

Com isso, sobra para o pai que não conseguir matricular o filho na escola desejada o consolo de que as escolas públicas da rede estadual de São Paulo recebem a mesma verba por aluno por ano. Logo, o que faz uma escola melhor não é a verba que ela recebe.

Desde que a Secretaria da Educação do Estado começou em 1996 a avaliar a qualidade das escolas públicas por meio do Saresp (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar de São Paulo), os resultados comprovam uma tese defendida por dez entre dez educadores: as escolas que mantêm uma relação próxima à comunidade apresentam os melhores resultados.

Na última avaliação, em 1998, apenas 13 das 400 melhores escolas na avaliação eram da cidade de São Paulo (veja quadro nesta página). A maioria das escolas bem avaliadas está em municípios pequenos, onde a participação e a cobrança da comunidade são maiores.

“A fiscalização e a cobrança de cada pai nas escolas é muito mais eficaz do que qualquer operação centralizada na secretaria”, diz o secretário-adjunto da Secretaria da Educação do Estado, Hubert Alquéres.

Além da participação dos pais, Hubert afirma que uma das características em comum nas melhores escolas públicas é a presença de alguma liderança.

“Geralmente é fácil identificar que a escola tem uma figura forte, como um diretor, um coordenador, um pai ou outra pessoa que chama para si a responsabilidade”, afirma o subsecretário.

Para melhorar a qualidade de cada escola, Alquéres orienta o pai a cobrar das escolas a publicação dos balanços financeiros da instituição. “O diretor tem o dever de deixar as contas transparentes, para que os pais opinem sobre o destino das verbas”, diz.

Uma das principais diferenças entre as escolas públicas e as particulares é que em São Paulo, apesar de a rede pública ser dez vezes maior do que a privada, há menos diversidade entre as escolas mantidas pelo poder público.

“Uma escola particular pode se dar ao luxo de se preocupar em atender principalmente uma comunidade religiosa, por exemplo. Isso não é possível na pública”, diz Alquéres.

No entender da educadora Regina de Assis, a escola pública, justamente por ter um caráter mais pluralista, precisa saber trabalhar com diferentes perfis de alunos. “A escola tem que estar preparada para trabalhar com essa diferença, já que ela não pode atender apenas uma clientela”, diz Regina.

Apesar da necessidade de atender todo tipo de aluno, cada escola tem, ao menos no papel, autonomia para desenvolver atividades extracurriculares.

Foi o que fez a escola estadual Professor Ascendino Reis, no Tatuapé (zona leste de São Paulo), uma das mais procuradas pelos pais na rede pública em São Paulo. A escola tem hoje 2.200 jovens no ensino médio e 77 professores. Entre outras atividades, desenvolve aulas de teatro, que não fazem parte do currículo obrigatório.

Outros exemplos de trabalhos extracurriculares são as visitas a museus ou a parques de diversão. “A escola que sabe usar essas atividades para ensinar o conteúdo de sala de aula estimula o aluno, mas nem todas aproveitam essa oportunidade”, diz o secretário-adjunto. (Antônio Gois).


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