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VILA MARIA

Na região, a preocupação com pavimentação só perde para o item segurança, o principal problema para 36%

Falta de calçamento incomoda
mais que desemprego

João Wainer/Folha Imagem
A dona-de-casa Cristina Creusa da Silva, moradora da Vila Maria, que foi atropelada e reclama da falta de calçamento no bairro

REPORTAGEM LOCAL

A dona-de-casa Cristina Creusa da Silva, 28, passou dois meses em uma cama, sem conseguir andar, após ser atropelada em frente ao barraco onde mora, na Vila Maria (zona norte de São Paulo).

Quebrou as duas pernas e ainda traz as marcas do acidente, uma cicatriz de aproximadamente cinco centímetros na testa, perto do olho direito, além de várias outras espalhadas pelo corpo.

É que não há calçamento ao longo de cinco quadras no final da avenida do Poeta, no Jardim Julieta, ao redor de um bolsão de favelas que vem crescendo no bairro. Moradores caminham lado a lado com carros e caminhões na rua, incluindo trechos onde a iluminação é precária e dificulta a visão dos motoristas.

Cristina estava conversando perto da sarjeta com outros moradores, a poucos centímetros da rua, quando foi atingida.

O motorista, de acordo com ela, era um garoto de 14 anos que dirigia irregularmente. ‘‘Não dá para dar bobeira com criança aqui, porque os carros passam em alta velocidade. Nenhum pai deixa o filho ir sozinho para a escola’’, diz.

A dona-de-casa tem quatro filhos, com idades entre 2 e 13 anos.

O acidente ocorreu há cinco anos, mas, segundo ela, a situação da rua pouco mudou. Pior, as casas e barracos avançaram de forma desordenada para as ruas.

Preocupação

Segundo a pesquisa do Datafolha, a ausência de calçadas (7%) incomoda mais que o desemprego (4%) e a falta de coleta do lixo (5%), perdendo apenas para a questão da segurança (36%).

O item calçamento inclui também a situação de asfaltamento e de buracos no bairro.

Ao analisarem apenas os problemas da cidade, o item calçamento cai para a sétima posição no ranking do Datafolha, prova que o problema está mais concentrado na Vila Maria.

A situação das ruas ao redor das casas de alvenaria que circundam a favela onde Cristina foi atropelada não é muito diferente. Sobra pouco mais de meio metro em boa parte das calçadas para o pedestre caminhar livre dos carros.

A Vila Maria é a terceira região em número de habitantes em São Paulo, onde vivem cerca de 749 mil pessoas _7,61% da população, segundo o IBGE.

Essa área, número cinco para o Datafolha, abrange os bairros Tremembé, Mandaqui, Tucuruvi, Vila Medeiros, Vila Guilherme, Vila Maria e Jaçanã.

Cidade

Segundo a Secretaria Municipal de Vias Públicas, a gestão Jânio Quadros (83 a 88) pavimentou 500 km de ruas em São Paulo. A ex-prefeita Luiza Erundina concluiu 440 km em seu mandato (89 a 92), enquanto Paulo Maluf (93 a 96) fez 430 km. Celso Pitta, de 97 até junho passado, fez 340 km de pavimentação.

Pelas estimativas da secretaria, ainda faltam 5.000 km de vias para serem asfaltadas e outros 2.000 km em áreas de ocupações irregulares, o que impede a realização de obras de melhorias públicas por parte da prefeitura.

Seguindo ritmo de pavimentação de 100 km ao ano, que foi a média das últimas quatro administrações, o município deve levar 50 anos para asfaltar todas as ruas que faltam, excluindo as ruas em loteamentos clandestinos.

Além da falta de asfalto, outro problema que incomoda os moradores é a presença de buracos. Segundo a Secretaria das Administrações Regionais, surgem diariamente em São Paulo cerca de 1.500 buracos novos. Em épocas de chuva, por quase quatro meses seguidos, esse número dobra.

A assessoria da secretaria informou que somente este ano, até julho, foram tapados 375,3 mil buracos na capital, o que dá uma média de 53.624 por mês ou 1.787 por dia, sem que o problema fosse resolvido por completo.

Positivo

Transporte público, saúde e saneamento básico são as áreas da Vila Maria em que os entrevistados do Datafolha perceberam melhora ao analisar os problemas do bairro, isso se comparados os dados da pesquisa feita em 96 com o atual resultado.

Há quatro anos, 7% dos eleitores colocaram o transporte, 6% a falta de hospitais e postos de saúde e 4% a carência de saneamento entre os seis problemas mais sérios da Vila Maria. Agora, a percepção dessas falhas caiu para 4%, 3% e 2%, respectivamente.

Apesar disso, caiu o número de eleitores que dizem não ver problemas no bairro, de 17% para 13% dos entrevistados.

Violência

A Vila Maria está entre as sete regiões, das 19 pesquisadas pelo Datafolha em São Paulo, que ficaram abaixo da média em relação às medidas que tomam contra a violência _60% afirmaram evitar ruas, locais ou pessoas após o escurecer, com medo.

Outro item favorável é a exposição aos roubos. A quantidade de pessoas que disseram não terem sido assaltadas nos últimos 12 meses ficou um ponto percentual acima da média da capital.

A porcentagem daqueles que disseram ter um amigo ou alguém da família assassinado nos últimos 12 meses ficou exatamente na média de São Paulo: 26%.

A região tem um único bairro com índice de assassinatos por 100 mil habitantes acima da média da capital. É o Jaçanã, com índice de 76,39.

A delegacia mais bem colocada no ranking dos assaltos é 19º DP (Vila Maria), na 30ª posição (veja quadro ao lado). A ocorrência desses crimes no bairro, entre outros fatores, contribui para agravar a sensação de insegurança.


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