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JABAQUARA
No
bairro de Pedreiras, foram feitos vários pedidos e abaixo-assinados à
regional, mas asfalto ainda não chegou
Pavimentação é apenas
uma promessa há sete anos
Adriana
Elias/Folha Imagem
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Rua
Fortúnio Gallo, em Pedreira, na zona sul da cidade, onde
a prefeitura construiu apenas guias
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DA
REPORTAGEM LOCAL
As
guias e sarjetas estão no lugar há pelomenos sete anos, mas o asfalto
ainda é promessa, prontamente renovada em período eleitoral. Dez anos
antes, a rua era só barro. Agora, ao menos, há cascalho. Mas os moradores
já não acreditam mais em palavras.
Pedidos já foram encaminhados para a administração regional, mas o processo
se arrasta há anos. Moradores das ruas Fortúnio Gallo, Francisco Enes
e Angelo Montecelli, em Pedreira, na zona sul, já fizeram seis abaixo-assinados,
recorreram a vereadores, fizeram manifestação, mas o asfalto não veio.
Pedreira é um dos bairros agregados na pesquisa Datafolha na região do
Jabaquara, juntamente com Santo Amaro, Jabaquara, Campo Grande, Socorro
e Cidade Ademar. Na área, a falta de pavimentação foi apontada como principal
problema por 8% dos entrevistados do Datafolha.
Em Pedreira, a perspectiva é que as obras comecem no próximo mês. Foi
assim também há sete anos. A promessa chegou com as guias e sarjetas,
mas a pavimentação não aconteceu. “Será que desta vez vai?”, questiona
Denise Cahtura, que há 17 anos mora no local.
Numa volta pela região dá para entender as razões das queixas da população.
Muitas ruas ainda são de terra, e as asfaltadas têm muitos buracos.
A prefeitura chegou a afixar placas de propaganda no bairro anunciando
a pavimentação, mas depois, quando percebeu que não faria a obra, acabou
retirando a publicidade.
Mas a falta de asfalto seria até problema fácil de encarar não fosse um
tormento ainda maior para os moradores desses bairros.
De acordo com a pesquisa Datafolha, 44% dos moradores apontam a falta
de segurança como o principal problema da região. A pesquisa demonstrou,
por exemplo, que 26% foram assaltados nos últimos 12 meses.
A família Baioqui é uma das testemunhas desses números. O marceneiro Luiz
Valdemar Baioqui, 45, já teve sua casa assaltada. Seu irmão, Antonio,
também já perdeu o carro para os ladrões. A mulher de Antonio, Vera, foi
assaltada duas vezes quando voltava do serviço, por volta das 19h.
“Toda noite vou esperar minha filha que volta da escola, às 23h30, porque
não podemos descuidar”, disse Antonio. Luiz também só consegue dormir
sossegado quando seu filho chega a sua casa.
O bairro teve um morador que se tornou ilustre, principalmente pela violência
com a qual agia. Florisvaldo de Oliveira, conhecido como cabo Bruno, morava
na rua Jamil Jorge Daniel. Ele foi condenado a 75 anos de prisão pela
Justiça Militar e a mais 32 pela Justiça comum sob a acusação de comandar
um esquadrão de extermínio na zona sul.
Uma moradora que não quis se identificar, no entanto, afirma que “no tempo
dele não havia tanta insegurança”. Mas a condenação dele é uma demonstração
de que suas ações estavam longe da prática da justiça social.
A pesquisa Datafolha demonstrou que a preocupação com a violência na região
aumentou dez pontos percentuais desde o último levantamento, em agosto
de 1996. Na ocasião, 34% dos entrevistados apontaram a falta de segurança
como maior problema.
Por outro lado, o índice das pessoas que consideraram a falta de pavimentação
como o principal problema manteve-se o mesmo. Em 1996, 8% responderam
que essa era a principal dificuldade na região, mesmo percentual registrado
nesta pesquisa.
No bairro de Cidade Ademar, o drama é o mesmo. Na rua Judite Menzione,
o cascalho faz as vezes do asfalto. A ladainha é idêntica à dos moradores
do bairro Pedreira _reclamações na administração regional, abaixo-assinados
e promessas.
“Para a prefeitura, esta rua já está asfaltada”, disse a dona-de-casa
Raimunda Matos da Cunha, 39. Todas as ruas próximas à Judite Menzione
já estão pavimentadas há anos, mas ela permanece intocada pela prefeitura.
A falta de segurança é constante no bairro. Na mesma rua, apesar de três
postes, somente um tem iluminação. Por causa disso, os assaltos são constantes.
A vizinha de Raimunda já foi assaltada. Ela conta que um caminhão parou
em frente à sua casa e levou tudo. Na esquina, um sacolão é “visitado”
pelos assaltantes pelo menos uma vez a cada dois meses.
“Polícia por aqui é um milagre”, diz Raimunda. Políticos, no entanto,
são frequentes, principalmente nesta época do ano. Mas, se depender de
Raimunda, vai ser difícil conseguirem votos na região.
(CHICO DE GOIS)
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