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22/04/2006 - 09h22

Nos últimos anos, Telê Santana preferia novelas a jogos

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PAULO PEIXOTO
RICARDO PERRONE
da Folha de S.Paulo

Famoso por dedicar-se ao futebol em tempo integral como treinador, Telê Santana passou os últimos anos de sua vida afastado do esporte que o consagrou.

Antes da internação que durou cerca de um mês e culminou com sua morte ontem, ele acompanhava mais novelas do que jogos de futebol na televisão.

Devido às seqüelas de uma isquemia cerebral e debilitado pela amputação de uma perna, Telê também isolou-se dos tempos de clubes e de seleção.

"Ele passou a ter uma vida muito caseira. Como estava sempre rodeado pelas mulheres da família, assistia a novelas. Pouco futebol", conta o filho Renê Santana. "Antes, quando ele era mais novo e só tinha uma TV em casa, o futebol sempre ganhava da novela."

Não que o técnico da seleção tivesse perdido o gosto de futebol. Quando acompanhado por Renê, conversava sobre futebol e até acompanhava alguns jogos.

Ontem, no final da tarde, personagens do mundo do qual Telê estava longe começaram a render-lhe as últimas homenagens no velório em Belo Horizonte. O enterro será hoje, às 11h, no Cemitério Parque da Colina, no bairro de Nova Cintra, na zona oeste.

O ex-atacante Dario, o Dadá Maravilha, foi um dos primeiros a chegar. "Foi ele quem me ensinou o posicionamento na área. Devo muitos gols ao Telê", contou o atacante, campeão do Brasileiro de 1971 com o técnico, atuando pelo Atlético-MG.

"Como esportista, sinto de forma profunda, pois alguns dos melhores momentos que o futebol brasileiro viveu foram sob o comando de Telê. Arte e disciplina conjugadas", disse o governador de MG, Aécio Neves (PSDB).

Em seguida chegaram Carlos Alberto Silva, ex-técnico da seleção, e Paulo César Gusmão, atual técnico do Cruzeiro. Clubes dos quais Telê teve pasagem marcante, como Fluminense (como jogador) e São Paulo (como técnico), enviaram representantes ao enterro, assim como a CBF.

Carlos Alberto Parreira não estará presente, porque já tinha viagem para a Europa marcada para hoje. Paulo Zagallo, filho do coordenador técnico da seleção, telefonou em nome de seu pai para os parentes de Telê, que falaram ontem sobre seus últimos dias.

"Foram momentos de sacrifício da vida dele, mas com eles nós começamos a nos habituar com o sofrimento que seria causado pela perda dele", disse Renê.

Os problemas com a saúde de Telê Santana começaram há dez anos, mais precisamente em janeiro, quando se licenciou do São Paulo. Em maio daquele ano, os problemas se agravaram por causa de uma isquemia cerebral temporária (falha circulatória em uma pequena parte do cérebro).

O AVC (acidente vascular cerebral) tirou Telê do futebol, embora ele tenha mantido por meses a esperança de voltar aos campos.

Ainda se recuperando do grave problema de saúde, o Palmeiras, no final de 1996, anunciou que queria tê-lo como treinador. Telê ficou agradecido com o Palmeiras e queixou-se pelo fato de o São Paulo "não acreditar" na sua recuperação, conforme a coluna dominical que assinava na Folha de S.Paulo.

Intitulada "Novo Desafio", de 22 de dezembro daquele ano, Telê falava em mais títulos. Pensava alto. Queria levar o Palmeiras ao título mundial em Tóquio. "Parto em busca do tricampeonato", escreveu ele, referindo-se aos dois títulos mundiais que conquistara com o São Paulo.

O termo de compromisso com o time do Parque Antarctica foi assinado em janeiro de 1997, mas em abril, sem assumir, Telê achou melhor desfazer o compromisso, atendendo a apelo familiar. Ainda estava debilitado, caminhava com ajuda. Dizia que estava com 50% da sua capacidade física.

Nesses dez anos, Telê se internou três vezes no hospital Felício Rocho. A vez anterior tinha sido em dezembro de 2003, quando se submeteu a uma cirurgia para amputação do pé e parte da perna esquerda, devido a problemas de má circulação do sangue.

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