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18/08/2006 - 11h00

Festa por título da Libertadores domina Porto Alegre

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MÁRVIO DOS ANJOS
TONI ASSIS
da Folha de S.Paulo, em Porto Alegre (RS)

Na festa do título do Internacional sobre o São Paulo, o presidente Fernando Carvalho perdeu a carteira com dinheiro, cartões e documentos no gramado do Beira-Rio. Em compensação, ganhou o primeiro sinal de que o clube enfim é campeão da América.

Na madrugada de quinta-feira, Carvalho recebeu de Pedro Morgado, da Reebok (que veste Inter e São Paulo), a primeira camisa colorada com o distintivo da Conmebol na manga --direito do campeão.

"Só falta saber onde vamos botar a nova estrela. Talvez façamos um concurso no site", afirmou Carvalho, enquanto entrava para a história. "Ainda não caiu a ficha".

Conselheiros que passavam observavam a camisa com orgulho e alguns se dirigiam ao dirigente, que normalmente é visto em ternos, por um apelido. "Mas que chinfra, hein, Pingüim?!"

Até a decisão continental, a versão oficial era a de que o Inter não se preocuparia com a nova estrela até quinta. Em momento mais extravasado, Carvalho revelou que até a camisa que o time usará no Japão, durante a disputa do Mundial da Fifa, já estava escolhida antecipadamente. "O modelo é lindo."

Regada a garrafas de espumante produzido no Rio Grande do Sul, trazidos pouco a pouco por Newton Drummond, diretor executivo do futebol, a festa no vestiário tinha contornos tão profanos quanto sacros.

Separados por uma porta de vidro, os jogadores do Inter, muitos de sunga, alguns nus, batucavam e jogavam água nos fotógrafos. As letras dos sambas eram evangélicas.

Alguns jogadores se reúnem em um grupo de leituras da Bíblia, por iniciativa do lateral Ceará, que já fez trabalho parecido no São Caetano e no Coritiba.

"Normalmente, cantamos esses louvores em ritmo mais lento, mas como tinha um pandeiro lá a gente acabou improvisando em ritmo de samba", afirmou o lateral, que não seguiu para a churrascaria onde seria a festa da vitória. "Tenho um casal de filhos pequenos."

Enquanto o samba rolava solto, o zagueiro Índio, cuja escalação na final foi mantida sob mistério por Abel Braga até a hora do jogo, abriu a Bíblia no livro de Ezequiel, levantou as mãos para os céus e agradeceu a Deus. "Eu tinha uma vida atribulada, problemas com minha mulher. Hoje sou um homem muito melhor. O importante é Deus, o resto não interessa", disse ele.

Índio revelou que sua escalação contra o São Paulo estava garantida desde o dia seguinte à vitória por 2 a 1 no Morumbi. "O Abel já tinha me dito, mas tínhamos que esconder", confessou.

Muitos torcedores conseguiram se infiltrar e ainda esperavam a saída dos jogadores no Beira-Rio, mas àquela altura, às 2h da manhã, Porto Alegre já exibia sua metade vermelha em toda rua que tivesse um movimento. Mas na avenida Goethe que o carnaval era mais evidente.

No reduto das festas do futebol gaúcho, encontrar uma cerveja às 3h com os ambulantes era impossível. Nos bares, muitas filas. No som, o hino do clube --em ritmo original, funk, forró, reggae-- saindo de carros e trio elétrico.

"Guria, sabes que tu ficas linda de campeã da América?", gritava o estudante de direito e gaiato Hermano Keller, 25, a duas moças que passavam com faixas do título. Entre os torcedores, até celebridades locais, como o vocalista Beto Bruno, 32, da banda de rock Cachorro Grande, estava presente. Sozinho, recebia cumprimentos de fãs e tirava fotos a cada cinco passos.

"A cerveja acabou porque achavam que era festa da torcida do Grêmio. Ninguém bebe", provocava. "É o Inter!"

Desde segunda em Porto Alegre, a reportagem da Folha de S.Paulo não viu camisas do Grêmio pelas ruas. Tricolores, como o taxista Romeu Birchols, sussurravam. "Estou traumatizado. Não agüento mais vermelho." Tinha só começado.

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