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13/09/2006 - 06h00

Gandulas bagunçam o futebol de São Paulo

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PAULO COBOS
da Folha de S.Paulo

Foi uma cena insólita, mas que está longe de ser novidade no futebol paulista.

O gandula que "marcou um gol" para o Santacruzense em jogo contra o Sorocaba pela Copa FPF, confronto que terminou empatado em 1 a 1, é mais um a engrossar a enorme lista de problemas causados pelos repositores de bola.

Clique aqui para ver o vídeo do gol do gandula no You Tube.

Só em 2006, as atas dos julgamentos do TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) somam quase 2.500 dias de suspensões para gandulas, categoria que ainda bate o recorde de eliminações eternas do futebol em São Paulo neste século, algumas delas justamente para "gandulas artilheiros".

A chance de absolvição deles não chega a 10%. Quase todos são citados em artigos graves, como agressão, ofensas ao árbitro e invasão do vestiário do juiz. Mas também em faltas menos graves, como passar instruções para jogadores.

Um gandula citado no mesmo artigo do código disciplinar tem muito mais chances de receber uma punição pesada do que um nome famoso. No Paulista-06, Vanderlei Luxemburgo, do Santos, não foi suspenso (só recebeu multa) da acusação de tratar "de forma desrespeitosa autoridades ou juízes", com o agravante de que fez isso por meio da mídia. Gandulas citados no mesmo artigo receberam penas de 180 dias.

"Todo caso envolvendo gandula é grave", diz Naief Saad Neto, o presidente do TJD paulista. Ele lamenta que nunca seja possível culpar os clubes pela ação dos gandulas, pois seria impossível apontar os times como mandantes dos problemas causados pelos repositores de bola. "Nem adianta multá-los, porque eles não pagam. O jeito é a eliminação ou penas pesadas", afirma Saad Neto.

No caso do Santacruzense, que ganhou grandes proporções por ter sido filmado, a federação agiu antes do tribunal.

A entidade anunciou ontem que suspendeu "todos os mandos de jogos do Santacruzense até o final da Copa FPF, além de multa de R$ 50 mil pela escalação do gandula que teve uma atitude antidesportista durante a partida".

O gandula que chutou a bola para o gol se chama José Carlos Vieira, tem o apelido de Canhoto e 51 anos. A proibição de crianças trabalharem como gandulas, aliás, é um dos motivos apontados por Saad pela proliferação de problemas com os repositores de bola.

Canhoto diz que só chutou a bola depois que o bandeirinha Marco Antonio de Andrade Motta Jr. e a juíza Silvia Regina haviam validado o gol --a bola não havia entrado, e sim batido na rede pelo lado de fora.

"Eu fui devolver a bola. Aí vi o gol e resolvi chutar. Bati de perna esquerda, porque, como diz meu apelido, sou canhoto", diz Vieira, que trabalha numa escolinha de futebol em Santa Cruz do Rio Pardo. Ele não é remunerado pelo trabalho de gandula. Diz que, em troca do serviço, ganha o direito de levar os meninos da escolinha ao campo do Santacruzense.

Ele não teme uma punição. "Foi uma coisa normal."

Mas, segundo o TJD, seu caso, que não foi citado na súmula do jogo, será levado para o tribunal e ele pode até ser banido do futebol profissional.

Penas mais brandas vão receber Silvia Regina e o bandeirinha. Segundo o coronel Marcos Marinho, o responsável pelo apito paulista, os dois cometeram uma falha grave e devem ficar afastados por 20 dias.

Silvia Regina não citou o gandula na súmula, mas justificou a expulsão de um jogador do Sorocaba que reclamava do gol contra seu time. Segundo ela, o atleta, antes de soltar um palavrão pesado, disse ao bandeirinha: "Seu safado, sem vergonha, não viu que não foi gol?".

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