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01/12/2006 - 10h47

Estádio do Pan atrasa, e custo já é cinco vezes maior

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MÁRIO MAGALHÃES
SÉRGIO RANGEL
da Folha de S.Paulo

O "Diário Oficial do Município do Rio de Janeiro" anunciou no dia 15 de janeiro de 2003: o estádio olímpico a ser construído para os Jogos Pan-Americanos custaria R$ 60 milhões e ficaria pronto até o fim de 2004.

Quase quatro anos depois, o preço do estádio disparou para R$ 350 milhões e, com sorte, ficará pronto em maio, dois meses antes dos Jogos. O salto do gasto da Prefeitura do Rio será de 361% a mais, considerada a previsão original, corrigida pelo IPCA, em R$ 76 milhões (valor de outubro de 2006). Arredondando, o custo aumentou cinco vezes.

Muitas parcelas de desembolso da prefeitura, se atualizadas pela inflação, indicariam preço real superior aos R$ 350 milhões nominais. Não foi possível obter a data de todos os pagamentos. Com cerca de 6.500 atletas e técnicos estrangeiros, o Pan do Rio será um dos maiores eventos esportivos já realizados no Brasil.

As provas de atletismo serão disputadas no estádio olímpico João Havelange, conhecido como Engenhão por ficar no bairro do Engenho de Dentro (zona norte). Será com folga o mais moderno estádio nacional e talvez da América Latina, a despeito de problemas.

A evolução do custo do Engenhão é um inventário de estouros. Depois do valor divulgado em janeiro de 2003, em dezembro daquele ano o prefeito Cesar Maia citou novo número, no lançamento da pedra fundamental: R$ 166 milhões (equivalentes a R$ 194 milhões em outubro).

Com aumentos sucessivos, a estimativa no mês passado chegou a R$ 315 milhões. O secretário de Obras do Rio, Eider Dantas, agora informa nova mudança: R$ 350 milhões, oriundos dos cofres municipais, até o término das obras.

A conclusão do Engenhão é outra novela. A previsão de fim de 2004 pulou --na cerimônia da pedra fundamental-- para o segundo trimestre de 2005.
Passou depois para dezembro de 2006 e era, até alguns dias atrás, março de 2007.

Dantas revelou à Folha o novo prazo: 15 de maio do ano que vem --o Pan-Americano começará em 13 de julho. Orçamentos descumpridos acontecem, mas não são regra na construção de arenas esportivas. Em 2004, a China interrompeu as obras do estádio de Pequim, principal palco da Olimpíada de 2008, para refazer o projeto e cortar custos.

O moderníssimo estádio, com 91 mil assentos e projetado por arquitetos suíços, sairá pelo equivalente a pouco mais de R$ 800 milhões.

A construção do Engenhão enfrentou numerosos obstáculos. Um deles foi a descoberta de uma adutora sob o terreno. A pista de atletismo desenhada teve que sofrer alterações para contar com uma raia a mais --nove, em vez de oito.

O anel da arquibancada foi concluído somente após o município pagar R$ 6 milhões pela desapropriação de uma área vizinha. Por mais de um ano os trabalhos desaceleraram por falta de recursos.

Houve três licitações para diferentes fases da obra. Um consórcio reúne as empreiteiras Delta, Recoma e Racional. Outro, OAS e Odebrecht.
Mesmo com todo o investimento, o edifício-garagem erguido a poucos passos do estádio tem capacidade para apenas 1.660 vagas.

Uma das aspirações da prefeitura é que o Engenhão receba partidas da Copa de 2014, se o evento ocorrer no país (o estádio já nascerá com um campo de futebol). A Fifa exige 15 mil vagas. A solução seriam estacionamentos nas adjacências. Outro problema é que as ruas em torno do estádio são estreitas, o que dificulta o acesso.

No atual estágio da obra, o Engenhão já aparece imponente, ainda sem as 45 mil cadeiras a serem instaladas.

Foi colocado um dos dois arcos tubulares que vão sustentar as coberturas de folha dupla de alumínio --todos os assentos serão cobertos.
Entre as diferenças com estádios antigos, haverá dois telões, sistema de fornecimento de energia com recurso "anti-interrupção" e 288 lugares para cadeiras de rodas.

Especial
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