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03/01/2007 - 10h29

Declaração de Lula prejudica o Pan do Rio, diz Cesar Maia

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RAPHAEL GOMIDE
da Folha de S.Paulo, no Rio

O prefeito do Rio, Cesar Maia, criticou duramente a afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que qualificou a onda de ataques da semana passada de "terrorismo".

Para ele, o termo usado pelo presidente e disseminado por agências internacionais prejudica a imagem do país no exterior no ano do Pan e a intenção de abrigar novas competições esportivas e eventos em geral.

"Se há um ponto que diferencia o Brasil internacionalmente é que nem por ameaça existe no Brasil qualquer sinal de terrorismo. É esse um ponto forte para o Brasil atrair grandes eventos, políticos, temáticos e esportivos. Aliás, esse foi um ponto que diferenciou o Rio de San Antonio/Texas na conquista do Pan e que elimina a Colômbia da Copa de 2014", escreveu Maia no boletim eletrônico que distribui a assinantes.

O prefeito lembrou que o Rio, alvo dos ataques, é candidato a sediar a Olimpíada de 2016 e a de ser "capital-Maracanã" da Copa do Mundo de 2014.

Em entrevista por e-mail à Folha, afirmou que o Pan-2007 não será prejudicado, porque o Rio já está definido como sede, mas "dependendo dos desdobramentos [a afirmação] pode prejudicar a conquista de outros grandes eventos".

"Lula resolve usar esta expressão -terrorismo-em relação ao Brasil, e mais, em relação ao Rio, sede do Pan, candidato a Olimpíada de 2016 e capital-Maracanã da Copa de 2014. Lula acaba de inserir o Brasil no roteiro terrorista internacional. É a chave de ouro de sua lombrosiana política externa."

O prefeito argumenta que quando a imprensa internacional usa a expressão "terrorismo" se refere a grupos com referências ideológicas, sejam religiosas ou políticas.

Cesar Maia afirmou que a onda de violência não põe em risco a segurança da cidade no Pan. "Não há relação. Não há sequer onda, mas atos direcionados a atemorizar as milícias e seu crescimento", declarou.

Para as pesquisadoras Jacqueline Muniz e Alba Zaluar, os atos ocorridos no Rio se encaixam, sim, na definição de terrorismo. "São atos de terror: têm dimensão publicitária, alvos civis em locais públicos e com o objetivo de criar sensação de que a ameaça é onipresente e onipotente", explica Muniz.

"É compreensível que uma autoridade se preocupe com o nome pelo conforto político, mas a discussão sobre o nome que se dá é estéril, porque não muda a gravidade do fato e o problema é o mesmo", completa a coordenadora do grupo de Estudos de Segurança Pública e Justiça Criminal da Universidade Cândido Mendes e ex-diretora da Secretaria Nacional de Segurança Pública.

A antropóloga Alba Zaluar, coordenadora do Núcleo de Pesquisa das Violências da UERJ, acredita que a imagem do Brasil "já está péssima no exterior e não será uma declaração do presidente Lula que fará com que piore".

"Não há outra explicação. Queimar ônibus com pessoas dentro e vai-se deixar de empregar a palavra?", disse.

Segundo ela, o prejuízo causado pela violência é sentido diariamente pela população, comércio e empresas, que saem do Rio ou têm gastos extras destinados à segurança em vez de investimentos.

Para Jacqueline Muniz, a segurança da cidade durante o Pan não está ameaçada pela onda de violência.

Ela elogiou a "sensibilidade" do governador Sérgio Cabral de pedir ajuda ao governo federal. "Países com ações de guerrilha ou terror realizaram grandes competições sem problemas. Trata-se de cooperação e preparação.

Em Atlanta-96, policiais de outros Estados foram contratados para atuar durante os Jogos, por exemplo. O Pan só estaria ameaçado por incompetência ou por razões políticas", disse a especialista.
 

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