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28/03/2007
-
11h14
RICARDO PERRONE
RODRIGO MATTOS
da Folha de S.Paulo
Ao chegar a São Paulo, nesta quarta, a caravana da CBF para escolher sedes da Copa do Mundo de 2014 deixa de lado o Morumbi, maior praça esportiva do Estado. Dados do estádio e atitudes da confederação mostram que a decisão é política.
A ser confirmado como sede do Mundial em novembro pela Fifa, o Brasil tem cidades visitadas pela confederação para definir sedes. Mais rico Estado, São Paulo será a 11ª parada, com reunião hoje entre o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o governador José Serra.
Esse encontro tem como pano de fundo a antiga disputa entre a CBF e o São Paulo, que afeta o Morumbi. A diretoria são-paulina cobra dívida da entidade, referente a salários de jogadores na seleção. Atletas, por sinal, que a CBF engajou na campanha pela Copa-2014 --Dunga dirigiu o time contra Gana com camisa promocional.
Os são-paulinos foram um dos poucos que não votaram pela reeleição de Teixeira para o cargo. Desde então, há críticas mútuas nos bastidores.
Oficialmente, a confederação não vetou estádios para o Mundial. E nem deve fazê-lo agora. Mas são procuradas alternativas no Estado pelas quais a CBF tenha mais poder de interferência. Já o São Paulo quer investir dinheiro próprio e lutar por verbas, da Fifa e do BNDES, para reformar sua praça.
"É prematuro dizer que há critério político na escolha das sedes da Copa. Por enquanto, há indícios", afirmou o consultor da presidência do São Paulo João Paulo de Jesus Lopes.
Nos bastidores, funcionários do Ministério do Esporte que trabalham na candidatura à Copa temem que a CBF seja política na definição de sedes, o que tentam minimizar.
Para a confederação, será a Fifa quem decidirá as sedes --e os estádios. Mas essa escolha se dará dentro de uma lista a ser elaborada por grupo criado pela CBF. Procurada pela reportagem, a assessoria da entidade não respondeu ao contato.
Fato é que existem mais do que indícios de que a CBF usa critério político. Fora das eliminatórias da Copa de 2010 até agora, o Morumbi não foi vistoriado por inspetores da Fifa, que viram quatro estádios.
Dirigentes da confederação nunca fizeram verificação no estádio. Mesmo assim, Teixeira sinalizou que o Morumbi teria poucos estacionamentos --são de 300 a 500 vagas. Contudo praças de esportes na Europa, como Wembley, também têm poucas vagas disponíveis.
Uma visita da Folha ao Morumbi constatou vantagens e desvantagens similares às do Maracanã. Além da falta de estacionamentos, o estádio é antigo (47 anos), não possui todos os lugares cobertos, e a arquibancada é longe do campo.
Inicialmente, o Maracanã tinha sido excluído por Teixeira, quando o Rio era governado por Rosinha Matheus. O dirigente queria implodi-lo.
Na gestão de Sérgio Cabral, o vice-governador Luiz Eduardo Pezão é próximo de Teixeira. "A aposta no Maracanã é válida", disse, em janeiro, Teixeira.
Levantamento da reportagem mostra que, em uma lista de 39 itens, o Morumbi não atende a seis pontos do caderno de encargos da Fifa para estádios. E outros 13 itens são contemplados só parcialmente.
Fora a questão de estacionamento e da estrutura envelhecida, as outras deficiências do Morumbi que precisam de reformas mais abrangentes são relativas ao acesso ao estádio. Segundo o clube, serão necessárias mais quatro rampas, a extensão de ruas e a chegada do metrô, previstas para o futuro.
Mas o estádio já conta com sistema de monitoramento de 64 câmeras, 34 camarotes e uma sala de imprensa com mais de cem lugares. Terá de sofrer ampliações e melhorias, em especial nos assentos.
São dados equiparados aos do Maracanã, que ainda passa por reforma. O São Paulo prepara seu projeto de revitalização do estádio, mas à revelia da CBF. Até para obter o caderno de encargos, o clube teve de recorrer a canais não oficiais.
A CBF acredita que o São Paulo dificultaria interferências dos organizadores do Mundial no Morumbi, que ainda tem camarotes alugados. E reclama de falta de espaço para instalações novas.
Só que os contratos de aluguel acabam antes da Copa, e o São Paulo aceita ceder o estádio para atender às exigências da Fifa. Promete ainda reduzir setores para abrir espaço.
Esses interesses contraditórios estarão hoje em questão.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a Copa-2014
Critério político afasta Morumbi da Copa-2014
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RODRIGO MATTOS
da Folha de S.Paulo
Ao chegar a São Paulo, nesta quarta, a caravana da CBF para escolher sedes da Copa do Mundo de 2014 deixa de lado o Morumbi, maior praça esportiva do Estado. Dados do estádio e atitudes da confederação mostram que a decisão é política.
A ser confirmado como sede do Mundial em novembro pela Fifa, o Brasil tem cidades visitadas pela confederação para definir sedes. Mais rico Estado, São Paulo será a 11ª parada, com reunião hoje entre o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o governador José Serra.
Esse encontro tem como pano de fundo a antiga disputa entre a CBF e o São Paulo, que afeta o Morumbi. A diretoria são-paulina cobra dívida da entidade, referente a salários de jogadores na seleção. Atletas, por sinal, que a CBF engajou na campanha pela Copa-2014 --Dunga dirigiu o time contra Gana com camisa promocional.
Os são-paulinos foram um dos poucos que não votaram pela reeleição de Teixeira para o cargo. Desde então, há críticas mútuas nos bastidores.
Oficialmente, a confederação não vetou estádios para o Mundial. E nem deve fazê-lo agora. Mas são procuradas alternativas no Estado pelas quais a CBF tenha mais poder de interferência. Já o São Paulo quer investir dinheiro próprio e lutar por verbas, da Fifa e do BNDES, para reformar sua praça.
"É prematuro dizer que há critério político na escolha das sedes da Copa. Por enquanto, há indícios", afirmou o consultor da presidência do São Paulo João Paulo de Jesus Lopes.
Nos bastidores, funcionários do Ministério do Esporte que trabalham na candidatura à Copa temem que a CBF seja política na definição de sedes, o que tentam minimizar.
Para a confederação, será a Fifa quem decidirá as sedes --e os estádios. Mas essa escolha se dará dentro de uma lista a ser elaborada por grupo criado pela CBF. Procurada pela reportagem, a assessoria da entidade não respondeu ao contato.
Fato é que existem mais do que indícios de que a CBF usa critério político. Fora das eliminatórias da Copa de 2010 até agora, o Morumbi não foi vistoriado por inspetores da Fifa, que viram quatro estádios.
Dirigentes da confederação nunca fizeram verificação no estádio. Mesmo assim, Teixeira sinalizou que o Morumbi teria poucos estacionamentos --são de 300 a 500 vagas. Contudo praças de esportes na Europa, como Wembley, também têm poucas vagas disponíveis.
Uma visita da Folha ao Morumbi constatou vantagens e desvantagens similares às do Maracanã. Além da falta de estacionamentos, o estádio é antigo (47 anos), não possui todos os lugares cobertos, e a arquibancada é longe do campo.
Inicialmente, o Maracanã tinha sido excluído por Teixeira, quando o Rio era governado por Rosinha Matheus. O dirigente queria implodi-lo.
Na gestão de Sérgio Cabral, o vice-governador Luiz Eduardo Pezão é próximo de Teixeira. "A aposta no Maracanã é válida", disse, em janeiro, Teixeira.
Levantamento da reportagem mostra que, em uma lista de 39 itens, o Morumbi não atende a seis pontos do caderno de encargos da Fifa para estádios. E outros 13 itens são contemplados só parcialmente.
Fora a questão de estacionamento e da estrutura envelhecida, as outras deficiências do Morumbi que precisam de reformas mais abrangentes são relativas ao acesso ao estádio. Segundo o clube, serão necessárias mais quatro rampas, a extensão de ruas e a chegada do metrô, previstas para o futuro.
Mas o estádio já conta com sistema de monitoramento de 64 câmeras, 34 camarotes e uma sala de imprensa com mais de cem lugares. Terá de sofrer ampliações e melhorias, em especial nos assentos.
São dados equiparados aos do Maracanã, que ainda passa por reforma. O São Paulo prepara seu projeto de revitalização do estádio, mas à revelia da CBF. Até para obter o caderno de encargos, o clube teve de recorrer a canais não oficiais.
A CBF acredita que o São Paulo dificultaria interferências dos organizadores do Mundial no Morumbi, que ainda tem camarotes alugados. E reclama de falta de espaço para instalações novas.
Só que os contratos de aluguel acabam antes da Copa, e o São Paulo aceita ceder o estádio para atender às exigências da Fifa. Promete ainda reduzir setores para abrir espaço.
Esses interesses contraditórios estarão hoje em questão.
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