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24/07/2001
-
15h04
MÁRCIO SENNE DE MORAES
especial para a Folha Online
Temo que o dia 23 de julho de 2001 transforme-se em outro 5 de julho de 1982 para o futebol brasileiro. Explico: neste dia, no estádio Sarriá, na Espanha, a melhor seleção brasileira de futebol desde 1970 perdeu para a Itália, o que começou a mudar o perfil da seleção brasileira.
Até mesmo o ofensivo Telê Santana, pai da equipe de 1982, decidiu colocar os volantes (pouco ou nada criativos) Elzo e Alemão na Copa do Mundo de 1986 para dar mais segurança à defesa brasileira. Desde então, nosso futebol nunca mais foi o mesmo.
É verdade, no entanto, que não temos mais os mesmos talentos daquela época. Afinal, quem quer que seja escalado hoje como volante de contenção jamais chegará aos pés de Falcão ou Cerezo.
Mesmo assim, ouvindo a coletiva após a partida de ontem, senti que Luiz Felipe Scolari arrependeu-se de colocar um time mais ofensivo no início do segundo tempo, com a entrada dos dois Juninhos. Em resposta a uma das perguntas dos jornalistas, disse: "Talvez, se tivéssemos mantido os três zagueiros, não teríamos levado os gols e iríamos para os pênaltis".
Ora, o futebol brasileiro, por mais escassos que estejam seus talentos, não pode ter medo de Honduras, que, mesmo nos tempos do grande volante Gilberto (1982), não punha medo em ninguém. Porém cabe a ressalva de que os hondurenhos mostraram ontem uma ousadia que há tempo queremos na seleção brasileira.
Então, o que nos resta? Sobram o realismo de Felipão, que, com muita propriedade, reconheceu que Honduras mereceu a vitória, e a incerteza quanto a nossas chances de classificar à Copa de 2002. Afinal, uma derrota para o Paraguai em 15 de agosto pode tornar as coisas bem mais difíceis.
E quem disse que o Paraguai não tem time para nos derrotar? Quem em sã consciência ainda acredita que equipes de menor expressão não possam bater a combalida seleção brasileira?
Cabe, finalmente, uma constatação: num futuro não tão distante, ninguém mais vai chorar de felicidade após derrotar o Brasil. Afinal, do um dia seleto grupo de seleções que venceram o Brasil, já fazem parte o Japão, a Coréia do Sul, a Austrália, Camarões etc...
E-mail: mhenrique@folhasp.com.br
Márcio Senne de Moraes é redator da editoria de Mundo da Folha de S.Paulo.
Análise da seleção brasileira: Grupo seleto?
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especial para a Folha Online
Temo que o dia 23 de julho de 2001 transforme-se em outro 5 de julho de 1982 para o futebol brasileiro. Explico: neste dia, no estádio Sarriá, na Espanha, a melhor seleção brasileira de futebol desde 1970 perdeu para a Itália, o que começou a mudar o perfil da seleção brasileira.
Até mesmo o ofensivo Telê Santana, pai da equipe de 1982, decidiu colocar os volantes (pouco ou nada criativos) Elzo e Alemão na Copa do Mundo de 1986 para dar mais segurança à defesa brasileira. Desde então, nosso futebol nunca mais foi o mesmo.
É verdade, no entanto, que não temos mais os mesmos talentos daquela época. Afinal, quem quer que seja escalado hoje como volante de contenção jamais chegará aos pés de Falcão ou Cerezo.
Mesmo assim, ouvindo a coletiva após a partida de ontem, senti que Luiz Felipe Scolari arrependeu-se de colocar um time mais ofensivo no início do segundo tempo, com a entrada dos dois Juninhos. Em resposta a uma das perguntas dos jornalistas, disse: "Talvez, se tivéssemos mantido os três zagueiros, não teríamos levado os gols e iríamos para os pênaltis".
Ora, o futebol brasileiro, por mais escassos que estejam seus talentos, não pode ter medo de Honduras, que, mesmo nos tempos do grande volante Gilberto (1982), não punha medo em ninguém. Porém cabe a ressalva de que os hondurenhos mostraram ontem uma ousadia que há tempo queremos na seleção brasileira.
Então, o que nos resta? Sobram o realismo de Felipão, que, com muita propriedade, reconheceu que Honduras mereceu a vitória, e a incerteza quanto a nossas chances de classificar à Copa de 2002. Afinal, uma derrota para o Paraguai em 15 de agosto pode tornar as coisas bem mais difíceis.
E quem disse que o Paraguai não tem time para nos derrotar? Quem em sã consciência ainda acredita que equipes de menor expressão não possam bater a combalida seleção brasileira?
Cabe, finalmente, uma constatação: num futuro não tão distante, ninguém mais vai chorar de felicidade após derrotar o Brasil. Afinal, do um dia seleto grupo de seleções que venceram o Brasil, já fazem parte o Japão, a Coréia do Sul, a Austrália, Camarões etc...
E-mail: mhenrique@folhasp.com.br
Márcio Senne de Moraes é redator da editoria de Mundo da Folha de S.Paulo.
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