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15/11/2001 - 23h58

Scolari pede mais poder à CBF

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FÁBIO VICTOR
enviado especial da Folha a São Luis

O técnico Luiz Felipe Scolari não só continuará na seleção até a Copa como vai lutar por mais poder da CBF para trabalhar.

Foi o que cobrou o treinador após a vitória por 3 a 0 sobre a Venezuela, ontem à noite, em São Luís (MA), que classificou o Brasil para o Mundial da Coréia do Sul e do Japão, em 2002.

"Acho que nós poderíamos ser mais usados. Porque ficamos com a seleção principal mas não somos chamados para olhar seleção sub-20, seleção sub-17, não temos influência nenhuma, não participamos do trabalho", queixou-se.

"Isso deveria fazer parte do treinador, e a gente já ofereceu essa possibilidade ao presidente [da CBF, Ricardo Teixeira], que, a partir de agora, provavelmente, poderá desenvolver um projeto."

Até a partida contra a Venezuela, havia alguma incerteza sobre o futuro de Scolari, até porque o próprio técnico chegara a cogitar a chance de entregar o cargo mesmo com o Brasil classificado.

Ontem, ele deixou claro o que deseja. "Eu não tenho vontade de sair. Gostei. Tenho um grupo bom, um pessoal que, se não é uma maravilha total... Pelo menos a gente vai trabalhando o grupo e acho que conseguiremos chegar à Copa em condição de igualdade com as grandes equipes."

"Por mim, vou ficar. Pelo Ricardo [Teixeira], devo ficar. Pelo Alfredo [Nunes, presidente interino da CBF], devo ficar. Então, acredito que ficarei", disse Scolari.

Sobre as virtuais mudanças na comissão técnica, Scolari foi dissimulado. Disse que, se depender dele, o coordenador técnico Antônio Lopes, cuja demissão é iminente, continua no cargo. "Tenho total sintonia com ele", afirmou.

A amigos, porém, Scolari já demonstrou que não quer Lopes. E jogou o pepino para a CBF, que também já decidira afastar o coordenador. "Quando assumi a seleção, apenas solicitei o Flávio Teixeira [auxiliar técnico], o Paulo Paixão [preparador físico] e o Carlos Pracidelli [treinador de goleiros]. Nós somos funcionários da CBF. Se a CBF quiser limpar 100%, ela tem toda condição."

O técnico afirmou que não está informado sobre mudanças, mas depois escorregou: "Pode ser que tenha aí uma ou outra novidade".

Quanto à eventual nomeação de Carlos Alberto Parreira para o cargo de diretor de seleções, que será recriado pela CBF, foi dúbio.

Simultaneamente, elogiou o colega ("É uma pessoa fantástica. Quem não gostaria de trabalhar com ele?") e desdenhou do novo cargo ("Não sei se faz falta. Estou satisfeito com tudo que tenho").

A entrevista coletiva do técnico depois do jogo, que entrou pela madrugada de ontem, foi recheada de aplausos e agradecimentos.
Numa prática comum na imprensa esportiva sul-americana, mas rara no cotidiano da seleção, Scolari foi aplaudido ao entrar na sala da entrevista. Boa parte das palmas, porém, veio de representantes de patrocinadores da CBF.

Os aplausos reapareceram quando o treinador homenageou o repórter da TV Bandeirantes Fernando Fernandes, por quem Scolari tem grande carinho e cujo pai morreu durante a Copa América da Colômbia, dando-lhe a camisa que vestiu durante o jogo.

Mais palmas quando Emerson e Roberto Carlos, representando os jogadores, foram para a mesa dedicar a vaga ao "professor".

Scolari agradeceu ao povo brasileiro, aos maranhenses, ao jornalista Orlando Duarte (que lhe inspirou a idéia da preleção, sobre a conveniência de enfrentar a Venezuela no jogo que decidia a vaga), ao técnico Lula Pereira (que lhe sugeriu escalar Luizão desde o início), ao fisioterapeuta Luiz Alberto Rosan e ao médico José Luiz Runco (que recuperaram Luizão e Roberto Carlos para o jogo) e à imprensa (que, disse, lhe obrigou a rever conceitos).

Scolari disse que sua primeira compromisso após a classificação será pagar uma promessa a Nossa Senhora do Caravaggio, sua santa de devoção. "A gente sempre pede uma graça e ela tem atendido".

O técnico contou que vai tirar uma folga para visitar "um dos locais mais bonitos do Rio Grande do Sul, que é a serra".

"Para quem quiser me encontrar no fim de semana, estarei em Gramado, Canela, comendo uma boa massa, tomando um bom cálice de vinho. Porque eu acho que está na hora", completou.
 

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