Ex-corintianos negam à PF ter recebido dinheiro no exterior

O vestuário era o tradicional boleiro: camisetas armani, calças jeans desbotadas, blazer e tênis chamativos. Os carros importados ou modelos de luxo nacional também estavam presentes. Até o acompanhamento de engravatados --neste caso, advogados-- repetia a cena rotineira no futebol.

Mas, ontem, o goleiro Silvio Luiz (Vasco), o meia Roger (Flamengo), o atacante Nilmar e o volante e Magrão (ambos do Inter) faltaram aos treinos de seus times para ir à Polícia Federal. Motivo: depor no inquérito sobre a parceria Corinthians/MSI. Mas não são apenas testemunhas. Juntamente com outros atletas, são investigados por suposta evasão de divisas e sonegação de impostos.

Isso porque grampos da operação Perestroika mostraram indícios de que os ex-jogadores corintianos recebiam salários no exterior. Dirigentes aparecem conversando sobre depósitos para atletas em contas fora do país. Os próprios jogadores também tiveram seus telefones interceptados pela polícia.

Nilmar e Magrão negaram que houvesse pagamentos do Corinthians fora do país. Disseram que tinham conta no estrangeiro quando atuavam fora, na França e no Japão, respectivamente.

"Sempre tenho muito cuidado [com contratos]. Falo de cabeça erguida. Sabia que ia dar merda. Tinha que ficar preocupado pelo tumulto [da parceria]. Por isso, preferi fazer contrato com o Corinthians", disse Magrão, explicando porque não tinha acordo com a MSI.

Embora estivesse tranqüilo, Magrão mostrou estar fora de seu ambiente. Primeiro, chegou a dizer que não poderia dizer sobre o que fora perguntado porque o depoimento era sigiloso. Depois, não soube dizer se seu depoimento foi na condição de testemunha ou interrogado. "Sou jogador de futebol, sou burro", disse, irônico.

Já Nilmar ofereceu-se para abrir seu sigilo fiscal à PF para mostrar que recebia regularmente seus salários no Corinthians. "Só tive conta no exterior quando joguei no Lyon."

A PF pediu aos atletas a declaração de Imposto de Renda dos últimos cinco anos. E extratos bancários dos últimos dois anos. Serão dados 30 dias para entregar os documentos.

Segundo o advogado de Nilmar, André Ribeiro, seu cliente poderá entrar antes até. Roger e Silvio Luiz não tinham deixado à PF até as 20h de ontem. Cada um ficou cerca de três horas na polícia.

Hoje estão previstos outros depoimentos de atletas, entre eles Gustavo Nery. Outros que serão ouvidos são o técnico Leão, o meia Carlos Alberto, o atacante Tevez e volante Mascherano, entre outros. O presidente do Corinthians, Andrés Sanches, também é investigado e vai depor, pois era vice de futebol durante a parceria.

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