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28/03/2002 - 20h03

Ferrari tenta calar Barrichello para ter paz no GP do Brasil

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FÁBIO SEIXAS
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
e
ADALBERTO LEISTER FILHO

da Folha de S.Paulo

Na véspera do primeiro dia de treinos para o GP Brasil de F-1, a escuderia Ferrari lançou uma operação para calar Rubens Barrichello, para tentar amenizar os boatos de que o brasileiro pode sair da equipe e para tentar um mínimo de paz a um time que já tem problemas demais na pista.

A confusão começou na última terça-feira, quando Barrichello não escondeu sua decepção ao ser informado de que apenas Michael Schumacher receberia o novo carro da equipe para a terceira etapa do Mundial. Em tese, o modelo F2002 terá mais potência para rivalizar com os Williams, surpresa do campeonato até aqui.

Naquele dia, em entrevista coletiva, Barrichello admitiu, pela primeira vez, que poderia deixar a Ferrari no final deste ano, quando acaba seu atual contrato.

Hoje, a fala do piloto virou notícia na Itália. A "Gazzetta dello Sport" afirmou que ele de fato deixaria Maranello no fim do ano.

O impacto foi sentido em Interlagos. No final da manhã, o próprio piloto tratou de desmentir. "Não tenho problemas com a Ferrari, não tenho problema nenhum. Tenho opinião. Corro para vencer, às vezes estou feliz, às vezes estou triste. Agora estou feliz na Ferrari", declarou o piloto.

"É óbvio que eu gostaria de contar com o novo carro aqui no Brasil. É o melhor final de semana do ano para mim. Depois dos testes em Barcelona senti que o F2002 é melhor em todos os aspectos. Estou triste por isso, mas aceitei."

Para Barrichello, o que ocorreu hoje foi uma espécie de problema de tradução, "triste" na sua opinião, na repercussão da imprensa da Itália a partir do que havia sido publicado no Brasil.

Para alguns italianos, no entanto, uma história a ser esclarecida _a "Gazzetta" faz parte do mesmo grupo que é acionista majoritário da Ferrari, a Fiat, o que resumiria o episódio a uma espécie de recado ao brasileiro.

Pouco depois do almoço, foi a vez de Schumacher falar. "Eu diria para ele ficar", declarou, ao ser indagado sobre a possibilidade de ser consultado sobre o futuro do companheiro na equipe.

"Ele é peça importante para o time, ajuda no desenvolvimento dos carros, é excelente piloto. A Ferrari está muito contente com os serviços de Rubens."

Meia hora depois, foi a vez de Jean Todt, diretor ferrarista, falar sobre a novela. O francês reuniu jornalistas, segundo a assessoria de imprensa do time, para "esclarecer" alguns pontos relacionados ao piloto. Como o alemão, não poupou elogios ao trabalho de Barrichello e desmentiu "veementemente" qualquer tipo de especulação em relação à permanência do brasileiro na equipe.

Segundo consta, foi orientado a fazê-lo pelo próprio Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari, que pediu por telefone para que ele arrefecesse os ânimos, principalmente o de Barrichello.

A crise de relacionamento ferrarista alcança a escuderia em um momento delicado. Schumacher venceu a abertura do campeonato na Austrália, mas foi superado por dois carros da Williams, na Malásia, há duas semanas. Lidera o Mundial de Pilotos com 14 pontos (contra 12 de Juan Pablo Montoya e 10 de Ralf Schumacher), mas a Ferrari tem apenas os mesmos 14 contra 22 da Williams no de Construtores _uma vice-liderança que o time não experimentava havia 37 corridas.

Se a primeira tabela não se mostra um problema, a segunda denota que falta para a Ferrari justamente Barrichello pontuar _acidentou-se, em Melbourne, na primeira curva, e o motor de seu F2001 explodiu em Sepang.

Ou seja, a opção de trazer apenas um F2002 para Interlagos poderia ser entendida não apenas como favorecimento a Schumacher, mas também como uma manobra de risco. Ross Brawn, diretor técnico da escuderia, confirma que o novo carro terá uma espécie de "batismo de fogo" na pista paulistana.

"Não teremos nenhuma referência de pista com o novo carro, apenas o que pudermos aproveitar do modelo antigo", disse, ao listar apenas o primeiro dos problemas que espera enfrentar. "Pelo menos vamos fazer em uma pista onde quase tudo, até o clima, é uma incógnita. Risco por risco, vamos corrê-los."

Amanhã, o público paulistano assiste ao início dessa aventura ferrarista, talvez a que determine o futuro de Barrichello na escuderia, das 11h às 12h e das 13h às 14h, quando acontecem as sessões de treinos livres. Sábado, após outras duas sessões livres pela manhã, ocorre o treino oficial, às 13h. No domingo, o GP Brasil é às 14h.

  • Leia mais: no especial de F-1
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