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08/05/2002
-
08h33
MARÍLIA RUIZ
da Folha de S.Paulo
O ex-senador Luiz Estevão é o dono, o presidente, o diretor de futebol, o patrocinador e, por vezes, o técnico do Brasiliense, equipe sensação e que começa a decidir hoje a Copa do Brasil.
Com o mandato cassado há quase dois anos por suposto envolvimento no desvio de R$ 167 milhões do Fórum Trabalhista de São Paulo e respondendo a diversos processos, Luiz Estevão, 52, dirige um clube que não tem conselho deliberativo e cujos diretores são funcionários contratados por ele mesmo.
O time é do próprio ex-senador, que estampa na camisa amarela a publicidade do Grupo OK, outra empresa sua.
Estevão não esconde o seu poder centralizador. Admite-o _"já interferi na escalação"_ e diz que a sua administração é o principal "ingrediente" do sucesso do time de Taguatinga (DF), que, com menos de dois anos de vida e antes de chegar à primeira divisão do futebol nacional, já avançou até a final do torneio mata-mata que dá vaga na Libertadores.
Durante a campanha vitoriosa, o time do senador cassado teve dois técnicos. O primeiro, Édson Porto, classificou o time para as oitavas-de-final com uma vitória por 4 a 1 sobre o Confiança (SE) e pediu demissão por não aguentar a pressão exercida por Estevão, que, então, decidiu contratar Péricles Chamusca, justamente o treinador do time sergipano.
Em entrevista à Folha, o ex-senador falou do favoritismo do Corinthians, adversário na decisão da Copa do Brasil, de seu papel de "mecenas" do Brasiliense e da ascensão meteórica da equipe do Distrito Federal.
Folha - As premiações que o senhor distribui aos jogadores levantaram suspeitas do Ministério Público sobre a procedência deste dinheiro. De onde sai a renda distribuída aos atletas como prêmio?
Luiz Estevão - O Brasiliense tem quatro patrocinadores. O Luiz, que sou eu, o Estevão, que sou eu, o Oliveira, que sou eu, e o Neto, que sou eu. Os prêmios e os salários saem do meu bolso. Sou o único sócio do Grupo OK, que patrocina o time. Portanto sai tudo do mesmo bolso: os salários, as premiações e as despesas. Não que eu não tenha procurado outros patrocinadores, mas ninguém quis nos patrocinar.
Folha - O próprio Parreira afirmou que as premiações pagas pelo senhor estão fora dos padrões do futebol brasileiro atualmente [foram de R$ 5.000 nas quartas-de-final, R$ 10 mil nas semifinais, e podem chegar a R$ 15 mil se o time for campeão]. O senhor acredita que isso levou seu time à final da Copa do Brasil?
Estevão - O principal ingrediente do sucesso do meu time não são as premiações, mas a segurança que os atletas do Brasiliense têm. Eles sabem que vão receber salário todo final de mês. Isso, infelizmente, não é mais regra no futebol brasileiro, mas exceção. Jogador sem salário, não importa por qual grande clube jogue, fica desestabilizado.
Folha - Com tudo isso, quem é o favorito ao título?
Estevão - Todas as previsões no futebol são temerárias, mas o grande favorito é o Corinthians. Pela tradição, pela camisa, pelo plantel, pela folha de pagamentos, cinco ou seis vezes maior que a nossa. Enquanto os nossos salários somados não chegam a R$ 200 mil mensais, a folha do Corinthians deve ultrapassar um pouco a casa de R$ 1 milhão.
Folha - O fato de o sorteio ter determinado que a segunda partida final seja disputada em Taguatinga (DF) não favorece o seu time?
Estevão - Isso não vale nada em uma decisão que envolve grandes equipes. E o Brasiliense é um grande time. Não estou falando de grande clube. Se não fosse um grande time, não teria chegado à final como chegou. Nem o Corinthians ganhou os últimos quatro jogos. Nós ganhamos.
Saiba tudo sobre a Copa do Brasil
Luiz Estevão diz ser "pau para toda obra" no Brasiliense
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da Folha de S.Paulo
O ex-senador Luiz Estevão é o dono, o presidente, o diretor de futebol, o patrocinador e, por vezes, o técnico do Brasiliense, equipe sensação e que começa a decidir hoje a Copa do Brasil.
Com o mandato cassado há quase dois anos por suposto envolvimento no desvio de R$ 167 milhões do Fórum Trabalhista de São Paulo e respondendo a diversos processos, Luiz Estevão, 52, dirige um clube que não tem conselho deliberativo e cujos diretores são funcionários contratados por ele mesmo.
O time é do próprio ex-senador, que estampa na camisa amarela a publicidade do Grupo OK, outra empresa sua.
Estevão não esconde o seu poder centralizador. Admite-o _"já interferi na escalação"_ e diz que a sua administração é o principal "ingrediente" do sucesso do time de Taguatinga (DF), que, com menos de dois anos de vida e antes de chegar à primeira divisão do futebol nacional, já avançou até a final do torneio mata-mata que dá vaga na Libertadores.
Durante a campanha vitoriosa, o time do senador cassado teve dois técnicos. O primeiro, Édson Porto, classificou o time para as oitavas-de-final com uma vitória por 4 a 1 sobre o Confiança (SE) e pediu demissão por não aguentar a pressão exercida por Estevão, que, então, decidiu contratar Péricles Chamusca, justamente o treinador do time sergipano.
Em entrevista à Folha, o ex-senador falou do favoritismo do Corinthians, adversário na decisão da Copa do Brasil, de seu papel de "mecenas" do Brasiliense e da ascensão meteórica da equipe do Distrito Federal.
Folha - As premiações que o senhor distribui aos jogadores levantaram suspeitas do Ministério Público sobre a procedência deste dinheiro. De onde sai a renda distribuída aos atletas como prêmio?
Luiz Estevão - O Brasiliense tem quatro patrocinadores. O Luiz, que sou eu, o Estevão, que sou eu, o Oliveira, que sou eu, e o Neto, que sou eu. Os prêmios e os salários saem do meu bolso. Sou o único sócio do Grupo OK, que patrocina o time. Portanto sai tudo do mesmo bolso: os salários, as premiações e as despesas. Não que eu não tenha procurado outros patrocinadores, mas ninguém quis nos patrocinar.
Folha - O próprio Parreira afirmou que as premiações pagas pelo senhor estão fora dos padrões do futebol brasileiro atualmente [foram de R$ 5.000 nas quartas-de-final, R$ 10 mil nas semifinais, e podem chegar a R$ 15 mil se o time for campeão]. O senhor acredita que isso levou seu time à final da Copa do Brasil?
Estevão - O principal ingrediente do sucesso do meu time não são as premiações, mas a segurança que os atletas do Brasiliense têm. Eles sabem que vão receber salário todo final de mês. Isso, infelizmente, não é mais regra no futebol brasileiro, mas exceção. Jogador sem salário, não importa por qual grande clube jogue, fica desestabilizado.
Folha - Com tudo isso, quem é o favorito ao título?
Estevão - Todas as previsões no futebol são temerárias, mas o grande favorito é o Corinthians. Pela tradição, pela camisa, pelo plantel, pela folha de pagamentos, cinco ou seis vezes maior que a nossa. Enquanto os nossos salários somados não chegam a R$ 200 mil mensais, a folha do Corinthians deve ultrapassar um pouco a casa de R$ 1 milhão.
Folha - O fato de o sorteio ter determinado que a segunda partida final seja disputada em Taguatinga (DF) não favorece o seu time?
Estevão - Isso não vale nada em uma decisão que envolve grandes equipes. E o Brasiliense é um grande time. Não estou falando de grande clube. Se não fosse um grande time, não teria chegado à final como chegou. Nem o Corinthians ganhou os últimos quatro jogos. Nós ganhamos.
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