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30/06/2002
-
09h54
da Folha Online
Uma característica que acompanhou todo o trabalho de Luiz Felipe Scolari desde que assumiu a seleção brasileira, em junho de 2001, foi a teimosia. Gaúcho de personalidade forte, não ouviu conselhos e ignorou o clamor popular.
Até o final de seu trabalho na equipe nacional, manteve suas convicções, ressaltando que o único culpado se suas idéia fracassassem seria ele.
"Não posso ficar ouvindo todo mundo. Por isso, elogio sempre o Parreira. Ele tinha a idéia dele, seguiu em frente e foi campeão. É isso que estou tentando fazer. Se der errado, tudo bem. Morro eu e pronto", costumava dizer.
Hoje, pouco mais de um ano depois de assumir o comando seleção mais vitoriosa do futebol mundial, essa teimosia foi recompensada. O pentacampeonato premia um técnico turrão.
A primeira batalha que Scolari travou foi pela manutenção do esquema 3-5-2, característico dos times europeus, mas sem nenhuma tradição no "país do futebol".
Logo no primeiro teste, contra o Uruguai, na os três zagueiros fracassaram na derrota por 1 a 0.
Enquanto a torcida e principalmente a imprensa pediam para o retorno do tradicional 4-4-2, o técnico insistia que iria conseguir fazer sua equipe se adaptar.
"Vou continuar mentalizando e passando para eles que os alas têm que marcar, que o meio-campo tem que proteger a defesa e que os atacantes que perderem a bola têm que marcar na nossa intermediária", dizia ele, na época.
Na Copa, depois de um começo inconstante, o Brasil finalmente passou a jogar bem com os três zagueiros. Lúcio, Roque Júnior e Edmílson não fizeram um Mundial brilhante, mas pararam os ataques adversários em jogos decisivos, como contra a Inglaterra, e provaram que Scolari não estava errado.
Outro que tirou o sono do treinador foi o veterano Romário. Aos 36 anos, o atacante era unanimidade no Brasil antes da Copa. O clamor popular era tão grande que todos apostavam na presença do vascaíno na lista definitiva para a Copa.
Até mesmo o presidente Fernando Henrique Cardoso entrou na campanha pró-Romário. Todos os apelos, no entanto, foram em vão. Ao invés do veterano, Scolari apostou em atacantes que eram incógnitas.
O primeiro foi Rivaldo. A qualidade do jogador do Barcelona era indiscutível, mas com a camisa da seleção, ele não vinha mostrando seus predicados. Para piorar, o atacante ainda vinha de uma temporada irregular no futebol espanhol, sofrendo com várias contusões no joelho.
Outra aposta foi Ronaldo. O "Fenômeno" ainda não estava em forma, depois de ficar cerca de dois anos se recuperando de duas operações seguidas no joelho direito.
O último atacante contestado foi Luizão. Já nas eliminatórias, a convocação do então corintiano era questionada, pois estava na vaga de Romário. Mas mostrou-se imprescindível, sendo o grande personagem da vitória que classificou o Brasil, 3 a 0 sobre a Venezuela.
Quando divulgou a lista para o Mundial, novamente Luizão foi um polêmica. 2002 tinha sido um ano péssimo para o jogador, que enfrentou, além de várias contusões, uma disputa judicial para se desligar do Corinthians. Para piorar, recuperava-se de uma toxoplasmose.
Depois dos sete jogos da Copa do Mundo, no entanto, os números provam que as convicções de Scolari estavam corretas. Rivaldo foi o grande destaque do Brasil na competição, Ronaldo, o artilheiro, e Luizão, vital na estréia, quando cavou um pênalti.
Essa postura aliás, lembra muito o mais vitorioso dos técnicos que já passaram pela seleção brasileira. Mário Jorge Lobo Zagallo, o único a participar da conquista de quatro Mundiais, teve sua última passagem pela seleção caracterizada por uma frase:
"Vocês vão ter que me engolir", após a conquista da Copa América de 1997.
Saiba mais sobre: Brasil
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Teimosia de Scolari é recompensada após a Copa
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Uma característica que acompanhou todo o trabalho de Luiz Felipe Scolari desde que assumiu a seleção brasileira, em junho de 2001, foi a teimosia. Gaúcho de personalidade forte, não ouviu conselhos e ignorou o clamor popular.
Até o final de seu trabalho na equipe nacional, manteve suas convicções, ressaltando que o único culpado se suas idéia fracassassem seria ele.
Eduardo Knapp/Folha Imagem Scolari comemora o pentacampeonato, título que consagrou o treinador gaúcho |
"Não posso ficar ouvindo todo mundo. Por isso, elogio sempre o Parreira. Ele tinha a idéia dele, seguiu em frente e foi campeão. É isso que estou tentando fazer. Se der errado, tudo bem. Morro eu e pronto", costumava dizer.
Hoje, pouco mais de um ano depois de assumir o comando seleção mais vitoriosa do futebol mundial, essa teimosia foi recompensada. O pentacampeonato premia um técnico turrão.
A primeira batalha que Scolari travou foi pela manutenção do esquema 3-5-2, característico dos times europeus, mas sem nenhuma tradição no "país do futebol".
Logo no primeiro teste, contra o Uruguai, na os três zagueiros fracassaram na derrota por 1 a 0.
Enquanto a torcida e principalmente a imprensa pediam para o retorno do tradicional 4-4-2, o técnico insistia que iria conseguir fazer sua equipe se adaptar.
"Vou continuar mentalizando e passando para eles que os alas têm que marcar, que o meio-campo tem que proteger a defesa e que os atacantes que perderem a bola têm que marcar na nossa intermediária", dizia ele, na época.
Na Copa, depois de um começo inconstante, o Brasil finalmente passou a jogar bem com os três zagueiros. Lúcio, Roque Júnior e Edmílson não fizeram um Mundial brilhante, mas pararam os ataques adversários em jogos decisivos, como contra a Inglaterra, e provaram que Scolari não estava errado.
Outro que tirou o sono do treinador foi o veterano Romário. Aos 36 anos, o atacante era unanimidade no Brasil antes da Copa. O clamor popular era tão grande que todos apostavam na presença do vascaíno na lista definitiva para a Copa.
Até mesmo o presidente Fernando Henrique Cardoso entrou na campanha pró-Romário. Todos os apelos, no entanto, foram em vão. Ao invés do veterano, Scolari apostou em atacantes que eram incógnitas.
O primeiro foi Rivaldo. A qualidade do jogador do Barcelona era indiscutível, mas com a camisa da seleção, ele não vinha mostrando seus predicados. Para piorar, o atacante ainda vinha de uma temporada irregular no futebol espanhol, sofrendo com várias contusões no joelho.
Outra aposta foi Ronaldo. O "Fenômeno" ainda não estava em forma, depois de ficar cerca de dois anos se recuperando de duas operações seguidas no joelho direito.
O último atacante contestado foi Luizão. Já nas eliminatórias, a convocação do então corintiano era questionada, pois estava na vaga de Romário. Mas mostrou-se imprescindível, sendo o grande personagem da vitória que classificou o Brasil, 3 a 0 sobre a Venezuela.
Quando divulgou a lista para o Mundial, novamente Luizão foi um polêmica. 2002 tinha sido um ano péssimo para o jogador, que enfrentou, além de várias contusões, uma disputa judicial para se desligar do Corinthians. Para piorar, recuperava-se de uma toxoplasmose.
Depois dos sete jogos da Copa do Mundo, no entanto, os números provam que as convicções de Scolari estavam corretas. Rivaldo foi o grande destaque do Brasil na competição, Ronaldo, o artilheiro, e Luizão, vital na estréia, quando cavou um pênalti.
Essa postura aliás, lembra muito o mais vitorioso dos técnicos que já passaram pela seleção brasileira. Mário Jorge Lobo Zagallo, o único a participar da conquista de quatro Mundiais, teve sua última passagem pela seleção caracterizada por uma frase:
"Vocês vão ter que me engolir", após a conquista da Copa América de 1997.
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