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02/10/2002 - 08h29

Presidente da CBF faz campanha por Lula

FERNANDO MELLO
da Folha de S.Paulo

Ricardo Teixeira votará no petista Luiz Inácio Lula da Silva para presidente da República ainda no primeiro turno das eleições, no próximo domingo.

O presidente da CBF, que havia declarado preferência pelo pepessista Ciro Gomes, convocou familiares e assessores na CBF a apelar ao "voto útil", a fim de evitar que o pleito vá para o segundo turno.

A decisão de Teixeira marca o definitivo rompimento do presidente da CBF com o governo Fernando Henrique Cardoso, que deu força às duas CPIs que investigaram o futebol brasileiro no Congresso e que editou a MP39, chamada por seus criadores de "MP da Moralização" do setor.

O dirigente revelou sua posição e pediu voto em Lula em reunião anteontem à noite, na sede da CBF, na Barra da Tijuca. Estiveram presentes Marco Antonio Teixeira, seu tio e secretário-geral da entidade, os diretores Antonio Osório e José Carlos Salim e outros assessores de Teixeira.

Segundo relataram à Folha pessoas que estiveram no encontro, o dirigente disse que sua opção inicial era por Ciro, candidato que, para ele, tinha um grande projeto para o país. Diante das últimas pesquisas, porém, mudou.

Teixeira usou também como argumento para votar em Lula o fato de o tucano José Serra fazer parte de um governo que, em sua visão, "usou o futebol como cortina de fumaça para esconder a própria incompetência".

"O melhor para o país, numa perspectiva de voto útil, é Luiz Inácio Lula da Silva", afirmou o presidente da CBF no encontro.

Aos mesmos interlocutores, Teixeira disse que poderia votar em todos os candidatos, menos em Serra. Para ele, o governo teve uma visão oportunista do futebol, usando o esporte para desviar a atenção sobre os problemas do país. Os primeiros sinais de desgaste com o governo FHC ocorreram durante a instalação das CPIs no Congresso, em outubro de 2000. O governo foi decisivo para a abertura das comissões, que tiveram em suas cúpulas dois congressistas tucanos (o senador Álvaro Dias, que, depois, foi para o PDT, e o deputado Sílvio Torres).

Durante a Copa, Teixeira ameaçou não ir ao Palácio do Planalto em caso de conquista do pentacampeonato. Só na última hora decidiu levar a delegação a Brasília. Mesmo assim, pediu aos atletas que não fizessem nenhum tipo de elogio ao presidente.

Tradicionalmente aliado ao PFL, Teixeira resolveu, no início da campanha eleitoral, dar apoio a Ciro. Seu principal ato em favor da candidatura do ex-governador do Ceará foi levar a seleção para fazer seu primeiro jogo pós-penta em Fortaleza, reduto eleitoral do candidato da Frente Trabalhista. No início de agosto, o candidato do PPS ocupava o segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto.

Agora, com a possibilidade cada vez mais palpável, ainda de acordo com os institutos, de a eleição presidencial ser decidida no primeiro turno, Teixeira resolveu fazer campanha pelo petista.

Lula, porém, não é o primeiro candidato do partido a receber algum tipo de apoio do presidente da CBF. O governador do Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, candidato à reeleição, recebeu das mãos de Teixeira a Taça Fifa, que ficou exposta em Campo Grande. Na chegada da seleção após a Copa, a governadora Benedita da Silva, do Rio, também foi agraciada.

Assessores disseram que o presidente da CBF prefere não declarar publicamente seus candidatos para que não se confunda seu voto como pessoa física com a posição político-partidária da entidade máxima do futebol brasileiro, que, segundo ele, inexiste.

Antes da reunião de anteontem, Teixeira havia declarado à Folha que seu voto era secreto. Ontem, ele não foi localizado.

 

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