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14/06/2003 - 09h16

CBJ usa Lei Piva, mas se perde em balanço

da Folha de S.Paulo

A Confederação Brasileira de Judô recebeu R$ 937.960,19 referentes ao repasse da Lei Piva no ano passado, porém a declaração da verba aparece de forma irregular em seu balanço.

A entidade informa que sua receita bruta no período foi de R$ 773.184,93, desmembrada em associados (R$ 294.398,19) e patrocinadores (R$ 478.786,74).

O balanço da CBJ foi assinado pelo presidente da entidade, Paulo Wanderley Teixeira, e pelo contador João Nepomuceno Ubaldo de Sousa e distribuído aos presidentes das federações estaduais na assembléia geral da confederação em 28 de março, no Rio.

O Comitê Olímpico Brasileiro é o responsável pela distribuição dos recursos da Lei Piva às federações. O documento do COB, uma radiografia técnica e financeira, segundo a própria entidade, mostra que a CBJ não possuía patrocinadores no ano passado.

É nesse item, porém, que a CBJ afirma ter declarado parte dos recursos relacionados à Lei Piva que entraram em sua conta -o restante foi repassado como forma de serviço (passagens aéreas).

Aprovada em 2001, a Lei Piva é a principal fonte de recursos do judô. Ela destina 2% da arrecadação anual das loterias da Caixa Econômica Federal ao COB e ao Comitê Paraolímpico Brasileiro. O primeiro fica com 85% do total e faz o repasse às federações.

Além da nebulosa situação dos recursos da Lei Piva, o balanço da CBJ apresenta outros indícios de irregularidades contábeis.

As seletivas, que, segundo dirigentes, são fonte de receita para a CBJ, aparecem apenas no item "despesas com seletivas" com lançamento de R$ 200.

"O dinheiro das seletivas, que aconteceram no Nordeste e em todo o Brasil não apareceu [no balanço]", afirmou o presidente da Federação do Rio Grande do Norte, Edmar de Araújo Dantas.

A confederação cobra taxas dos atletas que participam de seus eventos, que, portanto, são fonte de receita para a entidade.

O documento da CBJ também "esquece" o centro de treinamento da entidade, localizado em Santa Cruz (zona oeste do Rio).

O CT não é utilizado desde que a atual administração tomou posse, pois oferece estrutura precária, mas a confederação não anunciou nenhum negócio com o imóvel. Apesar de nenhum imóvel constar na prestação de contas, aparece o pagamento de ITR (Imposto Territorial Rural).

Outro imóvel também de propriedade da CBJ não aparece no balanço e apesar de estar ocupado não gera receita à entidade.

Por sua sede na mesma rua de seu imóvel, a CBJ paga aluguel.
Na prestação de contas também aparece "Déficit com antiga administração", que foi responsável por R$ 51.771,20 de despesa.

No ano passado, porém, a CBJ já era administrada por Paulo Wanderley Teixeira, eleito em março de 2001 para suceder a família Mamede, que permaneceu 21 anos no comando da entidade.

Pouco após tomar posse, o presidente afirmou que havia recebido como herança R$ 3,26 e não declarou haver dívidas.

Joaquim Mamede, 74, disse desconhecer completamente qualquer déficit. "Todas as minhas contas foram aprovadas."

O ex-homem forte da CBJ, porém, afirmou que o atual presidente lhe deve dinheiro. Na época da eleição, ele fez um acordo para receber R$ 3.000 mensais. Questionado se o déficit no balanço poderia ser referente ao acordo, foi taxativo. "Ele nunca me deu nada. Estou na Justiça."

O presidente, que na época negava qualquer acordo com Mamede, depois reconheceu a negociação com o ex-dirigente, mas disse que foi uma jogada política.
 

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