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18/08/2003 - 00h11

Investimento público por pódio no Pan ficou em R$ 304 mil

PAULO COBOS
da Folha de S.Paulo

Na ginástica e nos esportes aquáticos, o dinheiro foi bem gasto. No vôlei, nem tanto. Na esgrima e no tiro com arco, o investimento não teve retorno algum em termos de medalhas.

Ao final do Pan de Santo Domingo, a primeira grande competição multiesportiva com as torneiras financeiras da Lei Piva abertas, o saldo de medalhas dá oxigênio para algumas modalidades pleitearem mais verbas e deixa outras com poucos argumentos para novos investimentos.

A reportagem fez um cruzamento do dinheiro recebido por cada federação a partir de 2002 até o início do Pan com os resultados obtidos em Santo Domingo.

Contabilizando só as medalhas ganhas pelos esportes agraciados com as verbas das loterias, o investimento público por pódio ficou em R$ 304 mil.

Das 25 federações favorecidas que mandaram equipes para a República Dominicana, oito conseguiram um valor por pódio melhor do que a média geral. Outras 12 trouxeram medalhas por valores maiores. Cinco, apesar do investimento estatal, passaram em branco em Santo Domingo.

Nas cinco modalidades que mais receberam verbas, e que concentraram cerca de um terço de tudo o que foi investido, quem mais colheu bons resultados foram os esportes aquáticos. Os atletas da natação, do nado sincronizado, dos saltos ornamentais e do pólo aquático, todos da mesma federação, foram os mais "baratos" para os cofres públicos.

Se todas as verbas da Lei Piva fossem repassadas para os atletas, cada integrante da equipe de esportes aquáticos teria à disposição pouco mais de R$ 31 mil. Como comparação, para cada esportista da equipe de tiro com arco esse valor seria de R$ 281 mil.

Menos dinheiro per capita, entretanto, não significou poucos pódios para o pessoal da água. Juntas, as quatro divisões dos esportes aquáticos somaram 28 medalhas, o que dá uma para cada R$ 80 mil que essas modalidades receberam da Lei Piva.

Outro esporte de larga tradição no país, o atletismo foi melhor do que a média, mas ficou bem longe da natação. Cada medalha da modalidade ficou em R$ 141 mil, apesar de ter um montante maior na média por cada atleta para preparação -cada integrante do time de atletismo, também se o dinheiro da Lei Piva fosse repassado diretamente a eles, custou R$ 64 mil.

Nos esportes coletivos, o "preço" da medalha é caro, mas o valor é diluído pelo alto número de atletas. Com dois ouros em Santo Domingo, o handebol recebeu R$ 1,686 milhão das loterias a partir do ano passado. Assim, o valor de cada pódio ficou em R$ 843 mil, mas o investimento por atleta não passou de R$ 56 mil.

"Com o dinheiro, podemos fazer viagens ao exterior e preparar melhor a equipe. Com as duas seleções classificadas para Atenas, vamos fazer uma boa preparação, principalmente com intercâmbio com as seleções européias", diz Manoel Luiz Oliveira, presidente da Confederação Brasileira de Handebol, que vai pleitear um aumento no quinhão da Lei Piva (hoje em 2%) para a sua entidade.

No segmento de esportes associados à elite, os resultados foram bem diferentes. Com apenas dez atletas e R$ 1,686 milhão da Lei Piva, o hipismo ganhou só um bronze no Caribe.

Já o iatismo amealhou quatro medalhas, sendo uma de ouro. Assim, a vela teve um custo de medalha quase 70% menor do que os ginetes e seus cavalos.

Apesar de uma fartura inédita, o esporte brasileiro ainda está longe de movimentar o dinheiro de outras potências do continente. O Comitê Olímpico Americano gastou cerca de US$ 700 milhões com o esporte do país em 2002.

O Canadá gasta US$ 200 milhões por ano com seu esporte, enquanto os cubanos, apesar da crise, teriam gasto pelo menos duas vezes mais que o Brasil, que investiu R$ 33 milhões oriundos da Lei Piva em 25 das modalidades que foram ao Pan.
 

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