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26/08/2003 - 08h30

Lusa completa três décadas sem conquistar um título de porte

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ALMIR RIZZATTO
ANDRÉ LUÍS NERY

da Folha Online

Há exatos 30 anos, a Lusa dividia o título do Campeonato Paulista, o último de relevância de sua história, com o Santos. A conquista ficou marcada pelo vergonhoso erro de cálculo do juiz Armando Marques na decisão por pênaltis. Desde aquele jogo, que levou quase 120 mil torcedores ao Morumbi, a equipe do Canindé, atualmente na segunda divisão do Campeonato Brasileiro, vive um calvário.

Dos grandes clubes do futebol brasileiro, apenas o Vitória viveu uma fila maior do que a da Lusa --a equipe baiana não ganhou nenhum torneio de porte durante 44 anos, entre 1909 e 1953. Até oito anos atrás, o maior jejum paulista pertencia ao Corinthians, que não levantou uma taça de 1954 a 1977. A Lusa igualou essa marca de 23 anos em 1996, quando perdeu a final do Brasileiro para o Grêmio. Na temporada seguinte, assumiu o recorde negativo entre os times de São Paulo.

Arquivo Folha Imagem

Jogadores da Lusa, antes do jogo com o Santos

A final do Estadual de 1973 ficou para a história mais pela atuação desastrosa de Armando Marques do que como a última conquista de Pelé no Brasil. Depois do 0 a 0 no tempo normal, a decisão foi para a prorrogação. Mantido o empate sem gols nos 30 minutos do tempo extra, o campeão sairia da disputa de pênaltis. Sairia.

Depois de três séries de cobranças, o Santos vencia por 2 a 0 --gols de Carlos Alberto e Edu. Armando Marques, então, deu o jogo por encerrado, declarando o time da Vila campeão. Mas o juiz se esqueceu de que a Lusa ainda poderia empatar, caso convertesse os outros dois pênaltis e o adversário errasse os seus, sendo que um deles seria cobrado por Pelé, que tinha mandado três bolas na trave durante o jogo --o outro tiro livre santista seria batido por Léo, e Cabinho e Basílio eram os escolhidos para os dois últimos dos lusitanos.

Com a decisão de Marques, os jogadores do Santos partiram para a volta olímpica. Nos vestiários, o juiz percebeu e reconheceu o erro e queria fazer os times voltarem a campo. A Lusa, entretanto, nem cogitou aceitar essa hipótese. Com o técnico Oto Glória aos berros, o elenco foi rapidamente para o ônibus, deixando o Morumbi momentos depois. Campeões, os santistas também não queriam que a disputa de pênalti fosse retomada. Muito menos que fosse marcado um novo jogo.

A diretoria do clube do Canindé já estava preparada para entrar com um recurso pedindo a anulação da partida. Mas ainda em 26 de agosto daquele ano, os presidentes de Santos (Vasco Faé) e Lusa (Osvaldo Teixeira Duarte) se reuniram e resolveram fazer um acordo amigável, dividindo o título.

Para a Lusa, que depois do bicampeonato paulista de 1935/36 só tinha no currículo dois títulos do Rio-São Paulo (1952 e 1955), o acerto foi muito bem vindo. "Para nós foi ótimo. Não íamos ficar com nada e acabamos dividindo o título com o Santos do Pelé", disse Badeco, capitão do time naquela final.

Hoje diretor de futebol do clube do Canindé, o ex-jogador ainda teve outro motivo para comemorar. "Recebemos o prêmio de campeão. Na época eram 20 mil cruzeiros, que seria o equivalente a aproximadamente R$ 70 mil hoje. Deu para comprar uma casa e trocar de carro", revelou.

O torcedor Antônio Constantino Soares Nogueira, 45, que estava na arquibancada do Morumbi naquele dia, afirmou que a conquista passou batida. "Saímos do estádio achando que o Santos tinha sido campeão. Para falar a verdade, não teve graça."

Dono de uma padaria, Nogueira ainda está esperando para festejar um título nas ruas. "Em 1996, perdemos a decisão do Brasileiro para o Grêmio, mas pelo menos chegamos na final", disse ele, que continua acompanhando a Lusa de perto. "Sou teimoso."



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