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14/09/2003 - 11h00

No centenário, Grêmio vê a consagração dos adversários

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ALEC DUARTE
LÉO GERCHMANN
da Folha de S.Paulo

Em 100 anos, nunca tinha sido assim. Justamente agora, quando festeja seu centenário, o Grêmio encara uma via-crúcis sem precedentes. A performance do time de futebol do clube é, de longe, a pior desde 1903.

Nesta segunda-feira, data do aniversário, há pouco a comemorar.
Outrora poderoso e vencedor, o Grêmio teve o orgulho ferido em todas as frentes em 2003.

Em âmbito regional, fez a campanha mais desastrosa de sua história no Campeonato Gaúcho, eliminado sem vencer um jogo. No Brasil, vaga há três meses pela zona de rebaixamento de um campeonato nacional que, para aumentar o sofrimento, será o mais longo de todos os tempos.

A América do Sul ainda lhe ofereceu alguma ilusão. Aos trancos e barrancos, chegou às quartas-de-final da Taça Libertadores, mas acabou eliminado por uma equipe inexpressiva, o Independiente de Medellín, da Colômbia.

No meio de tanto caos, o Grêmio pelo menos assiste à consagração de seu estilo: nada menos do que seis técnicos do Brasileiro-2003 passaram, como jogadores, pelo clube. E levaram consigo o espírito guerreiro que o caracterizou e o fez levantar tantas taças, entre elas a do Mundial interclubes, conquistada em 1983.

A começar pelo próprio Adílson Batista, 35, atual treinador da equipe porto-alegrense. Ele foi o capitão de uma das conquistas mais memoráveis destes 100 anos (o bicampeonato continental, em 1995) e hoje é o responsável por evitar o temido rebaixamento.

"É a hora de o verdadeiro homem se superar. Já vi isso aqui no Grêmio", diz Adílson, otimista.

Como ele, Cuca, 40, também tem as melhores recordações de sua passagem de quatro anos e cinco títulos pelo Olímpico.

"Devo muito do que sei ao Grêmio. O espírito gremista, aliado à qualidade técnica, transforma qualquer time numa maravilha", afirma Cuca, que conduziu o Goiás a uma reviravolta impressionante no Nacional. O treinador tirou os goianos da lanterna e ostenta uma invencibilidade que já dura 14 jogos, recorde do torneio.

O sangue gremista também corre nas veias do Coritiba, treinado por Paulo Bonamigo, 43. Ignorado no início da competição, o clube paranaense é uma das principais surpresas do Brasileiro. Ocupa a quarta posição e é candidato a uma vaga na Libertadores.

Bonamigo construiu sua carreira no Grêmio, o qual defendeu por quase uma década e ganhou, por exemplo, a Libertadores em 1983. Identificado com o clube, guardava um segredo a sete chaves: sempre foi torcedor do Internacional, o eterno arqui-rival.

"Procurava jogar bem nos clássicos Gre-Nal para, um dia, ser procurado por meu clube de coração", conta. Realizou o sonho entre 1989 e 1991, mas sem o mesmo sucesso. "Não fazia tantos gols como no Grêmio e era vaiado."

Dirigido por Leão, 54, o Santos também tem um pouco da estirpe tricolor. No Grêmio, o goleiro conquistou o Brasileiro de 1981 e aprendeu, conforme já admitiu, boa parte do rigor e disciplina hoje tão temidos por seus atletas.

Mário Sérgio, 53, e Mauro Galvão, 42, são os outros treinadores que carregam o espírito gremista.

O primeiro, hoje no Atlético-PR, foi campeão mundial em 1983. O segundo, comandante do Vasco, encerrou no clube gaúcho a longa carreira de 22 anos.

Outro rebaixamento

Nunca tinha sido assim, mas já foi ruim também. Em 1991, o Grêmio ficou em penúltimo lugar no Campeonato Brasileiro e caiu para a segunda divisão. Sua campanha só não foi pior do que a deste ano porque no Estadual, ao menos, a equipe foi finalista: perdeu a taça para os colorados.

Sua volta à elite, porém, seria ainda mais vergonhosa: houve virada de mesa e, em vez de dois promovidos, 12 subiram. Até hoje o ascenso é motivo de piada.

Desta vez, o destino de Palmeiras e Botafogo, rebaixados no ano passado e que disputam a Série B nesta temporada, serve como alerta para o clube gaúcho.

O resumo da ópera quem dá é Hélio Dourado, que presidia o Grêmio em 1977, quando o time interrompeu série de oito anos de títulos do Inter, e hoje faz oposição aberta à administração em curso. "Que sejamos melhores do que os dois piores." É o que basta para um centenário feliz.

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