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16/03/2004 - 09h13

Sem salário e medalha, Daniele Hypólito se considera a nº 1 da ginástica

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CRISTIANO CIPRIANO POMBO
da Folha de S.Paulo

Daniele Hypólito não sobe ao pódio na Copa há mais de um ano, foi excluída da primeira etapa de 2004 por não apresentar boas condições técnicas e assistiu a Daiane dos Santos roubar-lhe de vez os holofotes. Para piorar, agora, está sem seu principal patrocinador: a BR Distribuidora.

Mesmo assim, a atleta não hesita: "Ainda sou a número um do Brasil. Independentemente de outros resultados, sou hexacampeã do individual geral do Brasileiro adulto. Por isso até o próximo Brasileiro [será realizado em julho, no RS], continuarei sendo a número um do país".

Dona da primeira medalha do Brasil em Mundiais --prata, em 2001-- e em Copas --ouro, em 2002--, Daniele está sem receber salário desde novembro.

A atleta, que perdeu o benefício da confederação brasileira por ter deixado a concentração da seleção em Curitiba em 2003 --ela também não integra o plano do Solidariedade Olímpica--, não vem recebendo da BR Distribuidora, que repassa R$ 20 mil por mês à ginástica do Flamengo.

Por conta da dívida do clube com o INSS, a BR suspendeu os pagamentos, deixando a atleta sem salário --ela ainda tem a ajuda de outros quatro patrocinadores: Axé, Redecard, Opção e Tetra Pak. Procurada pela Folha, a empresária de Daniele, Marlene Mattos, não respondeu às ligações.

A ginasta, que já contou com ajuda de custo do atacante Ronaldo para poder competir, não comenta os atrasos e diz que eles não têm nada a ver com o seu jejum --a última medalha da atleta foi obtida durante o Pan-2003.

"Voltei de uma contusão, vim de férias e ainda não estou no auge porque minha preparação está visando a Olimpíada de Atenas."

Contudo o vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo, Arnaldo Szpiro, responsável pela ginástica no clube, afirma que a situação prejudica Daniele e os outros ginastas --são cerca de 30.

"Os aparelhos do Flamengo não são novos, de última geração. Isso acarreta uma defasagem à atleta, que agora não está recebendo. Mas ela treina todos os dias."

O dirigente explica que está aguardando um retorno de uma empresa holandesa para trocar a aparelhagem de ginástica do clube, um apelo constante da ginasta, que chegou a pedir ajuda ao então presidente Fernando Henrique Cardoso para a compra de equipamentos novos e, no ano passado, reclamou do fato de eles terem ficado com a CBG, em Curitiba.

Enquanto os aparelhos não chegam e a situação do clube com a Petrobras não se resolve, Daniele vê se complicar sua posição na seleção, da qual chegou a ser capitã.

Após deixar a seleção em setembro e ir treinar no Rio, ela foi derrotada na seletiva feita em fevereiro para definir quem iria disputar as etapas da Copa --terminou atrás de Daiane e de Camila Comin-- e perdeu a condição de titular absoluta da equipe nacional. Agora, têm de passar por seletivas para disputar torneios internacionais com verba da CBG.

"O Rio de Janeiro é a minha casa. Voltei para as pessoas que me conhecem e para a pessoa que me formou na ginástica [a técnica Georgette Vidor]", disse Daniele.

Apesar de despontar em 2001 no solo, quando foi ao pódio no Mundial de Ghent, Daniele diz que o aparelho é hoje o quarto em ordem importância, pois prioriza a trave, as paralelas assimétricas e o salto. "A Daiane é excepcional no solo. Como faço quatro aparelhos, há altos e baixos. No solo, não estou no ideal, mas estou bem na trave e nas paralelas."

Além da série de seis títulos no Brasileiro e das marcas históricas, Daniele ostenta ainda hoje um feito que não foi batido: o 20º lugar no individual geral na Olimpíada, obtido em Sydney-2000.
 

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