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06/04/2004 - 09h20

Comaneci exalta Daiane, mas vê perigos em Atenas

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CRISTIANO CIPRIANO POMBO
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO

da Folha de S.Paulo

As performances de Daiane dos Santos despertaram a atenção do "Pelé da ginástica". Nadia Comaneci irá incluir cenas das apresentações da brasileira num documentário sobre o esporte que prepara com o marido, o ex-ginasta norte-americano Bart Conner.

A romena, que encantou o mundo ao conquistar a primeira nota dez na história da ginástica em Montréal-76, feito que repetiu seis vezes naqueles Jogos, ficou impressionada com a força que Daiane, 21, tem nas pernas.

A brasileira, com 1,45 m de altura, chega a saltar 2,80 m.

Em suas primeiras declarações sobre a gaúcha, além de enaltecer a força de suas pernas, a romena lhe faz um alerta. O sucesso pré-Atenas deixa a brasileira em uma situação muito diferente da que tinha a própria Comaneci antes da Olimpíada canadense.

Segundo a romena, ela e suas companheiras de equipe chegaram a Montréal como "meras curiosidades, nada mais que isso". "Pegamos o mundo de surpresa. Eu já era uma grande atleta, mas ninguém sabia disso nos EUA ou no Canadá, todos esperavam ver as conquistas das ginastas soviéticas e alemãs. Nós, romenas, éramos desconhecidas", conta.

Já Daiane --ou Dos Santos, como se refere à brasileira-- hoje "é conhecida fora da América do Sul". "De um lado é bom, porque os juízes que não conhecem uma ginasta tendem a dar notas mais baixas para ela do que dariam para uma atleta já renomada, mas de outro é ruim, porque o elemento surpresa não vai existir na Olimpíada de Atenas."

Além do ouro no solo conquistado anteontem no Rio, o quarto em etapas da Copa do Mundo, a brasileira levou outro em agosto no Mundial, em Anaheim (EUA), seu principal feito até aqui. Foi lá que a "Perfect 10 Productions", empresa de Comaneci, fez as filmagens para o documentário.

O filme, a ser lançado antes dos Jogos de Atenas, que acontecem entre 13 e 29 de agosto, tem a finalidade de mostrar a expansão da ginástica em países que tinham pouca tradição no esporte. Nele, não só as atuações de Daiane, mas o trabalho dos brasileiros na ginástica recebe elogios.

Comaneci atribui os resultados ao Solidariedade Olímpica, programa do Comitê Olímpico Internacional que objetiva fomentar o esporte ao redor do mundo. No Brasil, a partir da segunda metade dos anos 90 ginástica, boxe e canoagem foram ajudados com recursos do programa.

Vicélia Florenzano, presidente da Confederação Brasileira de Ginástica, concorda com ela. "No Brasil todos acham que nosso trabalho começou em 2001 com a Lei Agnelo/Piva [a Lei Piva destina 2% das verbas das loterias para o esporte olímpico e paraolímpico], mas não foi. Antes disso já vínhamos trabalhando com os recursos do Solidariedade Olímpica. Iniciamos a guinada em 1996", diz a dirigente, que esteve com Comaneci no Mundial de Anaheim.

De acordo com Vicélia, graças às verbas do programa foi possível contratar o técnico ucraniano Oleg Ostapenko, responsável pela equipe feminina, que estendeu o acordo até Pequim-08.

No documentário de Comaneci, o trabalho do ucraniano também é louvado. "O segredo [da ginástica] é treinar muito. Quando Bela [Karoly, treinador da equipe romena de 1976] desenvolveu o esporte nos EUA, ele fez as atletas treinarem mais, não apenas três horas por dia, mas seis horas, às vezes sete vezes por semana. Essas três horas a mais fazem a diferença", completa a ex-campeã.

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