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30/04/2004 - 09h10

Dez anos após Senna, F-1 atinge pico de segurança

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FÁBIO SEIXAS
da Folha de S.Paulo

A folhinha indicava 30 de abril de 94, sábado, e a F-1 começava o fim de semana mais trágico de sua história. No treino oficial do GP de San Marino, em Imola, na Itália, Roland Ratzenberger bateu a 314 km/h e encerrou uma série de 12 anos sem mortes na categoria.

O novo intervalo duraria pouco mais de 24 horas: no dia seguinte, Ayrton Senna saiu na curva Tamburello a 307 km/h e não voltou.

Exatos dez anos depois, a F-1 respira um ar muito mais leve. Levantamento feito pela Folha mostra que a categoria experimenta em 2004 o início de temporada mais seguro de toda a sua história.

Raro consenso no paddock, a tranqüilidade não é ocasional. É claro legado das duas mortes, principalmente a de Senna, tricampeão e um mito do esporte.

As quatro etapas disputadas registraram apenas dois abandonos por acidentes. Rodadas tolas de Mark Webber, na Malásia, e de Cristiano da Matta, em Imola.

Além disso, os carros estão quebrando menos. Somente 14 deixaram os quatro GPs deste ano por quebras. Somados os abandonos por falhas mecânicas e por acidentes, apenas 20% dos pilotos que largaram neste ano não cruzaram a linha de chegada. É o recorde dos 55 anos da categoria.

"É triste dizer isso, mas foi preciso que alguém como o Ayrton morresse para que a F-1 tivesse toda essa segurança", afirmou em Imola, há uma semana, Juan Pablo Montoya. "O resultado das mortes foi que o automobilismo hoje é mais seguro. Pelo menos tiramos algo positivo daquilo tudo", disse Michael Schumacher.

Antes, o início de Mundial mais seguro da história havia sido o de 61. Nas quatro primeiras etapas daquele ano --Mônaco, Holanda, Bélgica e França--, 24,7% dos pilotos foram vítimas de acidentes ou quebras. Em números absolutos, foram 22 ocorrências.

Tratava-se, porém, de uma outra era. A F-1 ainda não havia descoberto a aerodinâmica ou a eletrônica. Os carros eram quase artesanais, sem muitos segredos.

Eram, em tese, mais difíceis de quebrar. Em contrapartida, a segurança dos pilotos era mínima. Não havia santantônio, guard rails ou macacões antichamas. E, quando acontecia algum acidente, as conseqüências eram duras --naquele ano, na Itália, morreu o alemão Wolfgang von Trips.

Não por coincidência, o pico histórico de abandonos aconteceu em 93. Foi o auge da eletrônica na F-1. As equipes de ponta dispunham de controle de tração, acelerador "fly by wire", câmbio totalmente automático e suspensão ativa. Nas quatro primeiras provas daquele ano, 61,2% dos que largaram não chegaram.

Até por causa disso, para 94, a FIA decidiu por um corte radical na eletrônica. Tão radical que tornou os carros difíceis de pilotar. E aquele início de Mundial, há dez anos, registrou 52,3% de abandonos. Foram 28 acidentes em apenas quatro corridas. Entre eles o de Senna, no terceiro GP do ano.

Foi o último caso de morte de piloto na F-1. Nesses dez anos, porém, dois fiscais morreram, acertados por pneus. Desde então, a FIA (entidade máxima do automobilismo) passou a tratar da segurança de comissários e torcedores em suas reuniões técnicas.

O motivo: a segurança dos pilotos já é considerada satisfatória.

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