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16/06/2004 - 08h27

Doping tira medalhas, mas não esvazia bolso de atletas

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ADALBERTO LEISTER FILHO
da Folha de S.Paulo

Os escândalos de doping que abalaram o atletismo em 2003 tiraram do circuito internacional figuras importantes, mas não serviram para diminuir a conta bancária de quem foi suspenso.

Entre os 15 atletas mais premiados do masculino e do feminino no ano passado, aparecem seis competidores suspensos por doping ou que respondem a acusações de uso de drogas proibidas.

O ranking dos mais recompensados por seu desempenho na pista foi feito por um site especializado (www.trackprofile.com).

O caso mais escandaloso é o de Kelli White, 27. Campeã dos 100 m e dos 200 m no Mundial de Paris, a americana perdeu suas medalhas ao ter antidoping positivo para o estimulante modafinil.

No mês passado, a velocista confessou o uso de outras substâncias proibidas, como THG e EPO, e foi suspensa por dois anos.

Mais: a Agência Antidoping dos EUA também anulou suas marcas desde 15 de dezembro de 2000.

Mesmo assim, White aparece em quarto lugar na lista das atletas que mais lucraram no ano passado (US$ 304.856). Procurada para comentar o assunto, a velocista não quis se pronunciar.

"A última coisa que Kelli pensa neste momento é dar entrevista. Ela precisa de paz e tempo", afirmou Robert Wagner, seu agente.

Pela regra da Iaaf, entidade que comanda o atletismo, os competidores só podem receber o prêmio após a divulgação do resultado do antidoping.

"Além disso, é preciso que o atleta tenha passado por ao menos dois testes fora de competição no último ano", diz Nick Davies, porta-voz da federação, que afirma que alguns punidos por doping, como Dwain Chambers, terão que devolver dinheiro.

Porém a própria Iaaf reconhece que sua regra não é muito seguida. "O problema são os meetings independentes, como o de Moscou. Se eles já deram o dinheiro, como recebê-lo de volta? Nós controlamos a premiação só nos eventos da Iaaf", destaca Davies.

A situação já causa revolta nos atletas que deixaram de lucrar por causa das fraudes alheias. Paula Radcliffe, 30, detentora da melhor marca da história da maratona, é uma das mais críticas. "Os fraudadores não estão só roubando os promotores da competição, mas também os adversários que ficaram atrás deles. Além disso, iludem o público com um resultado forjado", disse à Folha a inglesa.

Para ela, a Iaaf ainda é permissiva. "As punições deveriam ser mais severas. A fraude não pode ser recompensada", reclamou.

Kelly Holmes, 19ª mais premiada de 2003, compartilha da revolta de sua compatriota. A meio-fundista perdeu o ouro por um segundo para Regina Jacobs no Mundial indoor de Birmingham-03. Três meses depois, a americana teve exame positivo para o novo esteróide anabólico THG.

"Se um atleta foi pego no antidoping em um ano, tudo o que a pessoa fez naquele período deveria ser colocado sob suspeita", afirmou Holmes, pedindo a destituição da medalha da rival.

Preocupados, os organizadores da Liga de Ouro, que reúne seis etapas e concede prêmios de US$ 1 milhão aos atletas, vetaram a presença de Marion Jones e Tim Montgomery no evento. As duas maiores estrelas do atletismo dos EUA, que nunca tiveram teste positivo, são suspeitas de doping.

"Não os queremos", disse Svein Hansen, organizador da etapa de Bergen (Noruega), que abriu o evento, na semana passada.
 

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