24/07/2004 - 00h25

Atletas do Brasil contam os minutos para voltar ao país

FERNANDO MELLO
da Folha de S.Paulo, em Lima (PER)

Enquanto a Conmebol comemora a final entre Brasil e Argentina, o clima na concentração da seleção B é de contagem regressiva. Atletas e comissão técnica contam os minutos para decidir a Copa América e se livrar da rotina encarada no Peru.

Os jogadores não falam abertamente, mas comentam que está cada dia mais difícil matar o tempo. Um dos zagueiros disse, na sala de internet do hotel Meliá, que o mais importante é que "está acabando". Nas mensagens que enviam aos amigos e parentes, os atletas também expressaram o desconforto com a impossibilidade de transitar livremente.

"Acho que uma das partes mais difíceis de suportar é a concentração, necessária para qualquer competição. A gente fica longe da família, não pode ficar saindo, fica 24 horas preso no hotel. Mas faz parte. Para ganhar é preciso um pouco de sacrifício", diz Carlos Alberto Parreira.

Reservadamente, membros da comissão técnica também falam em contagem regressiva para o embarque para o Brasil. Para matar o tempo livre, os atletas se dividem entre os internautas e os jogadores de carta. Alguns ficam em salas de bate-papo. Também há os adeptos do video game.

Nas três folgas concedidas pela comissão técnica, poucos jogadores se arriscaram a sair. Em Arequipa, sede na primeira fase, só dois atletas aproveitaram o tempo livre para sair do hotel.

"A gente faz o que pode para não ficar pensando só no jogo. Se você não desliga da final, fica ansioso. Por isso, sempre que posso, estou jogando cacheta", declarou o volante Edu.

Para aliviar a tensão, o supervisor Américo Faria, mais graduado funcionário da CBF no Peru, organizou um bingo na véspera de Brasil x Uruguai e um bolão na primeira fase --vencido pelo preparador de goleiros Wendell e pelo capitão Alex.

Parreira tem enfatizado que ninguém perdeu ao defender a seleção nas férias da temporada européia. "Defender a seleção nunca é desperdício de tempo."

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