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31/08/2004 - 08h10

Geração de prata inaugura escalada do vôlei no Brasil

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MARIANA LAJOLO
da Folha de S.Paulo

Um projeto gestado há pelo menos 25 anos para alavancar uma das modalidades mais praticados pelo país ajuda a explicar o fenômeno do vôlei, único esporte coletivo brasileiro a figurar no topo do pódio olímpico.

No fim dos anos 70, sob a gestão de Carlos Arthur Nuzman, o vôlei recebeu uma injeção de investimento. A seleção foi lapidada, viajou para competir e fazer intercâmbio e, em 82, apareceu na TV.

"A gente ganhou o Mundialito no Rio, depois veio a prata no Mundial [82] e na Olimpíada. A partir daí, criou-se uma bola de neve", recorda Montanaro.

"O público nos conheceu e gostou, atraiu mais investimentos que levaram a mais resultados", avalia o vice-campeão nos Jogos de Los Angeles-1984 e hoje gerente de vôlei do Banespa.

A experiência da geração de prata também ajudou a criar o que pode até ser chamado de "escola brasileira de vôlei". Nos anos 80, o esporte se dividia entre a força dos europeus e a criatividade e a velocidade dos asiáticos. O Brasil mesclou as duas escolas.

Hoje, o país conta com jogadores de até 2,12 m nas categorias de base e 2,05 m no time adulto, que têm bloqueio pesado e ataque potente, mas também consegue emplacar Giba, só 1,92 m, como melhor atacante dos Jogos de Atenas.

"Nós usamos a criatividade em função da necessidade. Criamos saques [viagem, hoje usado por todos os países, e jornada nas estrelas], jogadas para superar nossas limitações", diz Montanaro.

O boom do vôlei, potencializado pela medalha de ouro em Barcelona-1992, também ajudou a popularizar o esporte. Crianças que só jogavam na rua ou na escola encontraram chance de entrar nos clubes, antes reduto da classe endinheirada. O objetivo deles era recrutar talentos.

Esse processo ajudou a criar uma cadeia de desenvolvimento dos atletas. Eles são recrutados crus nas peneiras e trabalhados pelos clubes. Os destaques têm chance de, desde cedo, figurar nas seleções estaduais e nas equipes nacionais de base. Confirmadas as apostas, ganham espaço nos times adultos dos clubes.

Reflexos do exemplo pontual do líbero Escadinha, que saiu da periferia de São Paulo, podem ser vistos hoje nas seleções de base.

"É curioso o que tem acontecido. Os times têm fugido do estereótipo de que o vôlei é um esporte de classe média, elite. Agora, a maioria é de atletas humildes", diz Marcos Lerbach, técnico da equipe masculina juvenil.

A excelência das seleções brasileiras, no entanto, ainda não se reflete na estrutura dos clubes e tem até prejudicado o nível das equipes que atuam no país.

Com pouca verba para manter um elenco competitivo em campeonatos caros, a maioria delas não consegue segurar seus jogadores, cada vez mais seduzidos por propostas do exterior.

Caminho diverso trilhou o vôlei de praia. O Brasil já contava com atletas de ponta quando a modalidade foi incluída no cardápio olímpico, em Atlanta-1996.

O país possui as condições ideais para o esporte --praias, sol, regiões com pouco vento--, que pode ser praticado durante o ano todo. É, aliás, prática difundida de lazer no litoral, o que contribui para a sua popularização.

Em países europeus, por exemplo, os treinos migram para ginásios durante o inverno.

O Brasil possui também um Circuito Brasileiro forte, que permite aos atletas terem jogos de alto nível durante o ano todo.

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