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06/09/2004
-
00h12
da Folha de S.Paulo
A seleção brasileira a serviço do Brasil. No domingo, o que se viu no "palanque" do Morumbi na vitória do time do técnico Carlos Alberto Parreira sobre a Bolívia foi a exploração da exaltação do nacionalismo para um público superior a 50 mil pessoas.
Com a seleção como pano de fundo, a operação levanta Brasil começou antes mesmo de o time entrar em campo.
Na entrada do Morumbi, foram distribuídas bandeirinhas da Petrobras aos torcedores antecipando o clima que cercaria a partida diante dos bolivianos.
O hit "90 milhões em ação", de Miguel Gustavo, embalou a torcida, que depois ainda ouviu a execução do hino nacional em dose dupla, a primeira ao som do piano de Artur Moreira Lima e a outra ajudada por um coro em pleno gramado do Morumbi.
O jogo era válido pelas eliminatórias, mas tinha a conotação de um evento comemorativo.
E nenhum detalhe escapava, a começar pelo placar eletrônico, que estampava o desenho da bandeira do Brasil durante a execução do hino nacional.
Nos corredores do Morumbi, a decoração também seguia a mesma linha, com painéis nas cores verde e amarelo e verdadeiros camarotes organizados com direito até camisas personalizadas.
A resposta da torcida foi imediata. Os exigentes torcedores paulistas entraram na onda do ufanismo, que ganhou mais força ainda com o gol relâmpago anotado pelo astro Ronaldo.
Nem mesmo quando a Bolívia fez o seu gol a torcida vaiou a seleção brasileira e seguiu no seu apoio ao time de Parreira.
A linha nacionalista que vem levando a reboque os jogadores da seleção brasileira teve o seu ponto alto no seu amistoso beneficente no Haiti, no jogo em que o presidente Lula fez questão de marcar presença.
Mostrando estar em sintonia com o presidente, a CBF deu ao amistoso a importância decantada pelo governo. Ausentes do jogo beneficente no Haiti, intocáveis como Dida e Cafu, e jogadores com raízes paulistas como Kaká e Zé Roberto --além de Lúcio-- sofreram uma espécie de punição da entidade que comanda o futebol brasileiro e ficaram de fora do jogo de ontem à tarde, em São Paulo.
O apoio da seleção brasileira chega em um momento chave para o cenário patriótico que governo brasileiro vem pintando.
O presidente Lula, que vem tendo o apoio do empresariado para suas iniciativas, e vai até desfilar em carro aberto na próxima terça na Esplanada dos Ministérios nas comemorações do 7 de Setembro, engajou ao jogo o espírito de sua política empresarial que tem como carro-chefe o slogan "o melhor do Brasil são os brasileiros".
Esse comportamento de tentar "estimular" um sentimento nacionalista vem gerando críticas de seus adversários políticos.
Até mesmo o colorido das arquibancadas foi uma maneira de reforçar o espírito nacionalista que tanto interessa ao governo federal e também à CBF.
Sem poder comparecer ao Morumbi trajando camisas de clubes por medida de segurança, os torcedores se armaram com camisas amarelas e reforçaram o seu apoio nas arquibancadas do estádio. No final, a vitória da seleção sobre a Bolívia completou a festa armada pela CBF para a torcida paulista.
Especial
Leia o que já foi publicado sobre a seleção brasileira nas eliminatórias
Eliminatórias
Sentimento nacionalista envolve partida do Brasil contra a Bolívia no Morumbi
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A seleção brasileira a serviço do Brasil. No domingo, o que se viu no "palanque" do Morumbi na vitória do time do técnico Carlos Alberto Parreira sobre a Bolívia foi a exploração da exaltação do nacionalismo para um público superior a 50 mil pessoas.
Com a seleção como pano de fundo, a operação levanta Brasil começou antes mesmo de o time entrar em campo.
Na entrada do Morumbi, foram distribuídas bandeirinhas da Petrobras aos torcedores antecipando o clima que cercaria a partida diante dos bolivianos.
O hit "90 milhões em ação", de Miguel Gustavo, embalou a torcida, que depois ainda ouviu a execução do hino nacional em dose dupla, a primeira ao som do piano de Artur Moreira Lima e a outra ajudada por um coro em pleno gramado do Morumbi.
O jogo era válido pelas eliminatórias, mas tinha a conotação de um evento comemorativo.
E nenhum detalhe escapava, a começar pelo placar eletrônico, que estampava o desenho da bandeira do Brasil durante a execução do hino nacional.
Nos corredores do Morumbi, a decoração também seguia a mesma linha, com painéis nas cores verde e amarelo e verdadeiros camarotes organizados com direito até camisas personalizadas.
A resposta da torcida foi imediata. Os exigentes torcedores paulistas entraram na onda do ufanismo, que ganhou mais força ainda com o gol relâmpago anotado pelo astro Ronaldo.
Nem mesmo quando a Bolívia fez o seu gol a torcida vaiou a seleção brasileira e seguiu no seu apoio ao time de Parreira.
A linha nacionalista que vem levando a reboque os jogadores da seleção brasileira teve o seu ponto alto no seu amistoso beneficente no Haiti, no jogo em que o presidente Lula fez questão de marcar presença.
Mostrando estar em sintonia com o presidente, a CBF deu ao amistoso a importância decantada pelo governo. Ausentes do jogo beneficente no Haiti, intocáveis como Dida e Cafu, e jogadores com raízes paulistas como Kaká e Zé Roberto --além de Lúcio-- sofreram uma espécie de punição da entidade que comanda o futebol brasileiro e ficaram de fora do jogo de ontem à tarde, em São Paulo.
O apoio da seleção brasileira chega em um momento chave para o cenário patriótico que governo brasileiro vem pintando.
O presidente Lula, que vem tendo o apoio do empresariado para suas iniciativas, e vai até desfilar em carro aberto na próxima terça na Esplanada dos Ministérios nas comemorações do 7 de Setembro, engajou ao jogo o espírito de sua política empresarial que tem como carro-chefe o slogan "o melhor do Brasil são os brasileiros".
Esse comportamento de tentar "estimular" um sentimento nacionalista vem gerando críticas de seus adversários políticos.
Até mesmo o colorido das arquibancadas foi uma maneira de reforçar o espírito nacionalista que tanto interessa ao governo federal e também à CBF.
Sem poder comparecer ao Morumbi trajando camisas de clubes por medida de segurança, os torcedores se armaram com camisas amarelas e reforçaram o seu apoio nas arquibancadas do estádio. No final, a vitória da seleção sobre a Bolívia completou a festa armada pela CBF para a torcida paulista.
Especial
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