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24/02/2005
-
09h24
EDUARDO ARRUDA
RICARDO PERRONE
da Folha de S.Paulo
O primeiro dinheiro que chegou ao Corinthians graças à MSI saiu da Geórgia pelas mãos do político Zaza Toidze. Esse é o único nome que as investigações feitas por autoridades brasileiras ligaram até agora à parceria comandada pelo iraniano Kia Joorabchian.
Toidze é da terra de Badri Patarkatsishvili, acusado de crimes como lavagem de dinheiro, a principal suspeita dos órgãos do governo brasileiro em relação à MSI.
A Folha apurou que Ministério Público de São Paulo e Banco Central receberam informações de que Toidze participou de movimentações financeiras envolvendo o Corinthians e sua parceira. Os dois órgãos não se pronunciam sobre essa investigação.
Toidze entrou no circuito em dezembro de 2004, quando tentou enviar ao Brasil US$ 2 milhões, dinheiro que seria emprestado ao clube, na primeira operação financeira da parceria.
A remessa não foi aceita porque a parceria informara ao Banco Central que os dólares seriam enviados pela Devetia, empresa com sede nas Ilhas Virgens Britânicas. A operação foi refeita, e a quantia foi remetida pela firma.
Apesar da entrada dessa quantia, a MSI brasileira foi aberta com capital de R$ 1.000. O empréstimo foi usado para quitar dívidas.
Toidze se envolveu em outro envio da Devetia. No documento, a empresa é registrada como pagadora e o político tem seu nome anotado como ordenador. Ou seja, a quantia, pouco mais de US$ 1 milhão, foi remetida pela "offshore" por ordem do georgiano.
Como a Devetia é uma das sócias da MSI brasileira, o político pode estar diretamente ligado à parceira corintiana.
A MSI, por meio do escritório de advocacia Rao, Cavalcanti e Pacheco, afirmou não conhecê-lo.
"Não sei quem é ele. A Geórgia tem mais de cinco milhões de habitantes. Mas é alguém que não tem problemas", declarou a advogada Dora Cavalcanti.
Segundo ela, Doitze participou de uma operação com a Devetia. A advogada disse que a movimentação obedeceu as regras financeiras internacionais e brasileiras. Ela afirmou ainda que, após o fechamento do contrato de câmbio, o dinheiro saiu da Devetia nas Ilhas Virgens Britânicas e foi remetido ao Brasil por um banco de primeira linha, como exige o contrato entre Corinthians e MSI. "O Zaza fez um empréstimo para a Devetia, que fez para o Corinthians", declarou.
Os órgãos que investigam a MSI aguardam agora informações de serviços de inteligência do exterior sobre Toidze. Pouco sabem sobre o político, que integra o partido União pelo Renascimento. Ele também fez parte da Comissão Central das Eleições da Geórgia, dois anos atrás.
O próximo passo é saber se há ligação entre ele e Patarkatsishvili, magnata de Geórgia, e o russo Boris Berezovski, também acusado de lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Ambos tiveram seus nomes ligados à MSI pelo presidente corintiano, Alberto Dualib, que depois negou o vínculo.
Informações sobre Toidze também devem ser solicitadas à Geórgia pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão ligado ao Ministério da Fazenda. Seus técnicos já pediram dados sobre Kia Joorabchian e os supostos envolvidos com a MSI a organismos de inteligência do Reino Unido, Geórgia, Ilhas Virgens Britânicas e Rússia.
Hoje, quem terá de responder se conhece o político georgiano é Paulo Angioni, administrador da MSI brasileira. Ele será ouvido pelos promotores do Gaeco, grupo de combate ao crime organizado do Ministério Público Estadual. Até agora, nenhuma pessoa ligada à MSI revelou quem são os investidores ligados a Kia.
O relacionamento do Corinthians com a Geórgia começou a se estreitar ainda quando o iraniano negociava a parceria. No ano passado, levou a cúpula do clube para o país. Dualib se disse impressionado com a riqueza de Badri, que o recepcionou.
Uma parceria entre o clube e o Dinamo de Tiblisi, do magnata georgiano, foi concretizada.
MSI instalou-se no Brasil com dinheiro da Geórgia
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RICARDO PERRONE
da Folha de S.Paulo
O primeiro dinheiro que chegou ao Corinthians graças à MSI saiu da Geórgia pelas mãos do político Zaza Toidze. Esse é o único nome que as investigações feitas por autoridades brasileiras ligaram até agora à parceria comandada pelo iraniano Kia Joorabchian.
Toidze é da terra de Badri Patarkatsishvili, acusado de crimes como lavagem de dinheiro, a principal suspeita dos órgãos do governo brasileiro em relação à MSI.
A Folha apurou que Ministério Público de São Paulo e Banco Central receberam informações de que Toidze participou de movimentações financeiras envolvendo o Corinthians e sua parceira. Os dois órgãos não se pronunciam sobre essa investigação.
Toidze entrou no circuito em dezembro de 2004, quando tentou enviar ao Brasil US$ 2 milhões, dinheiro que seria emprestado ao clube, na primeira operação financeira da parceria.
A remessa não foi aceita porque a parceria informara ao Banco Central que os dólares seriam enviados pela Devetia, empresa com sede nas Ilhas Virgens Britânicas. A operação foi refeita, e a quantia foi remetida pela firma.
Apesar da entrada dessa quantia, a MSI brasileira foi aberta com capital de R$ 1.000. O empréstimo foi usado para quitar dívidas.
Toidze se envolveu em outro envio da Devetia. No documento, a empresa é registrada como pagadora e o político tem seu nome anotado como ordenador. Ou seja, a quantia, pouco mais de US$ 1 milhão, foi remetida pela "offshore" por ordem do georgiano.
Como a Devetia é uma das sócias da MSI brasileira, o político pode estar diretamente ligado à parceira corintiana.
A MSI, por meio do escritório de advocacia Rao, Cavalcanti e Pacheco, afirmou não conhecê-lo.
"Não sei quem é ele. A Geórgia tem mais de cinco milhões de habitantes. Mas é alguém que não tem problemas", declarou a advogada Dora Cavalcanti.
Segundo ela, Doitze participou de uma operação com a Devetia. A advogada disse que a movimentação obedeceu as regras financeiras internacionais e brasileiras. Ela afirmou ainda que, após o fechamento do contrato de câmbio, o dinheiro saiu da Devetia nas Ilhas Virgens Britânicas e foi remetido ao Brasil por um banco de primeira linha, como exige o contrato entre Corinthians e MSI. "O Zaza fez um empréstimo para a Devetia, que fez para o Corinthians", declarou.
Os órgãos que investigam a MSI aguardam agora informações de serviços de inteligência do exterior sobre Toidze. Pouco sabem sobre o político, que integra o partido União pelo Renascimento. Ele também fez parte da Comissão Central das Eleições da Geórgia, dois anos atrás.
O próximo passo é saber se há ligação entre ele e Patarkatsishvili, magnata de Geórgia, e o russo Boris Berezovski, também acusado de lavagem de dinheiro, entre outros crimes. Ambos tiveram seus nomes ligados à MSI pelo presidente corintiano, Alberto Dualib, que depois negou o vínculo.
Informações sobre Toidze também devem ser solicitadas à Geórgia pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão ligado ao Ministério da Fazenda. Seus técnicos já pediram dados sobre Kia Joorabchian e os supostos envolvidos com a MSI a organismos de inteligência do Reino Unido, Geórgia, Ilhas Virgens Britânicas e Rússia.
Hoje, quem terá de responder se conhece o político georgiano é Paulo Angioni, administrador da MSI brasileira. Ele será ouvido pelos promotores do Gaeco, grupo de combate ao crime organizado do Ministério Público Estadual. Até agora, nenhuma pessoa ligada à MSI revelou quem são os investidores ligados a Kia.
O relacionamento do Corinthians com a Geórgia começou a se estreitar ainda quando o iraniano negociava a parceria. No ano passado, levou a cúpula do clube para o país. Dualib se disse impressionado com a riqueza de Badri, que o recepcionou.
Uma parceria entre o clube e o Dinamo de Tiblisi, do magnata georgiano, foi concretizada.
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