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05/05/2005
-
10h00
PAULO GALDIERI
da Folha de S.Paulo
O Banco Central da Argentina decidiu impor rigoroso controle às transferências de jogadores de clubes do país para o exterior. A entidade determinou, por meio de uma resolução, que os clubes terão de trazer o dinheiro da venda de atletas para o país.
De acordo com a medida, que entrou em vigência ontem, as equipes terão 30 dias, a partir da conclusão do negócio, para liquidar suas divisas, ou seja, transformar moeda estrangeira em moeda local no mercado argentino.
A determinação inclui ainda operações com patentes, direitos autorais, licenças, concessões e arrendamentos e contratos transferíveis. A nova regra visa impedir a evasão fiscal e crimes cambiais.
Até ontem, os clubes argentinos que vendiam seus atletas para o exterior não tinham a obrigação de manter o dinheiro no país.
Podiam, assim como no Brasil, fazer a transação por meio de contas no exterior desde que informassem as autoridades monetárias e publicassem as operações em seus balanços financeiros.
Apenas as negociações de jogadores por empréstimo para equipes estrangeiras exigiam o retorno do dinheiro para a Argentina.
Pelos cálculos do BC argentino, na última década, as negociações de venda de atletas movimentaram cerca de US$ 700 milhões (cerca de R$ 1,75 bilhão).
As altas cifras somadas às suspeitas de crimes financeiros chamaram a atenção. Em março deste ano, a DGF (Direção Geral de Impostos) e a UIF (Unidade Internacional Financeira) iniciaram investigação sobre transações de atletas nos últimos 16 meses.
O primeiro negócio analisado pelos órgãos argentinos foi a venda de Tevez para o Corinthians, a pedido do deputado Mario Cafiero, rival político do presidente do Boca Juniors, Mauricio Macri.
O Boca vendeu Tevez ao Corinthians por US$ 16 milhões (cerca de R$ 40 milhões), segundo contrato de compra e venda do atleta, em dezembro do ano passado.
O dinheiro da transação não passou nem pela Argentina nem pelo Brasil. O pagamento foi feito pela MSI, parceira corintiana, que está sendo investigada por suspeita de lavagem de dinheiro.
O dinheiro, que saiu das Ilhas Virgens Britânicas, foi destinado a uma conta do Royal Bank of Canada, de Toronto, no JP Morgan Chase em Nova York. Segundo Macri, a conta no Royal é do Boca.
A reportagem telefonou para Orlando Saluitrini, ex-tesoureiro do Boca que participou da venda de vários jogadores do clube para o exterior nos últimos anos, mas ele não quis comentar o assunto.
O Boca é o segundo maior exportador de atletas do país. O principal é o River Plate, que na última década embolsou mais de US$ 200 milhões com a venda de jogadores. "Ainda não estou sabendo disso. Mas essa determinação não mudará muita coisa para o River", afirmou à Folha Julio Macchi, vice do River.
Questionado se o clube tinha dinheiro no exterior proveniente de venda de jogadores, ele disse: "Pode ser que tenhamos contas no exterior, mas a maioria do dinheiro volta para a Argentina".
No Brasil, um projeto de lei do deputado federal Gilmar Machado (PT-MG) pretende dar à venda de atletas para o exterior a condição de exportação. Atualmente, a saída de jogadores é classificada como cessão remunerada.
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Após Tevez, Argentina fecho cerco a evasão
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O Banco Central da Argentina decidiu impor rigoroso controle às transferências de jogadores de clubes do país para o exterior. A entidade determinou, por meio de uma resolução, que os clubes terão de trazer o dinheiro da venda de atletas para o país.
De acordo com a medida, que entrou em vigência ontem, as equipes terão 30 dias, a partir da conclusão do negócio, para liquidar suas divisas, ou seja, transformar moeda estrangeira em moeda local no mercado argentino.
A determinação inclui ainda operações com patentes, direitos autorais, licenças, concessões e arrendamentos e contratos transferíveis. A nova regra visa impedir a evasão fiscal e crimes cambiais.
Até ontem, os clubes argentinos que vendiam seus atletas para o exterior não tinham a obrigação de manter o dinheiro no país.
Podiam, assim como no Brasil, fazer a transação por meio de contas no exterior desde que informassem as autoridades monetárias e publicassem as operações em seus balanços financeiros.
Apenas as negociações de jogadores por empréstimo para equipes estrangeiras exigiam o retorno do dinheiro para a Argentina.
Pelos cálculos do BC argentino, na última década, as negociações de venda de atletas movimentaram cerca de US$ 700 milhões (cerca de R$ 1,75 bilhão).
As altas cifras somadas às suspeitas de crimes financeiros chamaram a atenção. Em março deste ano, a DGF (Direção Geral de Impostos) e a UIF (Unidade Internacional Financeira) iniciaram investigação sobre transações de atletas nos últimos 16 meses.
O primeiro negócio analisado pelos órgãos argentinos foi a venda de Tevez para o Corinthians, a pedido do deputado Mario Cafiero, rival político do presidente do Boca Juniors, Mauricio Macri.
O Boca vendeu Tevez ao Corinthians por US$ 16 milhões (cerca de R$ 40 milhões), segundo contrato de compra e venda do atleta, em dezembro do ano passado.
O dinheiro da transação não passou nem pela Argentina nem pelo Brasil. O pagamento foi feito pela MSI, parceira corintiana, que está sendo investigada por suspeita de lavagem de dinheiro.
O dinheiro, que saiu das Ilhas Virgens Britânicas, foi destinado a uma conta do Royal Bank of Canada, de Toronto, no JP Morgan Chase em Nova York. Segundo Macri, a conta no Royal é do Boca.
A reportagem telefonou para Orlando Saluitrini, ex-tesoureiro do Boca que participou da venda de vários jogadores do clube para o exterior nos últimos anos, mas ele não quis comentar o assunto.
O Boca é o segundo maior exportador de atletas do país. O principal é o River Plate, que na última década embolsou mais de US$ 200 milhões com a venda de jogadores. "Ainda não estou sabendo disso. Mas essa determinação não mudará muita coisa para o River", afirmou à Folha Julio Macchi, vice do River.
Questionado se o clube tinha dinheiro no exterior proveniente de venda de jogadores, ele disse: "Pode ser que tenhamos contas no exterior, mas a maioria do dinheiro volta para a Argentina".
No Brasil, um projeto de lei do deputado federal Gilmar Machado (PT-MG) pretende dar à venda de atletas para o exterior a condição de exportação. Atualmente, a saída de jogadores é classificada como cessão remunerada.
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