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14/07/2005 - 09h39

Finalistas da Libertadores defendem o aumento do preço dos ingressos

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FÁBIO VICTOR
da Folha de S.Paulo
DIMITRI DO VALLE
da Agência Folha, em Curitiba

Não poderia haver ocasião mais própria para o preço do ingresso ser tão escorchante, R$ 50 uma arquibancada central, aumento de 150% em relação ao cobrado na primeira fase da Libertadores. São Paulo e Atlético-PR fazem no Morumbi o que poderia ser definido como uma "final esporte fino".

Identificados desde sua origem com os estratos mais abastados das sociedades curitibana e paulistana, os dois clubes são até hoje os ícones das elites dessas cidades.

Mais que isso, são dois poderosos porta-vozes de uma tendência crescente entres as maiores agremiações do país, a de que a modernização do futebol começa pela elitização da platéia. E têm ambos patrimônios valiosos, com estádios e centros de treinamentos entre os melhores do país.

O presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, defende com unhas e dentes o aumento, o segundo praticado pelo clube durante a competição. "Não me arrependo nem um minuto de ter colocado os preços mais altos. Final de Libertadores é um espetáculo raro, que não acontece todo dia. A imprensa fala em aumento abusivo, aí você põe os ingressos à venda e eles se esgotam em dois dias. Como é que se explica?", questiona o dirigente.

O próprio Portugal Gouvêa tenta responder: "É um fato que temos de admitir, o de que nosso torcedor é diferenciado. Tanto que o ingresso mais procurado foi o do setor Premium, que custa R$ 150. Num segundo vendeu tudo".

Sem prejuízo da enorme popularização de sua torcida, verificada especialmente nos últimos 15 anos, o São Paulo, criado a partir do Paulistano, clube que no início do século passado reunia a nata da aristocracia paulistana, continua associado a estereótipos de elite. Só mudaram os apelidos: os são-paulinos que antes eram xingados pelos adversários de "pó-de-arroz" ou "almofadinhas", hoje são os "bambis".

O Atlético-PR vive situação semelhante. O Coritiba sempre foi o time mais popular do Paraná, mas viu nos últimos anos sua torcida ser ultrapassada pela do arqui-rival, o que não tirou a aura de burguês que o Atlético carrega desde o nascimento e que até hoje faz questão de manter.

É verdade que o mascote original do clube, o "cartolinha", um fidalgo de fraque e cartola, tem sido ofuscado pelo "furacão", mas basta uma rápida conversa com quem manda no time para constatar a soberba atleticana.

Em entrevista à Folha de S. Paulo no final do ano passado, Mario Celso Petraglia, presidente do Conselho Deliberativo e quem dirige de fato o clube, afirmou que em breve o Atlético será "o Manchester United" das Américas.

Para isso, defende, é imprescindível refinar o público que vai ao estádio. "Queremos que vá ver nosso jogo quem tiver condições de arcar com um bom espetáculo. Quem não tiver dinheiro que assista numa TV no boteco da esquina", declarou.

No início do ano passado, o Atlético-PR aumentou de R$ 15 para R$ 30 o ingresso dos jogos em seu estádio. A torcida se revoltou e recorreu à Justiça, conseguindo reverter a decisão.

Mesmo com o preço de R$ 129,90, as camisas oficiais atleticanas têm vendido como água. Na loja do clube na Arena, as vendas tiveram incremento de 50%. Já as bilheterias do estádio estavam quase vazias ontem. Julio Sobota, presidente da Fanáticos, maior torcida organizada do Atlético-PR, reclamou do número de ingressos destinados à venda entre eles. "Foram só 500 [dos 2.000 enviados a Curitiba]. Os caras liberaram um monte pra turistas que querem ir com cartaz na arquibancada pra aparecer na televisão. E nós somos tratados assim."

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