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02/08/2005 - 10h11

Contrato da MSI com a Samsung cria crise entre Kia e Dualib

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RICARDO PERRONE
da Folha de S.Paulo

Os episódios que marcaram a assinatura de contrato de patrocínio entre MSI e Samsung fizeram Alberto Dualib mostrar os dentes para Kia Joorabchian publicamente, em entrevista à Folha.

"Nenhum aventureiro vai chegar aqui achando que vai ser dirigente, botando banca de líder", afirmou o presidente corintiano.

Ele se estranhou com o iraniano por causa da decisão da MSI de não pagar comissão à SMA, empresa de Carla Dualib, neta do presidente, que alega participação na negociação com a Samsung.

Depois, os conselheiros se irritaram por não terem sido convidados para a apresentação da nova camisa e pelo fato de ela ter sido mostrada fora do clube. Pressionado, Dualib, 84, ficou do lado de seu Conselho. O dirigente diz que vai mudar o contrato para dividir igualmente os lucros da parceria.

Folha - Conselheiros reclamam de não terem participado da apresentação do contrato com a Samsung e de ela ter sido feita longe do Parque São Jorge. Qual sua opinião?
Alberto Dualib - O Conselho ficou muito aborrecido, com razão. Da noite para o dia, ninguém, nenhum aventureiro vai chegar aqui achando que vai ser dirigente, botando banca de líder, o clube repudia isso. A pessoa tem que ter história dentro do Corinthians.

Folha - Vai dar confusão quando o Kia ler isso...
Dualib - Não estou citando nomes, falo de maneira generalizada, mas, se a carapuça servir, é outra história. O Corinthians tem comando, quero deixar isso bem claro, por isso estou falando. Ninguém pode chegar aqui, em cinco ou seis meses, e fazer o que quiser, aqui tem um Conselho que tem poderes. Quem não respeitá-lo cai em desgraça.

Folha - E se a MSI fizer outro evento desses fora do clube?
Dualib - Não vai fazer. Se o Kia fizer, sem convidar os conselheiros, eu não vou, o Corinthians não vai. Tudo o que eu faço o Conselho ratifica, ele merece respeito.

Folha - O que pensa de Carla Dualib ter notificado judicialmente a MSI por não receber comissão no negócio com a Samsung?
Dualib - Acho que a Samsung só aceitou patrocinar o Corinthians por causa do levantamento que a empresa da Carla fez, mostrando o valor da nossa marca.

Folha - Essa é a terceira parceria feita durante a sua gestão. É a de convivência mais difícil?
Dualib - O difícil é administrar a vaidade do Kia, ele gosta de aparecer na mídia. Por exemplo, ele não podia falar mal da defesa, existe corporativismo, fala mal de um jogador e os outros tomam as dores. O futebol brasileiro tem uma cultura, ninguém pode aparecer mais do que o clube.

Folha - Qual a maior queixa dos conselheiros sobre o Kia?
Dualib - Falam do deslumbre dele, que ele tem que se colocar no lugar dele, não aparecer como vedete, as estrelas são os atletas.

Folha - A oposição reclama que a MSI manda no clube...
Dualib - Falei para o Kia que vou mudar o contrato. A divisão dos lucros vai ser 50% a 50%, não 51% para a MSI e 49% para o Corinthians. Muda pouca coisa, mas do jeito que está as pessoas acham que isso significa controle acionário por parte da empresa, não é verdade. O Kia aceitou mudar.

Folha - É difícil fazer o Kia concordar com o senhor?
Dualib - Não, ele me ouve, sabe da minha experiência. Meus argumentos são convincentes, muitas vezes ele pensa numa coisa que não dá certo. Ele [34] é muito novo para entrar no futebol.

Folha - Ele virou ídolo da torcida. Isso incomoda o senhor?
Dualib - A torcida se empolga com o time e ovaciona o Kia, não me incomodo. Seria pior se a torcida estivesse querendo bater nele na rua, aí seria a derrota da parceria. Se aplaudem o Kia, me aplaudem também, se a parceria tem algum sucesso, o mérito é de quem bancou a parceria, fui eu.

Folha - Existem cláusulas do contrato que não foram cumpridas?
Dualib - Faltam US$ 12 milhões e a carta de crédito, o Kia viajou e vai trazer isso. O dinheiro está vindo dentro dos prazos, a carta de crédito já deveria ter vindo. Mas isso não é uma sangria desatada, a parceria está dando certo. Temos R$ 10 milhões em caixa para investir no clube. O Corinthians hoje não tem passivo, não tem dívidas, só reclamações trabalhistas. Além disso, a parceria fez bem ao futebol brasileiro, que ficou mais forte com as caras contratações feitas. Se a parceria não tivesse investido tanto no futebol brasileiro, o Santos não teria vendido o Robinho por uma fortuna.

Folha - O fato de a carta de crédito não ter sido apresentada dá brecha para a rescisão do contrato...
Dualib - Dá, mas não é o caso. A diferença é que agora, em vez de ela ser de US$ 20 milhões, será só do valor que falta, para garantir que será pago. Se algum dia houver caso para rescindir o contrato, quem vai decidir é o Conselho.

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