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10/10/2005 - 11h00

Árbitro acusa vice-presidente da FPF de ajudar times

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RODRIGO MATTOS
da Folha de S.Paulo

Desde de 2000 o vice-presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, pedia ao árbitro Edílson Pereira de Carvalho que beneficiasse times em jogos do Estadual, segundo o próprio juiz.

O pivô do escândalo de arbitragem no futebol -que confessou ter fraudado resultados- ainda acusou o Tribunal de Justiça Desportiva de São Paulo (TJD) de esconder dados de seu depoimento que implicam dirigentes da FPF. Mas o árbitro isentou o presidente da FPF, Marco Polo Del Nero, nas interferências nas arbitragem.

"Existe. Esse ano e ano passado. Desde 2000", disse Carvalho à Folha, ao ser questionado se Carneiro Bastos lhe pedia benefícios a alguns clubes. O vice da FPF não foi encontrado pela reportagem para responder à denúncia.

O árbitro já fizera acusações ao dirigente em depoimento ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva). Como neste depoimento, Carvalho disse que Carneiro Bastos não estava relacionado com o esquema de apostas em sites clandestinos.

Mas o Ministério Público Estadual vai instaurar um procedimento de investigação para apurar interferências de dirigentes de futebol sobre a arbitragem. Baseada no depoimento do juiz à Justiça Desportiva, essa apuração será separada do inquérito principal.

"Aparentemente não há crime. Mas precisamos investigar com detalhes", disse o promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), José Reinaldo Guimarães Carneiro.

"Se não houver crime, vamos encaminhar para o setor do Ministério Público cível para que analise se houve quebra dos direitos do consumidor."

Segundo Carvalho, o dirigente da FPF ligava em sua casa e no celular para pedir favorecimentos a times. Disse que não tem provas e que desconhece se outros árbitros foram pressionados.

"A gente não sabe a hora que liga no celular, liga aqui (casa)", disse Carvalho, ao explicar porque não tem provas. "Seu Reinaldo vai falar com você, vou correr atrás de um gravador?"

Apesar de lhe pedir favorecimentos a times em jogos, o dirigente paulista não está relacionado às fraudes de partidas para apostas clandestinas que foram descobertas pela Polícia Federal, segundo a versão árbitro.

O juiz disse ainda que Carneiro Bastos prometera interferir a seu favor na CBF, caso ele tivesse problemas com o ex-chefe da arbitragem Armando Marques. Segundo ele, o dirigente da FPF disse que falaria com o vice-presidente da CBF, Nabi Abi Chedid.

"O Reinaldo disse que qualquer coisa, no último sentido, pediria para o Nabi interferir", disse Carvalho à Folha.

O árbitro já fizera esta afirmação ao STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), como confirmou o presidente Luiz Zveiter. Mas o árbitro afirmou que nunca teve contato com o Abi Chedid. Ou seja, negou que o vice da CBF tenha interferido em arbitragens.

De acordo com o depoimento do árbitro, Carneiro Bastos fora o responsável pelo seu retorno ao futebol, em 2003, depois de suspensão por uso de diploma falso. Depois, o dirigente cobrar o favor, segundo disse o juiz ao depor.

Em relação ao depoimento dado ao TJD-SP, que investiga as supostas fraudes no Paulista-2005, Carvalho afirmou que os seus auditores pouparam dirigentes da FPF. Auditores do tribunal paulista negaram que ele tenha feito acusações à Federação.

"Só foi dito o que interessa para a Federação", afirmou Carvalho. "O Edilson não acusa a Federação de nada? Peraí, tem mais coisa que eu falei que eles divulgaram."

Marco Polo Del Nero disse que tem de ser recebidas com cautelas às novas acusações de Carvalho. Ressaltou que o árbitro tem apresentado versões contraditórias.

"Ele não disse como interferir, quando, em que jogo, de que forma?", questionou. "Ele está lançando farpas para todos os lados."
 

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