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05/01/2006 - 11h00

Futebol emociona mais que esporte dos EUA, diz estudo

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TALES TORRAGA
da Folha de S.Paulo

O futebol é mais imprevisível que os esportes norte-americanos. Essa é a conclusão da pesquisa divulgada ontem por cientistas do Laboratório Nacional de Los Alamos, no Novo México (EUA), e da Universidade de Boston, responsáveis pelo estudo.

A equipe analisou o resultado de mais de 300 mil jogos do Campeonato Inglês de futebol e dos principais esportes dos EUA, como beisebol, basquete, futebol e hóquei no gelo. Rúgbi e críquete ficaram fora devido à menor atividade no país, segundo os autores.

Concluído no mês passado, o levantamento apurou placares inclusive de partidas do século 19, caso do futebol da Inglaterra.

Tendo o histórico em mãos, os cientistas estabeleceram um "índice de zebras", no qual o futebol é o esporte líder, com percentual de surpresas de aproximados 45,9%. O beisebol aparece em segundo (41,3%), seguido do hóquei (38,3%), do basquete (31,6%) e do futebol americano (30,9%).

A publicação do estudo serviu de alento ao futebol, que desde antes da Copa do Mundo de 1994, nos EUA, tinha a fama no país de ser um esporte de pouca emoção. Depois do Mundial, a opinião dos fãs americanos pouco mudou.

O "índice de zebras" teve como base o número de vitórias do time de pior retrospecto (no campeonato corrente) sobre a equipe de melhor histórico.

Jogos na abertura de temporadas ou de equipes com retrospectos idênticos foram descartados. Empates contaram como meia vitória para cada lado no futebol, hóquei e futebol americano. Esportes sem chance de igualdade --caso do basquete-- não tiveram cálculos específicos para jogos levados à prorrogação.

Fatores externos --como jogos em casa ou fora-- também não foram levados em consideração para coeficientes específicos. O placar final também não teve distinções. Não importou, por exemplo, se a vitória foi alcançada por um ou quatro gols de diferença.

O resultado prévio atingido pelo grupo foi então submetido à teoria da probabilidade e à simulação de Monte Carlo, método que tem como base a geração de números aleatórios provenientes de uma distribuição de possibilidades.

"Sem surpresas, o esporte vira algo previsível e monótono", afirmou o cientista Eli Ben-Naim, que conduziu a pesquisa com Sidney Redner e Federico Vazquez.

O trio, porém, mostrou que a posição de soberania do futebol está ameaçada: contando somente a última década, o beisebol assumiria a liderança no ranking.

Segundo o estudo, o ápice das zebras no futebol foi no período amador. Hoje, devido ao maior poder econômico de alguns times, os resultados ficaram mais previsíveis. A pesquisa sugere, inclusive, uma queda no nível das piores equipes, cada vez menos capazes de bater as grandes.

Outra tendência verificada por especialistas foi o fato de os esportes americanos terem passado por um processo de equilíbrio, como a criação dos "drafts", loteria na qual os novatos de maior talento são escolhidos pelas equipes que tiveram piores desempenhos.

A pedido da Folha, Narcisa Maria Gonçalves, coordenadora do programa de estatística aplicada da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), analisou a pesquisa divulgada. E encontrou pontos polêmicos.

"A base de dados é extensa demais e isso sempre causa alguma distorção. Esses modelos analisam séries históricas e fazem algumas projeções, mas isso é sempre muito difícil."

Narcisa, porém, reconhece o know-how do estudo: "Ele foi feito por instituições renomadas".
 

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